Heil, Lutero! |
Por ocasião dos 500 anos da Reforma Protestante, é preciso registrar, para que não passe despercebido, que o ódio de Martinho Lutero (1483-1546) aos judeus teve grande importância na formulação do nazismo.
Inconformado com a não conversão dos judeus, o velho Lutero extravasou seu antissemitismo em escritos dos quais escorre o que há de pior na natureza humana. Escritos de um criminoso.
Ele não chegou à pregação de queimar os judeus vivos, mas algumas de suas recomendações foram colocadas em práticas pelo regime de Hitler.
O regime nazista queimou sinagogas e escolas judaicas, submeteu os judeus a trabalho forçado e confiscou seus bens e os proibiram de sair às ruas.
Em um exemplo, na noite de 9 para 10 de novembro de 1938 paramilitares nazistas atacaram sinagogas e estabelecimentos de judeus, passando para a história como “A Noite dos Cristais” por causa dos estilhaços dos vidros das janelas e vitrines.
Lutero gostaria que essa demonstração de insanidade tivesse ocorrido em sua época, de acordo com o seu livro “Sobre os Judeus e Suas Mentiras”, publicado em 1543.
Diz o livro nas páginas 34-36:
"Em primeiro lugar, suas [dos judeus] sinagogas deveriam ser queimadas... Em segundo lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas... Em terceiro, seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados... Em quarto, os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte... Em quinto lugar, os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos judeus... Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem [cobrança de juros extorsivos sobre empréstimos]... Em sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão na debulhadeira, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu pão no suor do seu rosto... Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa sociedade ... Portanto, fora com eles... Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus."
No começo do regime, protestantes fizeram questão de divulgar que eram eles os “antissemitas originais”, e não os nazistas.
Mas Hilter se mostrou agradecido ao teólogo protestante.
No livro “Mein Kampf”, ele cita Lutero com um das três grandes personalidades da Alemanha. As outras foram Frederico, o “Grande”, e Richard Wagner.
Em 1933, ao dar início ao Terceiro Reich, ele mandou imprimir uma moeda com a imagem de Lutero e o ano em que ele nasceu.
O regime subsidiou a construção ou a reforma de 1.000 templos protestantes.
Na época, houve protestantes que se opuseram ao nazismo, mas eles eram a minoria.
Hoje em dia, há protestantes que tentam minimizar a importância que Lutero teve para o nazismo.
Eles argumentam que o teólogo se voltou contra a fé dos judeus e que não defendeu o extermínio de todo um povo.
Então fica a pergunta: o que Lutero quis sugerir ao escrever que receberia de bom grado uma “solução melhor” para resolver o problema dos judeus?
Igreja evangélica regional alemã assume que apoiou o nazismo
A responsabilidade dos comentários é de seus autores.
Comentários
Postar um comentário