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Não entre em desespero, sr. juiz, porque os ateus não querem o poder


Juiz parece temer
que haja no Brasil
uma ditadura dos
sem deuses

Ressaltar que Estado laico não é Estado ateu significa geralmente, no Brasil, uma defesa envergonhada da permanência da religião no espaço público e de sua influência nas decisões de governo.

Os autores dessa defesa envergonhada da intromissão da religião onde ela não deveria estar são, na maior parte dos casos, pessoas que, por motivos pessoais ou profissionais, não têm coragem para atacar frontalmente o Estado laico.

Claro que o Estado laico é diferente do Estado ateu. Banana não é igual a laranja, não é mesmo? Isso é tão óbvio que não precisaria ser destacado.

Mas até juízes têm endossado essa bobagem, além dos fanáticos religiosos.

Esse é o caso do juiz Manuel de Farias Reis Neto, de Tocantins.


Ele negou um pedido da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) para suspender um evento religioso com o apoio de uma prefeitura municipal com o argumento do “Estado ateu”.

Esse discurso do juiz e de outros pode dar a entender que os ateus têm um plano secreto de tomada do Estado brasileiro, para acabar com o direito de crença, fechar as igrejas, etc.

É delírio porque, mesmo na calada da noite, não há nenhum movimento ateísta com o intuito de se instalar no aparelho do Estado.

Aliás, minoria até entre as minorias, os ateus nem sequer têm conseguido colocar alguns de seus representantes no Parlamento, de modo a ajudá-los na luta contra a discriminação.

Portanto, calma, sr. juiz, não precisa ter medo porque os ateus não querem tomar o poder, para impor uma ditadura dos sem deuses.

O mesmo não se pode falar de alguns segmentos evangélicos, que almejam eleger um presidente da República já nos próximos anos, para mais fácil empurrar à sociedade uma tosca moralidade baseada em textos bíblicos.

O que os ateus querem mesmo, sr. juiz, é respeito à laicidade do Estado determinada pela Constituição.

Simples assim.
A foto é ilustrativa.



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