por Kiko Nogueira
Marina Silva [na caricatura ao lado] é criacionista? No final do ‘Roda Viva’, ela teve de responder a essa pergunta pela enésima ocasião.
Falou o seguinte: “Eu não sou criacionista. Isso foi um criacionismo que criaram para mim. Acredito que Deus criou todas as coisas, inclusive as contribuições trazidas por Darwin.”
O que Marina está dizendo, no fundo, é que não acredita na Teoria da Evolução de Darwin — ou melhor, que Deus, em sua infinita benevolência, permitiu que um inimigo como Darwin se manifestasse. Ele é tão seguro que inventou um sujeito como Darwin para desmascará-lo. Ou algo do gênero.
Não faz o menor sentido, claro. Mas Marina é uma mulher de fé e tem razão numa coisa: o fato de acreditar que Deus criou o universo não a torna criacionista. Todo cristão evangélico — e ela é da Assembleia de Deus — acha isso. Está no Gênesis.
O criacionismo é outra coisa. Se vende como uma “alternativa científica” ao evolucionismo. Algumas correntes reinterpretam passagens bíblicas. Os seis dias da Criação seriam, na verdade, seis eras biológicas. E por aí vai.
Marina Silva já entrou nessa seara algumas vezes. A culpa não é totalmente dela. Como as perguntas que lhe fazem são quase sempre as mesmas, as respostas não variam. Que diferença faz se Marina pensa mesmo que Deus abençoou o dia sétimo, e o santificou, porque nele descansou de toda a sua obra?
Para uma larga fatia do eleitorado brasileiro, faz toda a diferença. Como revelou uma pesquisa Datafolha, para esse pedaço do bolo o fato de uma pessoa crer a torna melhor. Marina Silva sabe disso.
Não há nada que permita dizer que ela esteja sendo política quando fala de sua fé.
A questão é se isso não é pior ainda.
Este artigo foi publicado originalmente no Diário do Centro do Mundo.
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Cientistas criticam difusão do 'criacionismo científico'
junho de 2012
Evolução e criacionismo
Para Marina, Darwin elaborou sua teoria com a ajuda de Deus |
Falou o seguinte: “Eu não sou criacionista. Isso foi um criacionismo que criaram para mim. Acredito que Deus criou todas as coisas, inclusive as contribuições trazidas por Darwin.”
O que Marina está dizendo, no fundo, é que não acredita na Teoria da Evolução de Darwin — ou melhor, que Deus, em sua infinita benevolência, permitiu que um inimigo como Darwin se manifestasse. Ele é tão seguro que inventou um sujeito como Darwin para desmascará-lo. Ou algo do gênero.
Não faz o menor sentido, claro. Mas Marina é uma mulher de fé e tem razão numa coisa: o fato de acreditar que Deus criou o universo não a torna criacionista. Todo cristão evangélico — e ela é da Assembleia de Deus — acha isso. Está no Gênesis.
O criacionismo é outra coisa. Se vende como uma “alternativa científica” ao evolucionismo. Algumas correntes reinterpretam passagens bíblicas. Os seis dias da Criação seriam, na verdade, seis eras biológicas. E por aí vai.
Marina Silva já entrou nessa seara algumas vezes. A culpa não é totalmente dela. Como as perguntas que lhe fazem são quase sempre as mesmas, as respostas não variam. Que diferença faz se Marina pensa mesmo que Deus abençoou o dia sétimo, e o santificou, porque nele descansou de toda a sua obra?
Para uma larga fatia do eleitorado brasileiro, faz toda a diferença. Como revelou uma pesquisa Datafolha, para esse pedaço do bolo o fato de uma pessoa crer a torna melhor. Marina Silva sabe disso.
Não há nada que permita dizer que ela esteja sendo política quando fala de sua fé.
A questão é se isso não é pior ainda.
"Deus permitiu que um inimigo se manifestasse" |
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junho de 2012
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