Aposentada viu as gêmeas só uma vez |
por Débora Carvalho
para Correio da Manhã, de Portugal
Passaram vinte anos, mas Maria Odete Rocha (foto) não esquece as netas. Como o escândalo da alegada rede de adoções na IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), ele reviveu um pesadelo: recordar que só viu as gêmeas Cristela e Daniela Reis uma única vez quando tinham um ano de idade.
"A IURD levou as minhas netas. A primeira vez que fui ao lar correram comigo. Não me deixavam ver as meninas e fui atendida pela janela", desabafa ao CM a antiga funcionária pública, com 70 anos.
"A IURD levou as minhas netas. A primeira vez que fui ao lar correram comigo. Não me deixavam ver as meninas e fui atendida pela janela", desabafa ao CM a antiga funcionária pública, com 70 anos.
As crianças foram acolhidas no lar da IURD na avenida Gago Coutinho. A mãe não tinha condições para criá-las, e o pai, militar em Angola, pediu à sua mãe que fosse a Portugal buscar as netas.
"Fizeram-me alugar uma casa, montei um quarto para elas, o tribunal deu-me a guarda e não me entregaram a minhas netas", recorda, dizendo que nessa altura as crianças já tinham sido acolhidas por um casal.
"Fizeram-me alugar uma casa, montei um quarto para elas, o tribunal deu-me a guarda e não me entregaram a minhas netas", recorda, dizendo que nessa altura as crianças já tinham sido acolhidas por um casal.
Durante mais de três anos, Maria Odete tentou recuperar as crianças. O Tribunal de Menores de Lisboa deu-lhe a guarda e a Relação de Lisboa confirmou a decisão em 2000. Mas as crianças nunca foram confiadas à guarda e cuidados da avó paterna.
Desgastada com toda a situação e com poucos recursos financeiros para continuar a agir judicialmente, Maria Odete regressou a Luanda. Foi aí que soube que o Supremo revogava a guarda das menores, tanto mais que já não se encontrava no país.
"Fui eu que registrei as meninas. Cristela Daniela e Daniela Cristela, hoje com 21 anos. Na minha mente uma chama-se Cris e outra Dani. Não quero morrer sem as ver". A aposentada é clara: "Não quero tirá-las da família. São maiores. Só quero saber que estão bem".
Pai das meninas, quando pediu ajuda à mãe Patrice Rocha, já estava separado da mãe das gêmeas quando elas nasceram.
Também a mãe das meninas assinou uma procuração a dar poderes a Maria Odete.
O Tribunal da Relação de Lisboa decidiu, em 2000, que as gêmeas teriam de ser entregues à avó Maria Odete.
O processo teria de ocorrer de forma gradual, uma vez que as meninas já residiam com um família, em Vila Nova de Gaia. O tribunal permitia que o casal visitasse as crianças.
O Ministério Público abriu um inquérito sobre uma suposta rede de adoção ilegal de crianças portuguesas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus.
A IURD desmente todas as acusações e garante que vai avançar com processos judiciais por difamação agravada.
"Infelizmente, nunca conheci as minhas irmãs, mas gostava de saber o que é que aconteceu. Ninguém desaparece sem deixar rastro". As palavras são de Sandra Rocha, irmã das gêmeas Cristela e Daniela por parte do pai.
A estudante, de 20 anos, ficou chocada com a polêmica das adoções de bispos e pastores da Igreja Universal.
"Infelizmente, nunca conheci as minhas irmãs, mas gostava de saber o que é que aconteceu. Ninguém desaparece sem deixar rastro". As palavras são de Sandra Rocha, irmã das gêmeas Cristela e Daniela por parte do pai.
A estudante, de 20 anos, ficou chocada com a polêmica das adoções de bispos e pastores da Igreja Universal.
Há muitos anos que a família tenta ganhar coragem para denunciar o caso publicamente. "Desde pequena que acompanho a minha avó na busca pela Cristela e pela Daniela. Não é justo uma família, que tem condições econômicas e de habitação, ficar longe dos filhos e netos", conta ao CM Sandra.
Ao longo dos anos, a família foi recebendo pistas sobre o paradeiro das gêmeas, quase todas apontavam para o Norte do país.
Ao longo dos anos, a família foi recebendo pistas sobre o paradeiro das gêmeas, quase todas apontavam para o Norte do país.
TV portuguesa denuncia Universal de tráfico de crianças
Comentários
Postar um comentário