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Mossul é a Disneylândia do fanatismo do Estado Islâmico

por Diogo Vaz Pinto
para Jornal I

Faz um ano que a população
de Mossul vive sob a mira do
terror do extremismo do Islã
Um ano depois, o que é o dia-a-dia de centenas de milhares de pessoas que não puderam ou não quiseram fugir quando o Estado Islâmico (EI) capturou a segunda maior cidade do Iraque, Mossul? A BBC obteve uma série de vídeos que não passaram pelo filtro dos extremistas sunitas. Não foram produzidos ou editados pelo estúdio de propaganda do EI, a Al Hayat; foram filmados secretamente e a realidade que testemunham marca um evidente contraste com o idílio que a organização de Abu Musab al-Zarqawi promete a todos os que se queiram juntar ao grupo e participar na construção do califado.

Mesquitas a irem pelos ares, mesmo seculares templos sunitas, crianças a andarem entre escombros enquanto as escolas aparecem abandonadas; uma população vigiada, forçada a seguir à risca a interpretação radical que o grupo faz da charia (lei islâmica). Há uma longa lista de comportamentos que se tornaram inaceitáveis e os militantes, quando não estão a combater o inimigo, tornam-se polícias de costumes.

Para as mulheres, a roupa não é um problema mas um pesadelo. Forçadas a cobrir-se de cima a baixo, impedidas de andarem na rua se não estiverem na companhia de um familiar homem, a maioria vê-se confinada aos limites domésticos. Num dos vídeos vê-se um militante a seguir uma mulher para lhe pregar um sermão por trazer as mãos descobertas. Já os castigos para quem quer que desafie “as leis do califado” são brutais. Fumar um cigarro e outras prevaricações menores dão direito a flagelação.

Os vídeos foram traficados de casa em casa, formando um arquivo que acabou por sair da cidade. Mostra os bairros onde viviam as minorias, confiscados pelo EI, hoje espaços desolados, zonas- -fantasma da cidade. Grande parte dos vídeos recolhem testemunhos, contam episódios da intimidação e tortura que a população tem sofrido às mãos dos jihadistas.

“O roubo leva à amputação da mão, um homem que cometa adultério é atirado do cimo de um edifício alto, pelo mesmo crime as mulheres são apedrejadas até à morte”, diz um homem identificado apenas como Zaid. “Os castigos são levados a cabo em público de forma a intimidar as pessoas, que muitas vezes são forçadas a assistir.”

A captura de Mossul marcou o ponto de viragem na atual crise que se vive na região, com a organização que aproveitou a instabilidade na Síria e o patrocínio do Ocidente aos rebeldes para cruzar a fronteira e iniciar uma ofensiva — relâmpago nas províncias do norte do Iraque. Mossul foi o jackpot do grupo, que ocupou a cidade sem encontrar mais que pequenos focos de resistência, com o exército em debandada, deixando para os jihadistas um imenso arsenal fornecido pelos EUA.

Para além dos veículos militares e das armas, o EI ficou com o saque dos bancos e passou a controlar poços de petróleo que tem explorado através de canais abertos pela Turquia. Numa questão de semanas, enriqueceu a um ponto que deixou claro que o jihadismo tinha um novo campeão, eclipsando a Al-Qaeda. O EI tinha dado um passo com o qual o seu precursor nem sonhou, transformando-se numa organização híbrida: terrorista e insurgente.

Diferentemente da Al-Qaeda, este não se limitou aos ataques contra o Ocidente, mas decidiu explorar a tensão entre os sunitas e os xiitas – avivada pelos desastrosos anos de governação de Nouri al -Maliki, o ex-primeiro-ministro que foi muito criticado por ter promovido a opressão da maioria sunita do país – para depois ocupar territórios, implementando modelos de administração local.

Estado Islâmico joga gay
de cima de prédio
Recolhidos ao longo de meses durante o ano passado, os relatos vêm confirmar que o quotidiano dos residentes foi completamente transformado, deixando um evidente contraste com as imagens que o EI divulgou de pessoas a seguirem com as suas vidas, com normalidade e em paz, sob a sua administração. Hisham conta que “o dia-a-dia foi alterado de uma forma indescritível”. Os ricos vivem das suas economias, mas a maioria das pessoas estão desempregadas e mesmo quem ainda tem um salário gasta-o para sobreviver, ao passo que os pobres se viram como podem.

“Perdi o meu emprego e fui obrigado a abandonar os estudos. Como todos, foram-me negados os meus direitos básicos”, conta Hisham, acrescentando que, “segundo o EI, tudo é haram (proibido), e por isso não faço outra coisa senão passar os dias fechado em casa. Mesmo as mais simples atividades de lazer, como os piqueniques, foram banidas em Mossul, sob o pretexto de que não passam de um desperdício de tempo e dinheiro.”

A imagem que os testemunhos captados em vídeo constroem é a de que os radicais fizeram de Mossul um imenso parque temático, forçando todos os seus habitantes a brincar ao fanatismo, o que significa não brincar a nenhuma outra coisa. Hisham adianta que todos são obrigados a entregar um quarto do salário aos militantes do EI, que as rendas também lhes são pagas, e os hospitais são exclusivos para membros do grupo.

“Foram ao ponto de substituir os imãs nas mesquitas, colocando no seu lugar homens do EI. A maioria de nós já deixou de ir às mesquitas porque aqueles que vão são assediados para prestarem o juramento de fidelidade. Enquanto isso, o meu irmão recebeu 20 chicotadas só porque não fechou a loja durante o tempo de oração – como se se pudesse impor a religião à força!”

O tenso dia-a-dia da cidade






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