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Filósofo faz defesa da alternativa humanista

Graylin disse que o mundo seria outro se
autores da Bíblia tivessem lido os filósofos
Precisamos prestar mais atenção no humanismo, porque ele é a grande alternativa para o avanço da sociedade. Essa afirmação foi feita recentemente pelo filósofo britânico A.C. Grayling (foto) em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo” sobre o lançamento no Brasil do “Bom Livro”, de sua autoria.

Ele disse que o humanismo se mostrou como um caminho mais adequado para sociedade quando houve o atentado às Torres Gêmeas de Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001.

“Até então a agenda religiosa ainda era encarada com certa deferência”, disse. A partir de então, segundo ele, abriu-se maior espaço para o humanismo.

“O humanismo vem de uma tradição, desde Aristóteles e Sócrates, em que nós devemos escolher caminhos compatíveis com nosso potencial”, afirmou.

Para ele, o mundo estaria hoje em um estado mais avançado de desenvolvimento moral se os autores da Bíblia tivessem sido influenciados pelo pensamento científico e filosófico.

Afirmou que o livro dos cristãos seria muito diferente se seus autores tivessem tomado conhecimento da escrita secular, “buscando inspiração em poetas, escritores, figuras que tinham uma compreensão da condição humana”.

“A sabedoria de filósofos, historiadores e poetas é maior do que a de profetas religiosos.”

O “Bom Livro” é uma espécie de Bíblia humanista. Grayling o escreveu com citações contidas em livros de 2.500 anos de literatura, filosofia e ciência do Oriente e do Ocidente. Há ali um pouco de Confúcio, Heródotos, Aristóteles, Montaigne, Bacon, Safo, Nietzsche, Baudelaire, Rimbaud e Newton, entre outros pensadores.

A exemplo do livro dos cristãos, ele é apresentado em livros com  capítulos, como Gênesis e Lamentações, e em versículos, formato o qual Grayling acha didático.

Disse que aprecia a beleza poética de passagens da Bíblia, mas ela “infelizmente não ajudou muito o progresso humano”.

Segue um trecho do “Bom Livro”.

Gênesis - Capítulo 1

Editado pela Objetiva,
 livro tem 672 páginas
e custa cerca de R$ 73 
1. No jardim há uma árvore. Na primavera ela dá flores; no outono, frutos.

2. Seu fruto é o conhecimento, ensinando o bom jardineiro a entender o mundo.

3. Assim ele aprende como a árvore passa da semente ao rebento, do rebento à maturidade, pronta para gerar mais vida;

4. E da maturidade à velhice e ao sono, de onde ela retorna aos elementos das coisas.

5. Os elementos por sua vez alimentam novos nascimentos; tal é o método da natureza e seu paralelo com o curso da espécie humana.

6. Foi da queda do fruto de uma árvore assim que nasceu uma nova inspiração para examinar a natureza das coisas,

7. Quando Newton se sentou em seu jardim e viu o que ninguém vira antes: que uma maçã atrai a terra e a terra atrai a maçã,

8. Por uma força mútua da natureza que mantém todas as coisas, dos planetas às estrelas, unidas entre si.

9. Assim todas as coisas se unem numa coisa só: o universo da natureza, onde existem muitos mundos; os orbes de luz numa imensidão de tempo e espaço,

10. E entre eles seus satélites, num dos quais há uma parte da natureza que reflete a natureza em si mesma,

11. E pode meditar sobre sua beleza e seu significado, e pode procurar entendê-la: é a espécie humana.

12. Todas as outras coisas, em seus ciclos e ritmos, existem em si e por si;

13. Mas na espécie humana há também a experiência, que é o que cria o bem e seu contrário,

14. E nos quais a espécie humana procura apreender o sentido das coisas.

Com informação do Estadão.





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