Pular para o conteúdo principal

Sai livro onde Dawkins relata seu percurso rumo à ciência

Leia abaixo trecho do livro “Fome de Saber” onde o biólogo lembra de seus tempos de estudantes em Oxford


A Companhia das Letras lançou o livro de memórias do biólogo Richard Dawkins que se chama “Fome de saber”.

Quando ainda escrevia a livro, o britânico disse que no livro ia contar como evoluiu para o ateísmo.

A editora, que trouxe Dawkins ao Brasil para o lançamento oficial do livro, antecipa que nas memórias o biólogo se vale da autorreflexão e anedotas espirituosas para fazer um histórico das influências que moldaram seu desenvolvimento intelectual.

A editora transcreve um comentário do apresentador de TV Bill Maher sobre o autor.

“Richard Dawkins é um dos meus heróis, então para mim é maravilhoso ler sobre como ele se tornou o homem e o pensador que é. Algumas pessoas gostam de ler sobre a origem do Batman ou do Super-Homem. Para mim, isso vale com Dawkins Bill Maher.”

Dawkins é autor, entre outros livros, de “Deus: um delírio”, “O Gene Egoísta”, “O relojoeiro cego” e “A grande história da evolução”.

Trecho do livro

“A aula deveria inspirar e provocar reflexão”

“Eu disse que foi Oxford que me fez, mas na verdade foi o sistema tutorial, que por acaso é característico de Oxford e de Cambridge. É claro que o curso de zoologia de Oxford também tinha aulas em sala e em laboratório, mas não eram nada tão mais especial que as de outras universidades. Algumas aulas eram boas, outras ruins, mas quase nunca fazia alguma diferença para mim, pois eu ainda não havia descoberto o valor de assistir a uma aula. O propósito não é se embeber em dados, e portanto não há sentido em fazer o que eu fazia (e que praticamente todos os graduandos fazem): tomar notas de modo tão servil e azafamado que não sobra espaço para a reflexão. A única vez que deixei de lado esse hábito foi quando esqueci de levar uma caneta. Era tímido demais para pedir uma emprestada à menina sentada ao meu lado (tendo passado por um colégio masculino, e ainda tímido por natureza, tinha na época um temor pueril de meninas, e, se eu já era medroso demais para pedir uma caneta, você pode imaginar com que frequência eu ousava me enveredar para algo um pouco mais interessante que isso). De maneira que naquela aula não fiz anotações, só ouvi — e refleti sobre o que ouvi. Não foi das melhores aulas, mas aproveitei mais do que outras — algumas bem melhores — porque a falta de uma caneta me autorizou a ouvir e refletir. Mas não tive a sensatez de aprender a lição e suspender as anotações em aulas subsequentes.

Em teoria, a ideia era que as anotações fossem usadas para revisão, mas eu nunca mais olhei as minhas e suspeito que a maioria dos meus colegas também não. O propósito da aula não deveria ser transmitir dados. Para isso existem os livros, as bibliotecas, atualmente a internet. A aula deveria inspirar e provocar reflexão. Você está lá para assistir a um bom professor pensando em voz alta, tentando alcançar um pensamento, às vezes agarrando-o ao vento, como fazia o célebre historiador A. J. P. Taylor. O bom professor — aquele que pensa em voz alta, reflete, matuta, reelabora com mais clareza, hesita e então capta, varia o ritmo, para e pensa — pode ser um modelo de como refletir sobre o assunto e transmitir sua paixão por ele. Se é para o professor zumbir informações em tom monocórdico de leitura, que mande o público ir ler de uma vez — quem sabe o livro do próprio professor.

Exagero um pouco quando aconselho a jamais tomar notas. Se o professor chega a um pensamento original, a algo revelador que nos faz pensar, aí é certo que devemos deixar um lembrete para refletir mais depois, ou para pesquisar algo a respeito. Mas esforçar-se para registrar cada palavra de cada frase proferida pelo professor — que era o que eu tentava fazer – é inútil para o aluno e desmoralizante para o docente. Hoje em dia, quando palestro diante de uma plateia de alunos, tudo que eu noto é um mar de cabeças atrás de notebooks. Prefiro públicos leigos, festivais literários, palestras em homenagem a figuras de destaque, aulas como convidado numa universidade, aonde os estudantes vão porque querem e não porque está na grade curricular. Nessas aulas públicas, o professor não vê cabeças abaixadas e mãos rabiscantes, mas rostos alertas, que sorriem, registram a compreensão – ou o inverso. Quando vou dar palestras nos Estados Unidos, fico uma fera se ouço que um professor obrigou os alunos a comparecer à minha palestra para ganhar ‘crédito’. Não gosto da ideia de ‘crédito’ nem quando estou de bom humor, e sinto intenso ódio quando penso que os alunos estão recebendo crédito por me ouvir.”

