por Litza Mattos
para O Tempo
Pesquisa apurou também que esses jovens são menos racistas e homofóbicos |
Além disso, segundo o estudo, quando esses adolescentes tornam-se adultos, eles tendem a apoiar a igualdade feminina e os direitos dos gays, ser menos racistas, menos autoritários e em média mais tolerantes que os religiosos.
Os “nones” – como são conhecidas as famílias seculares e, de forma geral, as pessoas que não se identificam com nenhuma religião – estão em ascensão nos EUA e já representam um terço dos adultos com menos de 30 anos. No Brasil, essa parcela da população cresceu 580% nos últimos 30 anos – saindo de pouco mais de 2 milhões em 1980, para mais de 15 milhões de pessoas em 2010, segundo o último Censo do IBGE. Considerando a América Latina, o país é o quarto mais religioso, ficando atrás da Colômbia, Peru e Panamá.
Vinda de uma família desestruturada, com pai alcoólatra e mãe que a abandonou, a assistente administrativa Rejane da Silva, 39, diz que sempre questionou a religião. Ela conta que cria a filha, Hosana, 15, sem tentar influenciá-la.
“Ela terá tempo para fazer suas escolhas, mas acredito que o ateísmo de fato mostra a humanidade. Se alguém tem uma atitude humanitária e é religioso, busca agradar a uma divindade. Se é um ateu, pode ter certeza que a atitude é mais misericordiosa, pois não buscamos alcançar uma recompensa”, diz.
Editor-chefe de uma editora de livros, Hugo Racco, 37, diz não acreditar que filhos de ateus sejam preconceituosos como “os alunos evangélicos que se recusaram a fazer um trabalho sobre a cultura afro-brasileira em Manaus”.
“Não sei se meu filho escolherá ser ateu, crente, espírita ou até mesmo católico. Não me importo. Eu o estou educando e o preparando para ser uma pessoa livre de preconceitos, solícito e que possa ser lembrado pelo que fez de bom. E isso eu considero impossível dentro de uma religião”, diz o pai de Ícaro, 8.
Mas, na maioria das vezes, essa opção é questionada dentro da própria família. É o que conta o ator e dramaturgo paraense Johnny Russel, 35. “Cresci em uma família protestante e, como quase toda criança, eu aprontava muito. Mas quando chegava a noite, eu sempre me lembrava das pregações e acreditava que não teria um lugar no céu. Eu entrava em pânico”, lembra.
Hoje ateu, Russel diz que a família ainda não o aceita. “Continuam fingindo que não veem. Mãe e irmãos não falam sobre o assunto”, lamenta. Pai de Musa, 10, e de Mateus, 7, o ator teme que os filhos também passem por situações de intolerância religiosa, como as que ele próprio já viveu.
“Sempre haverá pessoas intolerantes, e a ignorância é o carro-chefe desse festival de atrocidades. Precisamos de espaços abertos e de pessoas íntegras para mediar esse debate. A partir disso, quando as pessoas puderem falar abertamente das suas crenças e não crenças, quando pudermos respeitar uns aos outros, então seremos de fato cidadãos”.
Mas, na maioria das vezes, essa opção é questionada dentro da própria família. É o que conta o ator e dramaturgo paraense Johnny Russel, 35. “Cresci em uma família protestante e, como quase toda criança, eu aprontava muito. Mas quando chegava a noite, eu sempre me lembrava das pregações e acreditava que não teria um lugar no céu. Eu entrava em pânico”, lembra.
Hoje ateu, Russel diz que a família ainda não o aceita. “Continuam fingindo que não veem. Mãe e irmãos não falam sobre o assunto”, lamenta. Pai de Musa, 10, e de Mateus, 7, o ator teme que os filhos também passem por situações de intolerância religiosa, como as que ele próprio já viveu.
“Sempre haverá pessoas intolerantes, e a ignorância é o carro-chefe desse festival de atrocidades. Precisamos de espaços abertos e de pessoas íntegras para mediar esse debate. A partir disso, quando as pessoas puderem falar abertamente das suas crenças e não crenças, quando pudermos respeitar uns aos outros, então seremos de fato cidadãos”.
Cientistas ateus levam filhos à igreja para que saibam da crença