por Sandra Gonçalves
do site português Diário Digital
"Mortalidade", o último e inacabado livro de Christopher Hitchens, acaba de chegar às livrarias pela D.Quixote [em Portugal]. São as últimas 104 páginas que escreveu, sabendo que ia morrer em breve, de cancro do esófago, o que acabou por acontecer a 15 de dezembro de 2011. Tinha 62 anos. Nem mais uma palavra dele desde então. Hitchens, que durante três décadas registrou cada momento, mesmo debaixo de fogo dos seus inimigos religiosos (era um ateu confesso), nunca se deixou deter em vida, nem mesmo quando submetido à quimioterapia. Neste livro, observamos a outrora crepitante fogueira a apagar-se sobre si mesma. Mas as centelhas continuam a iluminar a noite.
"Mortalidade" é um pequeno livro composto por sete artigos que Hitchens enviou para a Vanity Fair a partir da "Tumorlândia", como ele descrevia a ala de oncologia. Aqui encontramos os artigos mais introspectivos que alguma vez escreveu. Um relato honesto e sem contemplações dos males da doença que o vitimou, um exame às convenções sociais que rodeiam o cancro, e o ato final de uma vida dedicada à escrita e à polêmica.
Neste testemunho final, o colunista e crítico literário, e ainda autor de 17 livros sobre política, literatura e religião, conta na primeira pessoa como foram os seus últimos 16 meses de vida, já a sofrer com os efeitos dos tratamentos. Mas nem assim resignou-se ao fatalismo (ou hipocritamente ao falso conforto do otimismo conferido pela fé).
"Mortalidade" é uma coleção de textos que aborda uma variedade de temas, embora incontornavelmente a maioria seja sobre o fato de estar a morrer e o sofrimento, mas sem nunca negligenciar a graciosidade narrativa que o notabilizou, a sua intelectualidade e a inspiração.
"Mortalidade" pode muito facilmente ser depressivo, especialmente quando se chega ao posfácio, de Carol Blue, sua mulher, que escreve que tanto em palco como fora dele "o meu marido era impossível de superar".
Um escritor que improvisava em casa jantares de oito horas, com uma mesa apinhada de embaixadores, repórteres, dissidentes políticos, estudantes universitários e crianças. Cotovelos chocavam-se e quase que não havia espaço para pousar o copo de vinho. Christopher Hitchens levantava-se para fazer um brinde e era capaz de se estender numa animada, fascinante, histérica e divertida récita de poesia ou de quintilhas humorísticas, num apelo às armas por uma qualquer causa, e anedotas. "Que bom que é sermos nós", dizia.
O que observamos em "Mortalidade" é um homem que se aproxima da morte com dignidade; estoicamente aceita-a e recusa que o cancro o impeça de escrever. Mas o mais inesperado é quando relembra-nos que a morte não é exclusiva – todos passam por ela. A morte, enfatiza, é o derradeiro equalizador, mas mesmo assim Hitchens encoraja-nos a apostar em servir um propósito.
Hitchens era considerado a melhor companhia do mundo. Leitor ávido, emanava curiosidade de todos os seus poros. Ficava até de madrugada acordado a beber e a conversar, alterando entre as grandes questões do dia e os pequenos mexericos. Era preciso aproveitar ao máximo a sua presença, uma vez que no dia seguinte já não iria haver oportunidade de repetir o momento. Hitchens tinha já uma reserva de avião para um destino qualquer. É consensual. Todos os que conviveram com ele descrevem-no assim.
Cada capítulo deste testemunho assume a forma de uma fuga. O tema é a morte, a sua própria morte, e a voz, à medida que se vai avançado nas páginas, vai mudando com a proximidade dos últimos dias.
No Brasil, o livro foi lançado com o nome de "Últimas palavras" |
"Mortalidade" é um pequeno livro composto por sete artigos que Hitchens enviou para a Vanity Fair a partir da "Tumorlândia", como ele descrevia a ala de oncologia. Aqui encontramos os artigos mais introspectivos que alguma vez escreveu. Um relato honesto e sem contemplações dos males da doença que o vitimou, um exame às convenções sociais que rodeiam o cancro, e o ato final de uma vida dedicada à escrita e à polêmica.
Neste testemunho final, o colunista e crítico literário, e ainda autor de 17 livros sobre política, literatura e religião, conta na primeira pessoa como foram os seus últimos 16 meses de vida, já a sofrer com os efeitos dos tratamentos. Mas nem assim resignou-se ao fatalismo (ou hipocritamente ao falso conforto do otimismo conferido pela fé).
