Estou inclinado a concordar com o filósofo belga Maarten Boudry, que defende a abolição da liberdade de religião por se fonte de discriminações e de privilégios.
Boudry argumenta que a extinção dessa liberdade não seria uma perseguição aos religiosos porque eles continuariam a professar a sua fé, mas em casa e nas igrejas, sem qualquer tipo de proselitismo em público.
Em contrapartida, no raciocínio do filósofo, os religiosos deixariam de usar o espaço pertencente a todos para discriminar minorias, como os gays, e até mesmo pessoas de deuses diferentes, com base em tradições e livros sagrados.
Ninguém poderia invocar a "liberdade de religião" para querer determinar o que as pessoas devem ou não fazer com suas genitálias entre quatro paredes.
Em uma verdadeira democracia — portanto, laica — todos têm o direito à opinião, de falar sobre tudo, de inclusive contestar e zombar do ponto de vista alheio.
Mas os religiosos exigem tratamento diferenciado porque querem "respeito" para com as suas “verdades”, como se o que eles consideram sagrado tenha de valer para todos.
O que merece respeito no Brasil, por exemplo, é a Constituição, que ainda assim deve ser discutida e questionada, e não a Bíblia, que nada tem a ver com uma democracia laica.
Quem quiser se pautar pela Bíblia, que o faça, desde não tente impor sua crença à sociedade, cujo livro "sagrado" é o da Constituição.
Não faz sentido, por exemplo, alguém se recusar a trabalhar ao sábado porque sua religião não permite.
Ora, a sociedade não tem nada a ver com isso, e ninguém deve reivindicar um direito com base em suas, somente suas, verdades sagradas.
Boudry diz que a liberdade de culto se tornou supérflua em países em que todos têm direitos iguais.
A existência desse tipo de liberdade foi válida nos tempos em que grupos de religiosos eram perseguidos e proibidos de se reunirem para adorar seus deuses.
Hoje em dia não é mais assim, pelo menos nos países democráticos.
O filosofo diz que os religiosos não precisam de uma liberdade específica para eles porque já estão contemplados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, principalmente no capítulo que se refere à liberdade de reunião e de pensamento e consciência.
Faz sentido.
Liberdade de expressão se sobrepõe à liberdade de crença |
Íntegra do artigo de Maarten Boudry.
Envio de correção.
Maçonaria não me quer, nem eu a aceito
Notas de um ateu.
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