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Dawkins é criticado por ter 'esperança' de que Musk não seja tão estúpido como Trump

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém

O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete. Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até? A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo

Proibido o livro do padre que liga a umbanda ao demônio

Padre Jonas Abib foi  acusado da prática de  intolerância religiosa O Ministério Público pediu e a Justiça da Bahia atendeu: o livro “Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação”, do padre Jonas Abib (foto), terá de ser recolhido das livrarias por, nas palavras do promotor Almiro Sena, conter “afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto”. O padre Abib é ligado à Renovação Carismática, uma das alas mais conservadoras da Igreja Católica. Ele é o fundador da comunidade Canção Nova, cuja editora publicou o livro “Sim, Sim!...”, que em 2007 vendeu cerca de 400 mil exemplares, ao preço de R$ 12,00 cada um, em média. Manuela Martinez, da Folha, reproduz um trecho do livro: "O demônio, dizem muitos, "não é nada criativo". (...) Ele, que no passado se escondia por trás dos ídolos, hoje se esconde no

Jornalista defende liberdade de expressão de clérigo e skinhead

Título original: Uma questão de hombridade por Hélio Schwartsman para Folha "Oponho-me a qualquer tentativa de criminalizar discursos homofóbicos"  Disputas eleitorais parecem roubar a hombridade dos candidatos. Se Fernando Haddad e José Serra fossem um pouco mais destemidos e não tivessem transformado a busca por munição contra o adversário em prioridade absoluta de suas campanhas, estariam ambos defendendo a necessidade do kit anti-homofobia, como aliás fizeram quando estavam longe dos holofotes sufragísticos, desempenhando funções executivas. Não é preciso ter o dom de ler pensamentos para concluir que, nessa matéria, ambos os candidatos e seus respectivos partidos têm posições muito mais próximas um do outro do que da do pastor Silas Malafaia ou qualquer outra liderança religiosa. Não digo isso por ter aderido à onda do politicamente correto. Oponho-me a qualquer tentativa de criminalizar discursos homofóbicos. Acredito que clérigos e skinheads devem ser l

Condenado por estupro, pastor Sardinha diz estar feliz na cadeia

Pastor foi condenado  a 21 anos de prisão “Estou vivendo o melhor momento de minha vida”, diz José Leonardo Sardinha (foto) no site da Igreja Assembleia de Deus Ministério Plenitude, seita evangélica da qual é o fundador. Em novembro de 2008 ele foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado por estupro e atentado violento ao pudor. Sua vítima foi uma adolescente que, com a família, frequentava os cultos da Plenitude. A jovem gostava de um dos filhos do pastor, mas o rapaz não queria saber dela. Sardinha então disse à adolescente que tinha tido um sonho divino: ela deveria ter relações sexuais com ele para conseguir o amor do filho, e a levou para o motel várias vezes. Mas a ‘profecia’ não se realizou. O Sardinha Jr. continuou não gostando da ingênua adolescente. No texto publicado no site, Sardinha se diz injustiçado pela justiça dos homens, mas em contrapartida, afirma, Deus lhe deu a oportunidade de levar a palavra Dele à prisão. Diz estar batizando muita gen

Veja os 10 trechos mais cruéis da Bíblia

Profecias de fim do mundo

O Juízo Final, no afresco de Michangelo na Capela Sistina 2033 Quem previu -- Religiosos de várias épocas registraram que o Juízo Final ocorrerá 2033, quando a morte de cristo completará 2000. 2012 Quem previu – Religiosos e teóricos do apocalipse, estes com base no calendário maia, garantem que o dia do Juízo Final ocorrerá em dezembro, no dia 21. 2011 Quem previu – O pastor americano Harold Camping disse que, com base em seus cálculos, Cristo voltaria no dia 21 de maio, quando os puros seriam arrebatados e os maus iriam para o inferno. Alguns desastres naturais, como o terremoto seguido de tsunami no Japão, serviram para reforçar a profecia. O que ocorreu - O fundador do grupo evangélico da Family Radio disse estar "perplexo" com o fato de a sua profecia ter falhado. Ele virou motivo de piada em todo o mundo. Camping admitiu ter errado no cálculo e remarcou da data do fim do mundo, que será 21 de outubro de 2011. 1999 Quem previu – Diversas profecias

TJs perdem subsídios na Noruega por ostracismo a ex-fiéis. Duro golpe na intolerância religiosa