Pular para o conteúdo principal

Inglaterra deixou de ser um país de crentes, admite ex-arcebispo

por Tim Ross, Cole Moreton e James Kirkup
para The Telegraph

Williams disse ser provável que o
cristianismo continue em declínio
O ex-arcebispo de Canterbury, Rowan Williams (foto), diz que a Inglaterra não é mais um país de crentes, no momento em que uma pesquisa do jornal The Telegraph revela que os cristãos relutam em manifestar sua crença.

A Inglaterra é, hoje, um país “pós-cristão”, declarou o ex-arcebispo de Canterbury, ao mesmo tempo em que a pesquisa sugere que a maioria dos anglicanos e católicos romanos atualmente sente receio em expressar suas crenças.

Em entrevista ao The Telegraph, Williams diz que a Inglaterra não é mais um “país de crentes” e que é provável que continue este declínio da influência da religião nos próximos anos.

Embora o país não seja só habitado por ateus, o ex-arcebispo alerta que a era de adoração regular e generalizada acabou.

Esta dura avaliação vem depois que o primeiro-ministro David Cameron acendeu um debate nacional sobre o lugar da religião na vida pública da Inglaterra. Ele pediu aos cristãos para serem “mais entusiastas” com seus credos e afirmou que a Inglaterra deveria ser um país com mais confiança cristã.

Suas observações, pouco antes da Páscoa, provocaram respostas por parte de grupos ateus e seculares, e acabaram fazendo com que uma série de políticos viessem a público falar sobre o assunto, culminando em Nick Clegg, o líder do Partido Liberal, que pediu pela desassociarão da Igreja Anglicana para com o Estado.

No entanto, uma pesquisa exclusiva do The Telegraph releva um apoio substancial para com a opinião do primeiro-ministro. Os resultados da pesquisa envolvendo 2 mil pessoas conduzida na semana passada incluem o seguinte:

• Mais da metade do público – 56% – considera a Inglaterra um país cristão, um número que se eleva a 60% entre homens e 73% entre aqueles acima dos 65 anos.

• Quase dois-terços dos cristãos praticantes parecem recear na hora de falar sobre suas crenças. A pesquisa descobriu que 62% dizem que o aumento do fundamentalismo religioso acabou deixando os cristãos com medo de expressarem sua fé.

• Preocupações generalizadas também surgem sobre a vulnerabilidade percebida de cristãos relativa a abuso ou discriminação no Reino Unido.

• No geral, 52% dos respondentes se descreveram como cristãos praticantes ou não praticantes, enquanto outros 5% disseram pertencer a um outro grupo religioso. Um grupo de 41% disse não ter religião.

Na entrevista, Williams, agora professor na Magdalene College, em Cambridge, aceitou que a “memória cultural” da Inglaterra era “fortemente cristã”.

“Porém, [este país] é pós-cristão no sentido de que a prática habitual para a maioria da população não pode ser considerada como garantido”, afirmou. “Um país cristão pode se parecer com um país de crentes comprometidos, e nós não somos isso”.

O ex-arcebispo, que continua sendo membro da Câmara dos Lordes, disse ainda: “Trata-se de uma questão de definição dos termos. Um país cristão como uma nação de crentes? Não. Um país cristão no sentido de ainda estar muito saturado pela visão de mundo e por sua configuração? Sim”.

Williams sugeriu que pode haver um “encolhimento de consciência e compromisso” como resultado de uma falta de conhecimento sobre o legado cristão da Inglaterra entre as gerações mais jovens abaixo dos 45 anos.

Pode haver oportunidades para os mais jovens em trazer “um certo frescor” à questão da fé, porque estes não vão considerar o cristianismo como aquele “assunto extremamente chato que nós aprendemos na escola”.

O religioso rejeitou a ideia de que os cristãos ingleses vêm sendo perseguidos, embora tenha considerado que alguns indivíduos tiveram “momentos difíceis” como um resultado da “bobagem real” de algumas organizações. Estes comentários provavelmente irão alimentar controvérsias políticas que eclodiram quando o primeiro-ministro [da Inglaterra, David Cameron] fez seus comentários públicos sobre a religião cristã.

Clegg, o líder do Partido Democrata Liberal, respondeu ao debate na semana passada sugerindo que a Igreja Anglicanadeveria ser formalmente dissociada do Estado.

Falando ao The Telegraph, Warsi, membro do Partido Conservador e ministra da fé, defendeu a intervenção do primeiro-ministro, dizendo que “o cristianismo é parte da paisagem deste país e sempre será”.

No entanto, ela lembrou que muitos cristãos que, hoje, não se sentem à vontade para expressar sua fé em público. Sugeriu que um grande número de imigrantes com origem cristã, tais como católicos poloneses e membros de igrejas chinesas e africanas, estão liderando um reavivamento religioso no país.

“É quando os países têm uma identidade fraca que as coisas começam a dar errado e as pessoas começam a sentir que estão sob ameaça”, falou.

“Infelizmente é isso o que aconteceu na Inglaterra durante muitos anos. Os políticos não falavam a respeito da fé que tinham, pois seriam vistos de forma negativa”. Isso alimentou o apoio a grupos de extrema-direita no Reino Unido, acrescentou.

A pesquisa encomendada pelo The Telegraph/ICM mostra que uma maioria do público ainda considera a Inglaterra um país cristão.

