Liberto de Deus |
para Pravda
Não foi Deus quem fez o homem a sua imagem e semelhança. Foi o homem quem fez Deus a sua imagem e semelhança.
E por que fez isso?
Por que nos primórdios da humanidade, ele precisava de muitas respostas que a ciência, ainda embrionária, era incapaz de dar.
Quais suas origens?
Por que de repente a terra virava de cabeça para baixo com os terremotos?
Por que o mundo que ele conhecia, de um dia para o outro, ficava quase todo debaixo das águas?
Era Deus o responsável por tudo.
Fizera primeiro Adão e depois Eva. Destruíra Sodoma e Gomorra por causa dos pecados dos seus habitantes e mandara o dilúvio porque se cansara da humanidade.
Era uma tentativa de explicar o desconhecido através de fórmulas mágicas, mas de qualquer maneira uma hipótese rudimentar, mas ainda assim científica, na medida em que tentava estabelecer uma relação entre causa e efeito.
As religiões se estruturam em cima dessa ignorância humana, se consolidaram, foram se adaptando aos avanços da ciência, mas continuaram sempre no seu papel obscurantista de guarda de uma grande fantasia, a da existência de um Deus onipotente, onisciente e eterno.
Sua representação material é a igreja institucionalizada, com suas diversas identidades, católica, protestante, ortodoxa, islâmica, budista, espírita, mas sempre com um objetivo único, impedir que o ser humano se liberte dessa ignorância primeira.
Os que, de alguma maneira se libertaram desse jugo e que ainda possam ostentar uma higidez mental, têm obrigação de proclamar suas verdades para servir de exemplo para outros que ainda tenham dúvidas
Eu faço isso, proclamando meu ateísmo, até porque não esqueço o exemplo de Jean Barois, o personagem de Roger Martin de Gard, que justificou previamente a sua transformação de um ateu, em um crente no final da vida, ao escrever no seu testamento que "o homem que sou hoje, no pleno domínio da minha capacidade mental, deve prevalecer sobre o velho que serei um dia".
Formado em História pela UFRGS, Marino Boeira é jornalista.
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