Dom Orani recebeu na Arquidiocese a garota apedrejada |
Após o café da manhã, o arcebispo, sem falar a palavra “evangélicos”, afirmou estar preocupado com os “sinais de intolerância” que tem se registrado na cidade.
“Conclamo a sociedade para que possa ver que a cultura brasileira sempre foi de entendimento, fraternidade e compreensão uns com os outros”. afirmou.
“Tenho certeza de que esses agressores são minoria, porém fazem barulho. Eles não nos representam, não é a postura do cristão, na verdade, eles não são nem cristãos".
No domingo (14) à noite, quando estavam saindo de uma cerimônia religiosa, Kathia, Kailane e parentes, vestidos de branco, foram xingados pelos jovens que, levantando uma Bíblia, diziam: “Diabo, vai para o inferno” e “Jesus está chegando”.
A Polícia Civil do Rio ainda não identificou os agressores.
Ao criticar a intolerância religiosa, dom Tempesta também estava se referindo a outro episódio recente, o do apedrejado do templo Casa do Mago, na zona sul do Rio.
De acordo com o mago Ubirajara Pinheiro, o responsável pelo templo, os vândalos demonstraram ser evangélicos porque estavam com Bíblia.
Pinheiro disse que as pedradas atingiram uma estrela, uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida e outras de Buda.
Ele falou que já tinha havido outros ataques.
O apedrejamento na menina e o no templo do mago Pinheiro não são casos isolados porque tem sido cada vez mais frequente o registro de intolerância religiosa no Rio.
Uma pesquisa da PUC-RJ apurou que houve em 2014 atos de hostilidade em mais da metade dos 847 terreiros de candomblé, umbanda e híbridos dos 30 municípios do Rio de Janeiro. Na maioria, os ataques partem de evangélicos pentecostais.
A pesquisa Novo Mapa das Religiões, feita pela Fundação Getúlio Vargas com dados de 2009 do IBGE, revela que os pentecostais do Rio correspondem a 14,18% do total da população, estando na 15ª colocação no ranking dos Estados.
As pentecostais Igreja Universal, Mundial, Graça de Deus e Assembleia de Deus têm forte atuação no Rio. Elas dominam os subúrbios, onde a Igreja Católica está praticamente ausente.
Entre os pastores cariocas, o de oratória mais inflamada é Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
Apesar disso, até agora Malafaia foi o único pastor de uma grande igreja evangélica a condenar o ataque à menina candomblecista. Ele disse que a mãe Kailane frequenta a sua igreja.
Com informação das agências
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