Pular para o conteúdo principal

Religiões tendem a se evaporar no Ocidente, afirma Dennett



Ao longo de séculos, as religiões, principalmente na Europa e América do Norte, vêm se enfraquecendo, em um processo que se acelerou nas últimas décadas por causa da rápida disseminação da informação digital.

Se a atual tendência se mantiver, as religiões do Ocidente vão evaporar, restando apenas bolsões de intensa atividade religiosa, o que poderá ser fonte de tensão e conflito.

Pesquisador disse que a
difusão de informações
está liquidando as crenças  
Essa previsão é do professor e pesquisador Daniel C. Dennett (foto), do Centro de Estudos Cognitivos da Universidade Tufts e influente militante do ateísmo.

Em artigo publicado no The Wall Street Journal com o título "Por que o futuro das religiões é sombrio", Dennett destacou que um em seis norte-americanos já é none (sem religião) e que em 2050 essa proporção será de um em quarto, de acordo com estudo do Pew Research Center.

“Igrejas estão sendo fechadas às centenas e suas instalações aproveitadas como habitação, escritório, restaurantes ou simplesmente abandonadas”, escreveu.

Para ele, as religiões só vão conseguir escapar da extinção se houver uma comoção mundial, como uma guerra pela disputa por água ou por petróleo ou ainda colapso da internet, além de alguma catástrofe natural no momento inimaginável. A população, assim, ficaria em um solo adubado pela miséria e medo, solo em que as religiões florescem melhor.

Dennett escreveu que, como demonstram recentes estudos, a religião quase sempre recua quando se elevam a segurança e o bem-estar das pessoas.

Ele disse que no século 16 o insuspeito teólogo francês João Calvino (1509-1564), que teve grande influência na reforma protestante, já suspeitava disso, porque constatou que as pessoas prósperas eram menos dependentes da Igreja.

Dennett argumentou que a Igreja, como qualquer outra instituição ou mesmo pessoa, precisa atuar com um mínimo de privacidade, ficar longe de olhares curiosos, para poder controlar suas atividades sem muita interferência. 

Foi assim que fundadores de instituições religiosas conseguiram manter segredos com o propósito de controlar seus rebanhos, o que não é mais possível na Era da Informação, disse Dennett.

De acordo com ele, o que corrói a religião não é apenas a disponibilidade de novas informações, mas também o rápido compartilhamento delas entre as pessoas.

Além disso, para a desgraça da religião, a tecnologia que propicia a rápida difusão das informações potencializa o poder subversivo do riso, disse.

Dennett deu o exemplo do episódio do “South Park” que satirizou a Igreja de Jesus Cristo Cristo dos Santos dos Últimos Dias — a Igreja dos Mórmons.

O episódio mostrou a todos, incluindo os mórmons, o quanto essa religião é cômica, absurda e ridícula.

Para Dennett, isso pôde ter aumentado a lealdade de alguns seguidores, mas com certeza abalou a confiança de outros, levando-os a considerar que a crença em um deus pode ser apenas uma ilusão de melhoria de vida.

Ele lembrou que John McCarthy (1927-2011), um dos criadores da inteligência artificial, certa vez disse: “Quando vejo uma ladeira, meu instinto é o de construir um terraço”.

E é isso o que os teólogos têm feito por centenas de anos, afirmou o professor. “Eles têm construídos terraços na expectativa de que vão conseguir salvaguardar para sempre as suas doutrinas da chuva de informações.”

Algumas denominações religiosas são obrigadas a defender a “verdade infalível” que há em cada frase da Bíblia, mas isso está se tornando embaraçoso, porque as pessoas estão ficando cada vez mais questionadoras por causa da abundância de informações.

Dennett observou que, em consequência disso, hoje dia quase ninguém acredita no Deus furioso do Antigo Testamento.

Ainda que existam crentes que usem a frase “temente a Deus”, o Deus do Antigo Testamento foi substituído por outro amoroso, indulgente e destinatário de orações.

Dennett escreveu que, como os líderes religiosos estão tentando encontrar uma maneira de impedir o desaparecimento de suas instituições, “se tivermos sorte” e se o padrão de vida da humanidade continuar a subir, as igrejas podem evoluir para comunidades humanistas e clubes sociais, entidades dedicadas a boas obras, sem resquícios de suas doutrinas.

Mas “se tivermos azar de ocorrer calamidades”, escreveu Dennett, a miséria fornecerá bastante combustível para o renascimento de algumas religiões e a invenção de outras.



