“Quando os combatentes suicidas do Estado Islâmico explodem bombas gritando Allahou Akbar ['Alá é Grande'], como podemos dizer que isso não tem nada a ver com o Islã?”
A indagação é do escritor Salman Rushdie.
Para ele, Ocidente tem 'cegueira estúpida' sobre o Islã, porque ainda não percebeu que essa religião se radicalizou há 50 anos.
“Do lado xiita, teve o imã Khomeini e sua revolução islâmica. No mundo sunita, teve a Arábia Saudita, que utilizou seus imensos recursos para financiar a difusão do fanatismo. Mas esta evolução histórica aconteceu no seio do Islã e não no exterior”, disse o escritor em entrevista revista francesa Le Point.
Por isso ele lamentou que a esquerda tente dissociar a violência fundamentalista do Islã.
"É muito preocupante ver que a extrema-direita é capaz de medir a ameaça [islâmica] de forma mais clara do que a esquerda."
Rushdie disse que compreende a razão daqueles que se opõem à estigmatização do Islã.
“Mas para evitar essa estigmatização é mais eficaz reconhecer a natureza do problema e tratá-lo", afirmou.
De família muçulmana e ateu, Rushdie lembrou que já houve a predominância de outro Islã, o sufismo, que hoje é combatido com violência pelos salafistas.
"Na minha família, quando eu era criança, podíamos discordar com os dogmas, questionar a existência de Deus, e ninguém seria ameaçado por isso. Beirute, Damasco e Teerã eram cidades cosmopolitas”, disse.
“Sim, houve um Islã esclarecido, mas não é ele que está hoje no poder. Essa regressão é uma tragédia."
Com informação de Le Point.
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