"Não existe nenhuma escritura ateísta que estimule a violência" |
“Não há nenhum argumento no ateísmo que possa sugerir que os ateus devem odiar ou vitimizar ou estigmatizar grupos de pessoas, diferentemente do que ocorre com frequência com a religião”, afirmou.
Harris apresentou essa argumentação em um podcast para rebater a acusação publicada na imprensa segundo a qual agora os “novos ateus têm as mãos manchadas de sangue” por causa do assassinato de três muçulmanos por um militante ateu.
Em 10 de fevereiro à noite, Craig Stephens Hicks, 46, matou em Chapel Hill, na Carolina do Norte, três estudantes muçulmanos em uma disputa, segundo ele, por uma vaga no estacionamento de uma cidade universitária.
Parentes das vítimas e depois autores de artigos acusaram Hicks de crime de ódio, por ele ser militante do chamado “novo ateísmo” — um movimento que se destaca por fortes críticas à intromissão nefasta de religiões e crentes em sociedades democráticas.
A polícia prendeu Hicks, que ainda não prestou depoimento à Justiça sobre por que cometeu o crime.
Harris, no podcast, lamentou a morte dos estudantes, mas também, ao se referir às repercussões na imprensa da violência, disse que parece que algumas pessoas estavam à espera de algo do gênero para poder incriminar os militantes do ateísmo, traçando um paralelo entre as atrocidades do atentado ao jornal Charlie Hebdo e às decapitações do Estado Islâmico com os assassinatos de Hicks.
Ele afirmou que é inaceitável essa analogia. “É uma antianalogia”, disse. “É falso em todos os aspectos [porque] os ateus simplesmente não prejudicam as pessoas com sua militância. Pode haver ateus que façam coisas terríveis, mas não há nenhuma doutrina ou escritura ateísta que incentiva a violência.”
Ele disse que há um “bando de apologistas da teocracia do mundo muçulmano”, como o historiador iraniano-americano Reza Aslan, que está usando a tragédia de Chapel Hill para tentar validar a ideia de que existe um complô ateísta para acentuar a intolerância nos Estados Unidos contra os muçulmanos.
Para Harris, esses apologistas querem firmar na opinião pública a ideia de que há um duplo padrão de retórica por parte de ateus — o de que os descrentes são rápidos em detectar uma motivação religiosa em um mau comportamento de muçulmanos em todo o mundo, mas quando a causa é o ateísmo eles não dão a devida importância a isso.
Trata-se, segundo ele, de “uma total deturpação de como um ateu como eu pensa sobre a violência humana”.
“É óbvio que alguns casos de violência muçulmana não têm nada a ver com o Islã. Nesses casos, eu nunca sonharia em atribuir a culpa ao Islã. Mas a questão é que há ensinamentos dentro do Islã que explicitamente recomendam o uso da violência em circunstâncias como a apostasia, blasfêmia e adultério.”
A ironia, disse, é que a maior parte das vítimas dessa violência são os próprios muçulmanos.
Nos Estados Unidos, o "novo ateu" Harris tem sido um crítico eloquente do que ele chama de covardia diante do comportamento de muçulmanos, como o de considerar ofensa qualquer forma de reprodução gráfica de Maomé.
No podcast, ele se mostrou preocupado com as alegações de apologistas de teocracias islâmicas de que, com os assassinatos em Chapel Hill, os novos ateus passaram a ter sangue nas mãos.
Harris afirmou que esse tipo de pregação coloca a vida dele e de sua família em risco.
Com informação do blog de Sam Harris.
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Americano mata três muçulmanos em disputa por estacionamento.
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