Evangélicos querem converter muçulmanos |
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Eles esperaram durante muito tempo reconhecimento oficial do governo francês, e "finalmente conseguiram", afirma o Le Monde, que dedicou longa reportagem à expansão dos cultos evangélicos no país.
Signo dos novos tempos, o presidente do Conselho Nacional dos Evangélicos da França, Etienne Lhermenault, esteve presente pela primeira vez na cerimônia de posse de um presidente francês, Emmanuel Macron, no dia 14 de maio de 2017 no Palácio do Eliseu.
“Eu estava ao lado dos representantes dos muçulmanos, dos católicos, dos judeus, da Federação Protestante da França e dos budistas”, felicitou-se Etienne Lhermenault, presidente do Conselho Nacional dos Evangélicos da França (CNEF), em entrevista ao jornal.
Outro motivo de satisfação, segundo o jornal, é o fato de o primeiro-ministro escolhido pelo novo presidente francês ser Edouard Phillippe, prefeito do Havre (norte do país), bastião histórico da religião evangélica na França.
“A nomeação de Edouard Phillippe é um bom sinal para nós, ele sabe quem somos”, declarou Lhermenault.
“Desconhecidos, espalhados sob diversas denominações, diversificados, acusados por suas práticas exuberantes, suspeitos de derivas sectárias, os evangélicos colhem enfim os frutos de sua busca por reconhecimento”, publica o jornal francês.
“O funcionamento [da igreja evangélica francesa] se faz sem barulho, mas sua vitalidade pode ser conferida nas estatísticas – segundo o CNEF, o número de evangélicos nas grandes cidades se multiplicou por dez desde 1950, contabilizando hoje 500 mil praticantes regulares”.
“Durante os anos 90 e 2000, o evangélico era percebido [na França] como um estúpido à la George Bush Jr; hoje ele é visto como um africano animado”, afirma o presidente do CNEF ao jornal.
“O resultado é que nós somos ainda percebidos como uma espécie de seita”, reclama o pastor Franck Lefilattre.
“Você tem que estar pronto a receber diversos ‘nãos’”, conta o também pastor Samuel Foucachon, que tentou diversas vezes abrir sua própria igreja perto da região de Marselha (Sul) e Bordeaux (Sudeste).
“Houve um caso aonde chegaram a nos dizer: ‘Se aceitarmos sua solicitação, perdemos a prefeitura’. Cada um deve se virar por si próprio”, conta Foucachon a Le Monde.
Alguns teatros de Paris chegam a alugar suas salas para grupos evangélicos, para aumentar suas receitas mensais.
O pastor David Brown, presidente da Comissão de Evangelização do Conselho Nacional dos Evangélicos da França (CNEF), disse não há plano de uma ofensiva de evangelização nas ruas.
“Os franceses consideram a religião como um assunto privado e não querem ser catequizados em locais públicos”, explica Brown.
Le Monde acrescentou que missionários americanos foram rechaçados pelos franceses.
“Antes bastante presentes em território francês, agora eles são cada vez mais raros, porque a importação de práticas ‘made in USA’ nunca fez muito sucesso na França”, analisa o vespertino.
“Evangelizar a França é uma prioridade, começando pelos muçulmanos”, descreve o jornal, que classifica a decisão como “um assunto delicado, mas um projeto explícito”.
Os bairros populares e periféricos são claramente identificados como “terras missionárias”, afirma Le Monde.
“Mas não se pode colocar o carro na frente dos bois”, afirma o presidente do CNEF, para quem “é preciso avançar [na evangelização] com prudência”.
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