Na maioria, são jovens e brancos, com curso superior |
por Michael Lipka
para Pew Research Center
A parcela de americanos que se identificam como ateus quase dobrou nos últimos anos. Um estudo sobre o panorama religioso de 2014 feito pelo Centro de Pesquisas Pew descobriu que 3,1% dos adultos americanos dizem ser ateus quando perguntados sobre suas identidades religiosas, 1,6% acima em relação a uma pesquisa semelhante de 2007. Além disso, descobriu-se que 4% dos americanos se consideram agnósticos, 2,4% acima na comparação com o estudo anterior.
Em geral, os ateus tendem a ser homens e mais jovens do que a população como um todo; 68% são homens, e a idade mediana dos adultos ateus nos EUA é 34 (comparados com 46 de todos os adultos americanos). Os ateus também tendem a ser brancos (78% são caucasianos x 66% do público geral) e com educação superior: cerca de 4 em cada 10 ateus (43%) possuem formação universitária, comparados com 27% do público geral.
Os que se identificam como ateus tendem a estar alinhados com o Partido Democrata e com ideias progressistas em termos políticos. Cerca de dois terços dos ateus (69%) se identificam como democratas (ou se inclinam nessa direção), e uma maioria (56%) se considera progressista em termos políticos (em comparação com somente 1 em cada 10 que dizem ser conservadores). Os ateus apoiam esmagadoramente o casamento entre pessoas do mesmo sexo (92%) e o aborto legal (87%). Além disso, três quartos (74%) dizem que a ajuda governamental aos pobres faz mais bem do que prejudica.
Embora a definição literal de “ateu”, de acordo com o dicionário Merriam-Webster, seja a de “alguém que não acredita na existência de um deus ou deuses”, 8% dos que se consideram ateus também dizem acreditar em Deus ou em um espírito universal. Na realidade, 2% dizem ter “certeza absoluta” sobre a existência de Deus ou um espírito universal. Por outro lado, há pessoas que se enquadram na definição dicionarista de “ateu”, mas que não se consideram como tal. Há cerca de três vezes a quantidade de americanos que dizem não acreditar em Deus ou num espírito universal (9%) do que aqueles que se dizem ateus (3%).
Como era esperado, mais de 9 em cada 10 ateus autointitulados dizem que a religião não é muito importante, ou que não é nada importante, em suas vidas, e quase todos (97%) dizem que raramente ou nunca rezam. Ao mesmo tempo, muitos não veem uma contradição entre ateísmo e o ato de ponderar o seu lugar no mundo. Três em casa 10 (31%) dizem sentir uma sensação profunda de paz espiritual e bem-estar pelos menos uma vez por semana. Uma parcela parecida (35%) frequentemente pensa sobre o significado e o propósito da vida. E cerca da metade de todos os ateus (54%) normalmente sentem uma sensação profunda de maravilhamento a respeito do universo, acima dos 37% em 2007. Na verdade, os ateus estão mais propensos do que os cristãos americanos a dizer que frequentemente sentem uma sensação de maravilhamento a respeito do universo (54% vs. 45%).
No estudo sobre o panorama religioso de 2014, perguntou-se aos ateus autointitulados com que frequência eles dividiam com outras pessoas as suas opiniões sobre Deus e religião. Apenas 1 em cada 10 ateus (9%) dizem que o fazem pelo menos uma vez por semana, enquanto cerca de dois terços (65%) dizem que raramente ou nunca discutem suas visões sobre religião com pessoas religiosas. Comparativamente, 26% dos que têm afiliação religiosa compartilham suas opiniões pelo menos uma vez por semana com os que têm outras crenças; 43% dizem que raramente ou nunca o fazem.
Praticamente nenhum ateu (1%) volta-se para a religião em busca de orientação sobre questões de certo ou errado, mas um número crescente deles volta-se para a ciência. Cerca de um terço dos ateus (32%) diz que olham principalmente para a ciência quando em busca de orientação em questões de certo ou errado, acima dos 20% de 2007. Uma pluralidade (44%) ainda cita “experiência prática e senso comum” como o principal guia em tais questões, número que ficou abaixo dos 52% de 2007.
Os americanos gostam dos ateus menos do que gostam dos membros dos demais grupos religiosos no país. Um estudo em 2014 do Centro de Pesquisas Pew pediu que os americanos avaliassem grupos de pessoas em um “termômetro do sentimento”, que de zero (tão frio e negativo quanto possível) a 100 (a classificação mais calorosa, mais positiva possível). Os adultos americanos deram aos ateus uma classificação média de 41, comparável à classificação que deram aos muçulmanos (40) e muito mais fria do que a média dada aos judeus (63), aos católicos (62) e evangélicos (61).
Cerca da metade dos americanos (51%) dizem que se sentiam menos propensos a apoiar um candidato ateu para presidente, número acima dos que, por exemplo, votariam em um candidato com algum outro traço mencionado, por exemplo, um candidato muçulmano. Este número, embora alto, caiu nos últimos anos: no começo de 2007, 63% dos adultos americanos diziam se sentir menos propensos a apoiar um candidato presidencial ateu. Atualmente não existem ateus autodescritos atuando no Congresso, embora haja um membro da Câmara, Kyrsten Sinema (democrata pelo estado do Arizona), que se descreve como sem filiação religiosa.
Cerca da metade dos americanos (53%) diz não ser necessário acreditar em Deus para se ser moral, enquanto 45% diz que acreditar em Deus é necessário para se ter bons valores, segundo um estudo de 2014. Em outros países ricos, parcelas menores tendem a dizer que uma crença em Deus é essencial para se ter bons costumes (na França este número é de 15%). Mas, em muitas outras partes do mundo, quase todos dizem que, para ser moral, uma pessoa deve crer em Deus. Na Indonésia e em Gana, este número chega a 99%, e no Paquistão ele é de 98%.
Esse texto foi publicado originalmente em 5 de novembro de 2015 e atualizado em 1º de junho de 2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa para IHU Online.
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