Cerca de 56% disseram que o país era cristão, comparado com 30% de pessoas que afirmaram achar que o país é “não religioso”.

A pesquisa online, que envolveu 2 mil adultos, forneceu mais uma prova de que as crenças cristãs estão sendo marginalizadas na atual Inglaterra.

Descobriu-se que 62% dos anglicanos e católicos praticantes, junto de 61% de cristãos não praticantes, concordaram com a afirmação de que há receio em manifestar suas crenças, e 56% dos cristãos também perceberam que o Estado dá menos proteção para suas crenças do que o dá às dos demais grupos religiosos.

Cerca de 14% dos respondentes se definiram como cristãos praticantes, enquanto outros 38% disseram serem cristãos “não praticantes”.

Com tradução de Isaque Gomes Correa para IHU Online.





Cadetes do Reino Unido podem optar por juramento sem Deus


Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Dawkins é criticado por ter 'esperança' de que Musk não seja tão estúpido como Trump

Veja os 10 trechos mais cruéis da Bíblia

TJs perdem subsídios na Noruega por ostracismo a ex-fiéis. Duro golpe na intolerância religiosa

Condenado por estupro, pastor Sardinha diz estar feliz na cadeia

Pastor foi condenado  a 21 anos de prisão “Estou vivendo o melhor momento de minha vida”, diz José Leonardo Sardinha (foto) no site da Igreja Assembleia de Deus Ministério Plenitude, seita evangélica da qual é o fundador. Em novembro de 2008 ele foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado por estupro e atentado violento ao pudor. Sua vítima foi uma adolescente que, com a família, frequentava os cultos da Plenitude. A jovem gostava de um dos filhos do pastor, mas o rapaz não queria saber dela. Sardinha então disse à adolescente que tinha tido um sonho divino: ela deveria ter relações sexuais com ele para conseguir o amor do filho, e a levou para o motel várias vezes. Mas a ‘profecia’ não se realizou. O Sardinha Jr. continuou não gostando da ingênua adolescente. No texto publicado no site, Sardinha se diz injustiçado pela justiça dos homens, mas em contrapartida, afirma, Deus lhe deu a oportunidade de levar a palavra Dele à prisão. Diz estar batizando muita gen

Proibido o livro do padre que liga a umbanda ao demônio

Padre Jonas Abib foi  acusado da prática de  intolerância religiosa O Ministério Público pediu e a Justiça da Bahia atendeu: o livro “Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação”, do padre Jonas Abib (foto), terá de ser recolhido das livrarias por, nas palavras do promotor Almiro Sena, conter “afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto”. O padre Abib é ligado à Renovação Carismática, uma das alas mais conservadoras da Igreja Católica. Ele é o fundador da comunidade Canção Nova, cuja editora publicou o livro “Sim, Sim!...”, que em 2007 vendeu cerca de 400 mil exemplares, ao preço de R$ 12,00 cada um, em média. Manuela Martinez, da Folha, reproduz um trecho do livro: "O demônio, dizem muitos, "não é nada criativo". (...) Ele, que no passado se escondia por trás dos ídolos, hoje se esconde no

Psicóloga defende Feliciano e afirma que monstro é a Xuxa

Marisa Lobo fez referência ao filme de Xuxa com garoto de 12 anos A “psicóloga cristã” Marisa Lobo (foto) gravou um vídeo [ver abaixo] de 2 minutos para defender o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) da crítica da Xuxa segundo a qual ele é um “monstro” por propagar que a África é amaldiçoada e a Aids é uma “doença gay”. A apresentadora, em sua página no Facebook, pediu mobilização de seus fãs para que Feliciano seja destituído da presidência da Comissão de Direitos Humanos e das Minorias da Câmara. Lobo disse que “monstro é quem faz filme pornô com criança de 12 anos”. Foi uma referência ao filme “Amor Estranho Amor”, lançado em 1982, no qual Xuxa faz o papel de uma prostituta. Há uma cena em que a personagem, nua, seduz um garoto, filho de outra mulher do bordel. A psicóloga evangélica disse ter ficado “a-pa-vo-ra-da” por ter visto nas redes sociais que Xuxa, uma personalidade, ter incitado ódio contra um pastor. Ela disse que as filhas (adolescentes) do pastor são fãs

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém

O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete. Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até? A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo

Lúcia surta, pisoteia a Bíblia e mata filho com 15 facadas

Os policiais tiveram de arrombar a porta de apartamento no bairro do Jaguaré, zona Oeste de São Paulo, mas já era tarde. Quando entraram, viram Maria Lúcia Rufino, 43, dando facadas em seu filho de 19 anos, o estudante Leonardo Macedo Gadducci . A foto ao lado é uma reprodução de profile do rapaz no Orkut. Maria Lúcia estava em crise psicótica. Ou doida, como diziam os vizinhos na última terça (18). Já no começo da tarde, os vizinhos perceberam que ela estava estranha. Lúcia chamou as pessoas para orar, mas começou a falar do diabo, até que começou a pisotear a Bíblia. Chamaram uma ambulância, que não apareceu. Então a mulher disse que precisava matar um dos seus filhos três filhos, para um “bem maior”, conforme relata o G1. Um dos irmãos do Leonardo de 10 anos e outro, 13. Embora aparentemente em transe, a mulher parecia determinada. Alguém precisava fazer alguma coisa, porque uma tragédia estava para ocorrer. Chamaram a polícia e deixaram-na com os filhos. Os PMs primeir