Na internet, menina fez uma campanha: "Visto o branco da paz, sou do candomblé. E você?" |
Kathia contou à polícia que ela, Kailame e outros parentes (todos vestidos de branco) foram xingados no domingo à noite por dois jovens evangélicos quando a família estava indo ao centro espiritualista da Vila da Penha.
“Sai Satanás, queima, vocês vão para o inferno”, gritaram os evangélicos, de acordo com a candomblecista.
“No começo, não demos importância, até que um pedregulho atingiu a cabeça de minha neta.”
Pelo relato da candomblecista, os evangélicos fugiram em um ônibus quando viram que a garota tinha ficado ferida.
Kathia disse que levou a neta ao um hospital para ser examinada. “Agora ela [a neta] está bem e já voltou a frequentar a escola — ela é estudiosa —, mas quando foi atingida na cabeça chegou a perder a memória.”
A menina, contudo, ficou traumatizada porque não quer mais se vestir de branco por temer uma nova agressão. "Vamos procurar apoio psicológico para ela", disse a avó.
Seguidores de religiões de matriz africana estão indignados com o ataque à garota.
A autônoma Yara Jambeiro, 49, do Barracão Inzo Ria Lembáum e responsável pela educação religiosa de Kailame, por exemplo, lamentou que a intolerância religiosa no Brasil não esteja poupando nem criança. “Que mundo é este em que estamos vivendo?”
"'Amai-vos uns aos outros, como vos amei', está escrito na Bíblia. Eles (os agressores) acham que são Deus, que o Deus deles é melhor que o nosso. Cada um tem sua religião, independentemente de ser budista, cristão, católico, candomblecista, judeu. Cada um tem que respeitar a religião do próximo. Não somos deus para julgar."
Ivanir dos Santos, presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro, disse que esse caso não é isolado porque ataques físicos e verbais com motivação religiosa estão ocorrendo com frequência cada vez maior.
Menina disse que o ferimento na cabeça não abalou sua fé |
Ele disse que a polícia precisa identificar os agressores de modo que a Justiça possa puni-los, firmando um exemplo de que a liberdade religiosa tem de ser respeitada.
Em uma foto que publicou na internet, a menina segura um cartaz que diz: 'Eu visto branco, branco da Sou do candomblé, e vc?' Ela disse que a pedrada não abalou a sua fé.
A polícia está verificando se a câmera do ônibus urbano no qual os evangélicos fugiram captou o rosto deles.
O B.O. enquadrou a lesão no artigo 20 da lei 7.716 (praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de religião).
José Mariano Beltrame, secretário de Segurança do Estado do Rio, disse que toda a polícia está empenhada em identificar os agressores.
Em uma foto que publicou na internet, a menina segura um cartaz que diz: 'Eu visto branco, branco da Sou do candomblé, e vc?' Ela disse que a pedrada não abalou a sua fé.
A polícia está verificando se a câmera do ônibus urbano no qual os evangélicos fugiram captou o rosto deles.
O B.O. enquadrou a lesão no artigo 20 da lei 7.716 (praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de religião).
José Mariano Beltrame, secretário de Segurança do Estado do Rio, disse que toda a polícia está empenhada em identificar os agressores.
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