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Psicologia não tem nada a ver com a existência ou não de Deus



Psicologia se restringe ao comportamento humano

por Felipe de Souza

A psicologia é uma disciplina acadêmica moderna. Nasce no século XIX, bem depois do surgimento das primeiras disciplinas científicas: a física, a química, a biologia e pouco antes, a sociologia.

Sendo um desdobramento das pesquisas realizadas com a perspectiva da ciência, já possui em si uma grande separação de questões teológicas, ou seja, a respeito de Deus e da relação do homem com Deus.

Paciente de dentista pode
até rezar, mas ele não
 dispensará a anestesia
Com relação às questões essenciais para a teologia, a psicologia se cala. A psicologia procura responder à perguntas específicas sobre os processos mentais, emocionais e afetivos, comportamentais.

Se você deseja saber sobre a origem do homem, do universo, se existe Deus ou deuses, qual é o caminho para a espiritualidade, você encontrará respostas não na psicologia, mas sim na teologia – seja de qual corrente for.

De um lado encontramos a teologia (com questões relativas à Deus, sua revelação, a Bíblia) e no outro extremo a física, que buscava compreender o nosso mundo físico, as leis do movimento dos corpos, ou seja, sempre questões particulares, específicas.

Por exemplo, saber que água evapora a 100 graus Celsius não afeta o conhecimento da existência ou não de Deus, certo?

A psicologia utilizou e ainda utiliza modelos de explicação, testes laboratoriais, paradigmas que surgiram antes em outras ciências. E, do mesmo modo, podemos dizer que saber a probabilidade da emissão de um comportamento, ou analisar um sonho, ou entender as ações de uma pessoa em grupo não afeta o conhecimento da existência ou inexistência de uma realidade transcendente.

Portanto, a psicologia não responde à pergunta sobre Deus (ou deuses), pois a pergunta não é feita em suas pesquisas.

Outra questão que me é feita é sobre se o profissional da psicologia, em seu consultório ou trabalho, pode ser religioso e ter uma religião.

Para responder, gosto do seguinte exemplo: imagine que você vai até um dentista tratar uma dor de dente. O dentista avalia e precisa fazer um procedimento de obturação.

O paciente pode rezar, fazer uma meditação ou Yoga, mas provavelmente não vai dispensar a anestesia.

A anestesia é um procedimento técnico utilizado tanto na medicina quanto na odontologia. Ela faz com que o paciente não sinta dor.

Do mesmo modo, se um paciente chega no consultório de um profissional da psicologia com um determinado problema específico, ele está buscando ajuda profissional.

Pode até ajudar rezar, fazer meditação ou Yoga, mas os procedimentos utilizados pelo psicólogo serão específicos da área de conhecimento e não terão nada a ver com conhecimentos teológicos ou religiosos.

De forma que é indiferente se o profissional da psicologia acredita ou não acredita em Deus.

A psicologia não é teologia e, dizendo novamente, não faz as mesmas perguntas sobre o ser, sobre Deus e sobre o homem que o teólogo, sacerdote, padre ou pastor faz.

Felipe de Souza é psicólogo. Esse texto é uma síntese da integra que foi publicada originalmente no Psicologia MSN. O título acima é de autoria do site Paulopes.

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