por Zita Dazzi e Paolo Rodari
para La Repubblica
Apesar de Francisco, cujo índice de aprovação entre fiéis e não fiéis é cada vez mais alto, a secularização na Itália permanece estável e, de fato, em muitos territórios, avança.
Quem demonstra isso não são apenas os últimos dados do instituto ISTAT, mas também diversos exemplos do dia-a-dia.
O mais recente vem de Veneza.
O padre Mario Sgorlon, pároco da Igreja de São Erasmo, a grande e atemporal “ilha jardim” em frente ao Lido, decidiu afixar, do lado de fora da própria igreja, um cartaz que abre um panorama dramático sobre a prática religiosa na Itália: “A missa está suspensa por falta de fiéis”, escreveu.
E ainda: “O padre Mario está disponível a pedido”, e, ao lado, o seu número de telefone.
Em resumo, explicou o próprio padre Mario, “não há mais tantas pessoas que vêm para as celebrações e, portanto, para evitar que eu fique sozinho no altar, eu coloquei o aviso. No inverno, muito frequentemente, não vem ninguém, porque faz frio, as pessoas ficam doentes e não saem de casa. Uma vez, estávamos em três. Em suma, celebrar assim não faz sentido”.
Embora a Igreja Católica não goste das estatísticas – “os números nem sempre fotografam uma vitalidade ainda existente”, repetem os eclesiásticos – a “lei” da secularização permanece implacável, apesar do ciclone Bergoglio.
Se, em 2006, uma em cada três pessoas (exatamente 33,4%) declarava frequentar lugares de culto pelo menos uma vez por semana, hoje o percentual caiu para 29%.
Ao contrário, de acordo com os últimos dados do ISTAT, as pessoas que declaravam que nunca frequentavam lugares de culto passaram de 17,2% para 21,4%. Na prática, mais de uma em cada cinco.
E dá muito o que pensar o fato de que esses mesmos dados são “drogados” por uma elevação – sem isto, seriam ainda menores – causada pela presença de crianças nos serviços religiosos: entre os 6 e os 13 anos, elas são 51,9%.
Franco Garelli, autor de Educazione e Piccoli atei crescono. Davvero una generazione senza Dio [Pequenos ateus crescem. Realmente uma geração sem Deus], ambos pela editora Il Mulino, explica que “não é um papa que vai melhorar a prática religiosa”.
E até mesmo o chamado “efeito Bergoglio”, “que, contudo, existe, tanto que não são poucos aqueles que declaram que a presença desse papa convida a uma maior reflexão sobre si mesmo e sobre o significado da própria vida, precisa de uma tradução no concreto, e não é de todo evidente que a Igreja consiga fazer isso.
Com tradução de Moisés Sbardelotto para IHU Online.
Por falta de fiéis, missa em igreja de Veneza só ‘por encomenda’
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