Avança o projeto de poder do bispo Edir Macedo |
por Talita Abrantes
para Exame
Fundado como o braço político da Igreja Universal do Reino de Deus, o Partido Republicano Brasileiro (PRB) deu seu passo mais ambicioso em 12 anos de fundação ao lançar o empresário Flávio Rocha, dono do grupo que controla a rede de lojas Riachuelo, como pré-candidato à Presidência da República.
O anúncio, no entanto, não é uma garantia de que Rocha entrará de fato na disputa presidencial. Mas é um sinal de que o partido almeja – no mínimo – ganhar mais margem de negociação para o próximo pleito.
Nas duas últimas eleições, o partido experimentou uma relevante ascensão no cenário nacional: alargou sua bancada na Câmara dos Deputados de 8 para cerca de 20 parlamentares, estendeu seu domínio para 105 prefeituras e, sob o governo de Michel Temer, dominou uma importante pasta na Esplanada, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
O crescimento da legenda se explica pelo numeroso contigente de evangélicos no Brasil, mas também pela habilidade da sigla em investir na formação de uma máquina partidária em diversos estados.
O resultado veio nas urnas. Em 2014, além de ampliar a própria bancada, o PRB elegeu o deputado federal mais votado naquele pleito, o católico Celso Russomano. Nas eleições municipais, a joia da coroa veio com a vitória do bispo Marcelo Crivella no Rio de Janeiro.
O peso eleitoral rendeu ao partido relevância política nos bastidores do poder. “Temer deu ao PRB a importância que o partido tem em termos de número de parlamentares”, afirma Sérgio Praça, professor e pesquisador da FGV-Rio.
Até agora, a estratégia da legenda sempre foi a de se aliar com o governo vigente. Em 2006, formou a chapa presidencial ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva com José Alencar, seu então presidente de honra, na vice-presidência. Até março de 2016, fez parte do governo de Dilma Rousseff. Deixou o barco pouco antes da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, quando sua bancada apoiou em peso o afastamento da petista.
O anúncio da candidatura de Rocha pode parecer um ponto fora da curva nessa trajetória. Mas, para analistas, é sinal da engenhosidade de uma legenda com aspirações de se cacifar no cenário nacional.
“Todos os partidos estão ensaiando candidaturas neste momento. Mas o que chama a atenção é o PRB ter escolhido um outsider, alguém do mercado, de fora da legenda para esse posto”, diz Thiago Vidal, coordenador de análise política da consultoria Prospectiva.
Segundo o especialista, o partido tem consciência de que a proximidade com a Igreja Universal do Reino de Deus traz, por um lado, uma vantagem eleitoral, mas, por outro, uma considerável rejeição. “Se o partido ficar só ligado a esse seguimento não terá voos maiores”, diz Vidal.
Lançar um pré-candidato que, mesmo sendo evangélico, não apresenta (por ora) seu posicionamento religioso para fins eleitorais soa, para Vidal, como uma estratégia para se desvincular da alcunha de “partido da Universal” – mesmo que uma parte preponderante de seus quadros seja membro dessa igreja.
O partido tem até julho, quando as convenções partidárias devem lançar seus candidatos, para testar a força de Rocha para a disputa. O empresário tem afirmado que não aceita menos do que a cabeça de chapa à Presidência.
A depender de seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto até lá, porém, a legenda pode negociar melhores cargos em uma coligação mais robusta ou, se Rocha se lançar de fato presidenciável, firmar acordos mais vantajosos com quem rumar para o segundo turno.
Em 2008, o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal, lançou o livro “Plano de Poder”, em que defendia que evangélicos ocupassem cargos-chave na política em honra ao que ele chamou de “projeto de nação” divino. Dez anos depois da publicação da obra, o partido dá mais um passo nesse sentido e Flávio Rocha pode ser essencial para esse plano.
Fundado como o braço político da Igreja Universal do Reino de Deus, o Partido Republicano Brasileiro (PRB) deu seu passo mais ambicioso em 12 anos de fundação ao lançar o empresário Flávio Rocha, dono do grupo que controla a rede de lojas Riachuelo, como pré-candidato à Presidência da República.
O anúncio, no entanto, não é uma garantia de que Rocha entrará de fato na disputa presidencial. Mas é um sinal de que o partido almeja – no mínimo – ganhar mais margem de negociação para o próximo pleito.
Nas duas últimas eleições, o partido experimentou uma relevante ascensão no cenário nacional: alargou sua bancada na Câmara dos Deputados de 8 para cerca de 20 parlamentares, estendeu seu domínio para 105 prefeituras e, sob o governo de Michel Temer, dominou uma importante pasta na Esplanada, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
O crescimento da legenda se explica pelo numeroso contigente de evangélicos no Brasil, mas também pela habilidade da sigla em investir na formação de uma máquina partidária em diversos estados.
O resultado veio nas urnas. Em 2014, além de ampliar a própria bancada, o PRB elegeu o deputado federal mais votado naquele pleito, o católico Celso Russomano. Nas eleições municipais, a joia da coroa veio com a vitória do bispo Marcelo Crivella no Rio de Janeiro.
O peso eleitoral rendeu ao partido relevância política nos bastidores do poder. “Temer deu ao PRB a importância que o partido tem em termos de número de parlamentares”, afirma Sérgio Praça, professor e pesquisador da FGV-Rio.
Até agora, a estratégia da legenda sempre foi a de se aliar com o governo vigente. Em 2006, formou a chapa presidencial ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva com José Alencar, seu então presidente de honra, na vice-presidência. Até março de 2016, fez parte do governo de Dilma Rousseff. Deixou o barco pouco antes da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, quando sua bancada apoiou em peso o afastamento da petista.
O anúncio da candidatura de Rocha pode parecer um ponto fora da curva nessa trajetória. Mas, para analistas, é sinal da engenhosidade de uma legenda com aspirações de se cacifar no cenário nacional.
“Todos os partidos estão ensaiando candidaturas neste momento. Mas o que chama a atenção é o PRB ter escolhido um outsider, alguém do mercado, de fora da legenda para esse posto”, diz Thiago Vidal, coordenador de análise política da consultoria Prospectiva.
Segundo o especialista, o partido tem consciência de que a proximidade com a Igreja Universal do Reino de Deus traz, por um lado, uma vantagem eleitoral, mas, por outro, uma considerável rejeição. “Se o partido ficar só ligado a esse seguimento não terá voos maiores”, diz Vidal.
Lançar um pré-candidato que, mesmo sendo evangélico, não apresenta (por ora) seu posicionamento religioso para fins eleitorais soa, para Vidal, como uma estratégia para se desvincular da alcunha de “partido da Universal” – mesmo que uma parte preponderante de seus quadros seja membro dessa igreja.
O partido tem até julho, quando as convenções partidárias devem lançar seus candidatos, para testar a força de Rocha para a disputa. O empresário tem afirmado que não aceita menos do que a cabeça de chapa à Presidência.
A depender de seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto até lá, porém, a legenda pode negociar melhores cargos em uma coligação mais robusta ou, se Rocha se lançar de fato presidenciável, firmar acordos mais vantajosos com quem rumar para o segundo turno.
Em 2008, o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal, lançou o livro “Plano de Poder”, em que defendia que evangélicos ocupassem cargos-chave na política em honra ao que ele chamou de “projeto de nação” divino. Dez anos depois da publicação da obra, o partido dá mais um passo nesse sentido e Flávio Rocha pode ser essencial para esse plano.
Íntegra do texto. O título acima é de autoria deste site.
Candidato da Igreja Universal à presidência é o dono da Riachuelo
Neoconservadores evangélicos almejam conquista de poder
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