Na Bíblia, não há condenação à escravização. São Paulo até recomenda aos escravizados a servirem bem aos seus senhores cristãos
Sam Harris
Em resposta, cristãos como você muitas vezes notam que também os abolicionistas obtiveram uma considerável inspiração na Bíblia. Que alguns abolicionistas usaram certos trechos bíblicos para repudiar outros trechos não indicam que a Bíblia seja um bom guia para a moralidade. Tampouco sugere que os seres humanos precisam consultar um livro para resolver questões morais desse tipo.
No momento em que uma pessoa reconhecer que escravos são seres humanos como ela própria, com a mesma capacidade de sentir o sofrimento e a felicidade, ela compreenderá que, obviamente, é crueldade possuí-lo e tratá-los como se fossem equipamentos agrícolas. É notavelmente fácil para qualquer pessoa chegar a essa brilhante conclusão — e, contudo, ela teve de ser difundida a ponta de baioneta em todo o Sul dos Estados Unidos, entre os cristãos mais piedosos que este país já conheceu.
> Título do texto é deste site.
• Sam Harris é o ateu mais temido por religiosos dos EUA
• Só o Islã faz pessoa comum virar maníaca religiosa, afirma Harris
Sam Harris
trecho do livro “Carta a uma nação cristã”
A única verdadeira restrição que Deus aconselha acerca da escravidão é que não devemos bater neles escravos tão severamente a ponto de ferir seus olhos ou seus dentes (Êxodo, 21, 26-27). Nem é preciso dizer que esse não é o tipo de orientação moral que conseguiu abolir a escravidão dos Estados Unidos.
Em nenhum ponto do Novo Testamento Jesus faz objeção à prática da escravidão. São Paulo até exorta os escravos a servirem bem aos seus senhores — e especialmente bem aos seus senhores cristãos:
“Quando a vós outros, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo [...] servindo de boa vontade, como ao Senhor, e não como a homens (Efésios 6,5-7)
“Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra os próprios senhores, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. Também os que têm senhores fiéis não os tratem com desrespeito, porque são irmãos; pelo contrário, trabalhem ainda mais, pois eles, que partilham do seu bom serviço, são crentes e amados. Ensina e recomenda estas coisas. Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas [...]” 1 Timóteo 6, 1-4
Deve ficar bem claro a partir dessas passagens que, embora os abolicionistas do século XIX estivessem moralmente certos, estavam do lado perdedor da discussão teológica. Como disse o reverendo Richard Fuller em 1845, “Aquilo que Deus autorizou no Velho Testamento, e permitiu no Novo, não pode ser pecado”. Aqui o bondoso reverendo pisava em terreno firme. Não há nada na teologia cristã que busque remediar as espantosas deficiências da Bíblia acerca dessa moral, talvez a maior — e a mais fácil — que nossa sociedade já teve de enfrentar.
A única verdadeira restrição que Deus aconselha acerca da escravidão é que não devemos bater neles escravos tão severamente a ponto de ferir seus olhos ou seus dentes (Êxodo, 21, 26-27). Nem é preciso dizer que esse não é o tipo de orientação moral que conseguiu abolir a escravidão dos Estados Unidos.
Em nenhum ponto do Novo Testamento Jesus faz objeção à prática da escravidão. São Paulo até exorta os escravos a servirem bem aos seus senhores — e especialmente bem aos seus senhores cristãos:
“Quando a vós outros, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo [...] servindo de boa vontade, como ao Senhor, e não como a homens (Efésios 6,5-7)
“Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra os próprios senhores, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. Também os que têm senhores fiéis não os tratem com desrespeito, porque são irmãos; pelo contrário, trabalhem ainda mais, pois eles, que partilham do seu bom serviço, são crentes e amados. Ensina e recomenda estas coisas. Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas [...]” 1 Timóteo 6, 1-4
Deve ficar bem claro a partir dessas passagens que, embora os abolicionistas do século XIX estivessem moralmente certos, estavam do lado perdedor da discussão teológica. Como disse o reverendo Richard Fuller em 1845, “Aquilo que Deus autorizou no Velho Testamento, e permitiu no Novo, não pode ser pecado”. Aqui o bondoso reverendo pisava em terreno firme. Não há nada na teologia cristã que busque remediar as espantosas deficiências da Bíblia acerca dessa moral, talvez a maior — e a mais fácil — que nossa sociedade já teve de enfrentar.
Harris questiona os cristãos |
Em resposta, cristãos como você muitas vezes notam que também os abolicionistas obtiveram uma considerável inspiração na Bíblia. Que alguns abolicionistas usaram certos trechos bíblicos para repudiar outros trechos não indicam que a Bíblia seja um bom guia para a moralidade. Tampouco sugere que os seres humanos precisam consultar um livro para resolver questões morais desse tipo.
No momento em que uma pessoa reconhecer que escravos são seres humanos como ela própria, com a mesma capacidade de sentir o sofrimento e a felicidade, ela compreenderá que, obviamente, é crueldade possuí-lo e tratá-los como se fossem equipamentos agrícolas. É notavelmente fácil para qualquer pessoa chegar a essa brilhante conclusão — e, contudo, ela teve de ser difundida a ponta de baioneta em todo o Sul dos Estados Unidos, entre os cristãos mais piedosos que este país já conheceu.
> Título do texto é deste site.
• Sam Harris é o ateu mais temido por religiosos dos EUA
• Só o Islã faz pessoa comum virar maníaca religiosa, afirma Harris