'Cientistas não devem mascarar o conflito entre ciência e religião' |
A afirmação é do físico e cosmólogo norte-americano Lawrence Krauss (foto).
Ele observou que o temor de cientistas de colocar a religião em questionamento é uma incoerência porque, por exemplo, astrônomos ridicularizam em público a astrologia, e médicos condenam os ativistas anti-vacinas.
“E, no entanto, por razões de decoro, muitos cientistas temem ridicularizar certas afirmações de líderes religiosos que alienam o público da ciência.”
Em artigo para a revista The New Yorker com o título “Cientistas deveriam ter militância ateísta”, Krauss escreveu que ele é uma exceção porque, em suas abordagens científicas, costuma destacar as inconsistências de ensinamentos religiosos.
Afirmou que, por essa postura, tem sido criticado até por alguns de seus amigos. Mas Krauss argumentou que, nesse caso, respeitar a “sensibilidades religiosa” significa mascarar potenciais conflitos entre a ciência e a religião, retardando assim a construção de um mundo mais equitativo.
Ele lamentou que nos Estados Unidos os defensores da “liberdade religiosa” estejam tentando colocar seus valores acima de todos os outros, como se houvesse justificativa, por exemplo, para a escrivã católica Kim Davis se recusar a emitir certificado de casamento a casais homossexuais.
“Isso não pode ocorrer em uma sociedade secular, [...] porque o que é sagrado para uma pessoa não é para outra.”
Afirmou que em uma democracia todo ponto de vista pode ser expresso, mas as ações, por suas consequências, precisam se comportar dentro dos limites da lei.
Ele deu um exemplo: um jihadista está livre para interpretar o Corão, mas ele não pode decapitar infiéis e apóstatas ou fazer apologia da violência. Essa lógica vale também para escrivã.
Krauss lembrou que em 30 anos nunca a palavra “Deus” foi mencionada em uma reunião científica, porque se trata de uma questão irrelevante. “Na ciência, nenhuma ideia tem o status de sagrado.”
Afirmou que os cientistas têm a obrigação de não mentir sobre o mundo natural. Mesmo que isso, na prática, signifique uma ofensa a doutrinas religiosas.
Com informação do The New Yorker.
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