Ateu sofre preconceito igual ao gay dos anos 50, diz filósofo

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Valdemiro pede 10% do salário que os fiéis gostariam de ter

TJs perdem subsídios na Noruega por ostracismo a ex-fiéis. Duro golpe na intolerância religiosa

Maioria jamais será ateia nem fiel da Iurd, diz padre Marcelo

Para Rossi, Deus não reconhece casal de gays como família O jornal Correio da Manhã, de Portugal, perguntou ao padre Marcelo Rossi (foto): - O que o assustaria mais: um Brasil que deixasse de crer em Deus ou um Brasil crente em que a Iurd fosse maioritária? A resposta foi enfática: - Não acredito que isso possa acontecer. Nunca. O Brasil não vai deixar que isso aconteça. Rossi foi evasivo ao responder se está ou não preocupado com o avanço no Brasil dos evangélicos protestantes. “Há igrejas e igrejas”, disse. “Uma coisa são as igrejas tradicionais evangélicas e outra são as seitas.” O padre foi entrevistado por Leonardo Ralha a propósito do lançamento em Portugal do seu livro 'Ágape'. Ele disse ter ficado surpreso com das vendas do livro no Brasil – mais de sete milhões de exemplares, contra a expectativa dele de um milhão. Atribuiu o sucesso do livro à sua tentativa de mostrar às pessoas um resumo dos dez mandamentos: “amar a Deus sobre todas as

Secretaria do Amazonas critica intolerância de evangélicos

Melo afirmou que escolas não são locais para mentes intolerantes Edson Melo (foto), diretor de Programa e Políticas Pedagógicas da Secretaria de Educação do Estado do Amazonas, criticou a atitude dos 14 alunos evangélicos que se recusaram a apresentar um trabalho sobre cultura africana para, segundo eles, não ter contato com as religiões dos afrodescendentes. “Não podemos passar uma borracha na história brasileira”, disse Melo. “E a cultura afro-brasileira está inclusa nela.” Além disso, afirmou, as escolas não são locais para “formar mentes intolerantes”. Os evangélicos teriam de apresentar em uma feira cultural da Escola Estadual Senador João Bosco de Ramos Lima, em Manaus, um trabalho dentro do tema "Conhecendo os paradigmas das representações dos negros e índios na literatura brasileira, sensibilizamos para o respeito à diversidade". Eles se negaram porque, entre outros pontos, teriam de estudar candomblé e reagiram montando uma tenda fora da escola para divu

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém

O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete. Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até? A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo

Jornalista defende liberdade de expressão de clérigo e skinhead

Título original: Uma questão de hombridade por Hélio Schwartsman para Folha "Oponho-me a qualquer tentativa de criminalizar discursos homofóbicos"  Disputas eleitorais parecem roubar a hombridade dos candidatos. Se Fernando Haddad e José Serra fossem um pouco mais destemidos e não tivessem transformado a busca por munição contra o adversário em prioridade absoluta de suas campanhas, estariam ambos defendendo a necessidade do kit anti-homofobia, como aliás fizeram quando estavam longe dos holofotes sufragísticos, desempenhando funções executivas. Não é preciso ter o dom de ler pensamentos para concluir que, nessa matéria, ambos os candidatos e seus respectivos partidos têm posições muito mais próximas um do outro do que da do pastor Silas Malafaia ou qualquer outra liderança religiosa. Não digo isso por ter aderido à onda do politicamente correto. Oponho-me a qualquer tentativa de criminalizar discursos homofóbicos. Acredito que clérigos e skinheads devem ser l

Presidente do STJ nega que tenha proibido enfeites de Natal

Pargendler disse que a notícia foi veiculada sem que ele fosse ouvido Com atualização em 14/12/2011  Ari Pargendler (foto), presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), emitiu nota hoje (14/12) negando que tenha proibido a colocação de enfeites de Natal nas dependências desta Corte. A notícia, que agora se revela falsa, foi divulgada no dia 11 pelo jornalista Claudio Humberto, do Jornal do Brasil, com a explicação de que a decisão de Pargendler tinha sido para cumprir a Constituição, que estabelece a laicidade do Estado. Pargendler também desmentiu informação publicada na Folha de S.Paulo segundo a qual ninguém mais poderia usar no STJ “sandálias tipos gladiador” e “calças jeans”. Na verdade, de acordo com a nota do presidente do STJ, a proibição só vale para o uso de chinelos “tipo havaianas”. Com informação do STJ . Liga de Lésbicas do Sul pede a retirada de crucifixos de prédios públicos. outubro de 2011 Religião no Estado laico.

Charge de jornal satírico francês mostra Maomé pelado de bunda para cima

Livro islâmico diz que ninguém pode  ver Maomé pelado Ayesha, uma das esposas de Maomé, a preferida, teria dito que ninguém, nem ela, jamais viu o profeta nu, porque quem presenciasse tal cena ficaria cego na hora. O relato dela está no reverenciado (pelos muçulmanos) livro Ash-Shifa.