"Mortalidade" é uma coleção de textos que aborda uma variedade de temas, embora incontornavelmente a maioria seja sobre o fato de estar a morrer e o sofrimento, mas sem nunca negligenciar a graciosidade narrativa que o notabilizou, a sua intelectualidade e a inspiração.
"Mortalidade" pode muito facilmente ser depressivo, especialmente quando se chega ao posfácio, de Carol Blue, sua mulher, que escreve que tanto em palco como fora dele "o meu marido era impossível de superar".
Um escritor que improvisava em casa jantares de oito horas, com uma mesa apinhada de embaixadores, repórteres, dissidentes políticos, estudantes universitários e crianças. Cotovelos chocavam-se e quase que não havia espaço para pousar o copo de vinho. Christopher Hitchens levantava-se para fazer um brinde e era capaz de se estender numa animada, fascinante, histérica e divertida récita de poesia ou de quintilhas humorísticas, num apelo às armas por uma qualquer causa, e anedotas. "Que bom que é sermos nós", dizia.
O que observamos em "Mortalidade" é um homem que se aproxima da morte com dignidade; estoicamente aceita-a e recusa que o cancro o impeça de escrever. Mas o mais inesperado é quando relembra-nos que a morte não é exclusiva – todos passam por ela. A morte, enfatiza, é o derradeiro equalizador, mas mesmo assim Hitchens encoraja-nos a apostar em servir um propósito.
Hitchens era considerado a melhor companhia do mundo. Leitor ávido, emanava curiosidade de todos os seus poros. Ficava até de madrugada acordado a beber e a conversar, alterando entre as grandes questões do dia e os pequenos mexericos. Era preciso aproveitar ao máximo a sua presença, uma vez que no dia seguinte já não iria haver oportunidade de repetir o momento. Hitchens tinha já uma reserva de avião para um destino qualquer. É consensual. Todos os que conviveram com ele descrevem-no assim.
Cada capítulo deste testemunho assume a forma de uma fuga. O tema é a morte, a sua própria morte, e a voz, à medida que se vai avançado nas páginas, vai mudando com a proximidade dos últimos dias.
"Ao longo da minha vida, já tinha acordado, mais de uma vez, com a sensação de morte. Nada, no entanto, me havia preparado para a madrugada de junho em que acordei a sentir-me realmente preso dentro do meu próprio cadáver." Assim começa o livro.
Logo de seguida, conta que foi diagnosticado com cancro do esófago, a mesma doença que matou o seu pai com 79 anos. Hitchens está apenas com 61. E fica desde logo claro que fará de tudo para viver. "Tinha verdadeiros planos para a próxima década… Será que não viverei para ver os meus filhos casarem? Para ver as Torres Gêmeas erguerem-se de novo? Para ler ou até mesmo escrever os obituários de Henry Kissinger e Joseph Ratzinger?»
Logo de seguida, conta que foi diagnosticado com cancro do esófago, a mesma doença que matou o seu pai com 79 anos. Hitchens está apenas com 61. E fica desde logo claro que fará de tudo para viver. "Tinha verdadeiros planos para a próxima década… Será que não viverei para ver os meus filhos casarem? Para ver as Torres Gêmeas erguerem-se de novo? Para ler ou até mesmo escrever os obituários de Henry Kissinger e Joseph Ratzinger?»
E assim começa a batalha. Todavia, nunca perde a calma nem uma honestidade absoluta. Mesmo a enfrentar uma morte agonizante, não deixa nunca de ter humor. A dada altura escreve: "Quando ficamos doentes, as pessoas enviam-nos CD. A maioria, pela minha experiência, de Leonard Cohen."
Há uma boa dose de sofrimento, e o leitor vai acompanhando a perda gradual das suas capacidades à medida que vai sendo submetido a todos os tratamentos possíveis. Quando a esperança começa a escassear, apercebe-se de tudo o que irá perder.
Com os braços, mãos e dedos quase paralisados, escreve: "À semelhança da ameaça de perder a voz, que atualmente apenas existe graças a injeções dadas diretamente nas minhas cordas vocais, sinto a minha personalidade e identidade a dissolverem-se." Neste momento, as mãos já não respondem ao estímulo da mente.
A última seção de "Mortalidade' é constituída por frases fragmentadas, deixadas inacabadas com a morte do escritor… Uma grande perda.
Tweet
Trecho do livro 'Últimas Palavras'
Na última entrevista, Hitchens falou da relação Igreja-nazismo
dezembro de 2011
Christopher Hitchens
Comentários
CHUPA QUE É DE UVA!
Seus argumentos, sua voz, sua eloquência e inteligência não tinha adversários a altura.
