Se o "design inteligente" fosse inteligente, coração não teria infarto |
Na quinta-feira fui submetido a um cateterismo. Só senti a picadinha da anestesia na coxa direta. Foi bem mais ligth do que os implantes dentários pelos quais tenho passado ultimamente.
A minha acompanhante na noite de sexta para sábado foi a minha filha Maria Paula. Conversamos um pouco sobre tudo, incluindo política internacional (ela é formada em Relações Internacional pela PUC-SP) e nacional.
Concluímos que a Marina Silva deverá obter alguns dividendos nas próximas eleições por conta das atuais manifestações. Hoje, a Datafolha confirmou isso.
Não gosto da Marina, não por ela ser evangélica e criacionista, mas por se colocar como salvadora da pátria. É a pátria que tem de se salvar a si própria. Não acredito em salvadores.
Aqui no hospital, os dias têm me sido tranquilos. Tenho me alimentado bem. O enfarto não diminuiu meu apetite.
Tenho conversado com o dr. Marcos sobre temas gerais — qualidade do ensino de brasileiro, avanços da medicina, filosofia de vida, etc.
Ele falou que recomenda aos infartados que “solte o verbo”, que não deixe de externar nada, para poupar o organismo de ressentimentos.
Bem, soltar o verbo eu já solto, como jornalista, mas agora pretendo soltá-lo mais. O que significa que os textos deste blog tenderão ser mais parciais (para mim, não existe imparcialidade).
Ontem recebi a visita de amigos, das minhas duas comadres, das minhas filhas Bia e Júlia e de minha sogra querida Lívia e da Helô, a minha afetuosa concunhada. Anteontem já tinha recebido a visita da minha dedicada tia Bebel. Ela me prometeu que, depois que eu sair daqui, vai me fazer torta de frango. Adora as tortas da Bebel.
O meu cunhado Jota também apareceu aqui. Muita gente tem telefonado. Agradeço a todos. Conversei com minha filha Lívia e genro Dri pelo Skype e vi meu neto Matheus, que me mandou um beijo.
Comecei a ler “Por que as pessoas acreditam em Coisas Estranhas”, de Michael Shermer (JSN Editora Ltda., 382 pags.)
Diz um trecho do livro:
“O argumento do ‘Design Inteligente’ também padece de outra grave falha: o mundo simplesmente não é sempre projetado com tanta inteligência! O próprio olho humano serve como exemplo. A retina é configurada em três camadas, com os cones e bastonetes sensíveis à luz no fundo, distante da luz, debaixo de uma camada de células amácrinas bipolares, horizontais, por sua vez situadas sob uma camada de células ganglionares que ajudam a levar o sinal do olho até o cérebro. Toda essa estrutura se assenta em uma camada de vasos sanguíneos. Para uma visão ótima, por que motivo um designer inteligente teria construído um olho invertido e de cabeça para baixo? A razão é que o designer inteligente não construiu o olho a partir do zero. A seleção natural construiu o olho partindo do simples para o complexo, usando os materiais disponíveis e seguindo a configuração particular do organismo ancestral.”
No mais, acrescento: que raio de ‘Design Inteligente’ é esse que concebeu um coração que sofre infarto?
Tweet
Comentários
Postar um comentário