por Hélio Schwartsman
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‘Deus nos livre de um Brasil evangélico’, escreve pastor
para Folha de S.Paulo
Deu na Folha. Se você é evangélico e está em busca de um(a) parceiro(a), já pode encontrá-lo através do site Divino Amor, especializado em unir casais que frequentam igrejas protestantes. O Divino Amor, que já conta com quase 2 milhões de usuários, segue os passos de outras ferramentas individualizadas para religiões, como o judaico JSwipe e o Namoro Católico. Isso vai dar certo?
Décadas de pesquisas sobre o que faz com que pessoas se sintam atraídas uma pela outra e as mantém juntas mostram que a religião é importante. De acordo com um estudo de 2011, de John Alford e colaboradores, pertencer à mesma igreja é o fator mais relevante, seguido por preferências ideológicas e hábitos etílicos.
Traços de personalidade, como extroversão/introversão, e características físicas, como peso, altura e tamanho do lóbulo auricular, também apresentam correlação positiva, mas bem mais modesta. Poderíamos ver aí alguma evidência de que transcendemos nossa animalidade. No mundo contemporâneo, as pessoas já não buscam no casamento tanto um parceiro para procriar, mas alguém que tomariam por amigo.
Receio, porém, que não seja tão fácil transcender a biologia. Os dados sugerem que, quanto maior for a oferta de candidatos (nos sites, eles chegam aos milhões) e mais livre for a eleição do(a) amado(a), mais parecidos os casais tendem a se tornar. E, como a grande parte dos pares heterossexuais formados gerará uma prole que carregará algumas das características de seus genitores, mais semelhantes também se tornarão os filhos. Se esses casais durarem, as tendências genéticas serão ainda reforçadas pelos estímulos de criação.
Uma consequência possível desse fenômeno, já antevista por Alford para a política, é a radicalização das posições ideológicas, religiosas e até etílicas. Mais do que nunca, é o momento de reforçar a cultura da tolerância, ou teremos problemas.
'Uma das consequência será a radicalização de posições ideológicas e religiosas' |
Décadas de pesquisas sobre o que faz com que pessoas se sintam atraídas uma pela outra e as mantém juntas mostram que a religião é importante. De acordo com um estudo de 2011, de John Alford e colaboradores, pertencer à mesma igreja é o fator mais relevante, seguido por preferências ideológicas e hábitos etílicos.
Traços de personalidade, como extroversão/introversão, e características físicas, como peso, altura e tamanho do lóbulo auricular, também apresentam correlação positiva, mas bem mais modesta. Poderíamos ver aí alguma evidência de que transcendemos nossa animalidade. No mundo contemporâneo, as pessoas já não buscam no casamento tanto um parceiro para procriar, mas alguém que tomariam por amigo.
Receio, porém, que não seja tão fácil transcender a biologia. Os dados sugerem que, quanto maior for a oferta de candidatos (nos sites, eles chegam aos milhões) e mais livre for a eleição do(a) amado(a), mais parecidos os casais tendem a se tornar. E, como a grande parte dos pares heterossexuais formados gerará uma prole que carregará algumas das características de seus genitores, mais semelhantes também se tornarão os filhos. Se esses casais durarem, as tendências genéticas serão ainda reforçadas pelos estímulos de criação.
Uma consequência possível desse fenômeno, já antevista por Alford para a política, é a radicalização das posições ideológicas, religiosas e até etílicas. Mais do que nunca, é o momento de reforçar a cultura da tolerância, ou teremos problemas.
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‘Deus nos livre de um Brasil evangélico’, escreve pastor