Fantástico.
Recomendo um pesquisa no Youtube.
"Neste livro, observamos a outrora crepitante fogueira a apagar-se sobre si mesma. Mas as centelhas continuam a iluminar a noite"
"A luz dos justos alegra, mas a candeia dos ímpios se apagará. Provérbios 13:9"
"Na verdade, a luz dos ímpios se apagará, e a chama do seu fogo não resplandecerá. Jó 18:5"
A luz dos que creem em Deus permanecerá para sempre.
"Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Mateus 13:43"
Os ateus mostram uma grande falta de sabedoria e grande orgulho quando pensam que podem vencer um inimigo real que não conhecem maior e mais forte do que eles com suas "armas". balelas e disse me disse.
"E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. Apocalipse 20:14"
"A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama. Jó 28:22"
A morte, este é o inimigo que todos nós haveremos de enfrentar um dia e não será balelas e palavras ocas ditas por ateus que vai nos ajudar.
Temos armas mais poderosas que podem nos dar a vitória, e com elas venceremos o inimigo...
"O nosso Deus é o Deus da salvação; e a DEUS, o Senhor, pertencem os livramentos da morte. Salmos 68:20"
"Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; João 11:25"
As nossas armas são poderosas em Deus.
"Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; 2 Coríntios 10:4"
Com essas armas cantaremos o hino da vitória como o nosso irmão Apostolo São Paulo.
"E, quando isto(o nosso corpo) que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal(o nosso corpo) se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória.
Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?
Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.
1 Coríntios 15:54-57"
É como se eu tivesse me tornado num ser superior , eu vejo os religiosos como um bando de cegos , andando sem rumo e se batendo uns aos outros por não enxergarem o quanto a vida é agradável,
Eu vejo eles pequenos bem debaixo do meus pés e assim é. Porque as coisas são como é na minha mente.
Interessante que não ém deus que você acredita em um Deus, você acredita é no Deus do cristianismo.
Você tem certeza da existência dele.
Então, como foi com os romanos, com os gregos e maias, por exemplo, logo este Deus também se acabará.
O tempo leva coisas boas, como o Hitchens, mas também leva as grandes mentiras, como o teu Deus.
Hoje eu não há questões que me deixem embaraçado, pois sou livre para seguir sempre na direção da paz, da liberdade e da justiça!
Sinto muito por quem necessita crer no sobrenatural pra supostamente amar o próximo e tentar não cometer o mal (dificilmente conseguem, pois religião define caráter sim, e é o mau caráter! Religiosos que têm bom caráter são raríssimos).
Os religiosos a quem se refere são prudentes e ve além, por isso se preeparam.
Ao passo que muitos como voce vivem de ilusão. Pois o que diz só existe na sua mente.
Acorda pra vida.
CHORA MAIS CRENTALHAO
A maioria desses religiosos são, no mínimo, caso de internação psiquiátrica!
Lovor e grória.
Ermão em cristo.
Ruggero
Ruggero
Hum... não.
Significado de Ilusão
subst. f.
1. acto de ver o que não existe: uma ilusão de óptica
2. ideia ou crença falsa: ter ilusões sobre uma pessoa
Fonte: http://www.lexico.pt/ilusao/
Portanto, se aplica EXATAMENTE aos seus delírios fanáticos.
"Assim é a vida dos ateus. Logo se vão sem esperança de um amanhã."
Errado. Preconceito arrogante e infantil. Você já é pai e ainda não aprendeu que ninguem precisa pensar e enxergar a vida da mesma forma que você? Que pena. E pena das suas filhas.
"As pessoas morreram na boate kiss porque seu tempo de ilusão acabou como acaba para todos."
9 pessoas morreram e 106 ficaram feridas quando participavam de um culto na igreja evangélica Renascer em 2009. Seu deus inútil nem mesmo é capaz de salvar pessoas reunidas para louva-lo. Todas desejando ardentemente muletas para encarar a vida e tiveram uma resposta bem clara: Não há papai do céu para segurar o teto sobre suas cabeças. Viviam de ilusão.
Você é um pombo enxadrista incapaz de uma argumentação racional. Ainda não sei se você é só um troll carente de atenção ou se é alguem real.
Eu espero que seja o primeiro caso pois me deixa bem triste a idéia de pertencer a mesma espécie que alguém assim.
Viva esta vida a unica que temos.
Amigos imaginarios são para crianças.
A realidade é dura demais, a crença como uma fabula consola alivia e acalenta.
Não é preciso crer em divindades para ser bom.
Religião não define carater.
Simples assim......
ResponderExcluir
Postar um comentário