Peça publicitária do bispo da Universal |
para Folha de S.Paulo
Vou contar o final de “Nada a Perder” para vocês. O bispo Edir Macedo, ele próprio, aparece para oferecer uma oração aos espectadores que acabaram de assistir a duas horas do filme que conta sua trajetória do jeitinho que ele queria — do menino que sofria bullying (os coleguinhas o chamavam de Dedinho por ter um defeito nas mãos) ao pastor blockbuster perseguido pelos poderosos (Brasília, Igreja Católica e, ainda que não nomeada, a Globo), mas com o maior deles a seu lado: Deus.
Se “Nada a Perder” é chapa-branca? Como um comercial de alvejante.
Peça publicitária, aliás, é uma categoria adequada à segunda megaprodução com dedo da Igreja Universal dirigida por Alexandre Avancini, ex-diretor de novelas globais como “Quatro por Quatro” e “Kubanacan”.
Avancini virou o craque da Record para folhetins religiosos e esteve à frente da adaptação cinematográfica de “Dez Mandamentos” — que superou “Tropa de Elite 2” como a maior bilheteria brasileira de todos os tempos, com 11,3 milhões de tíquetes vendidos.
“Nada a Perder”, inspirado numa trilogia biográfica que vendeu mais de sete milhões de livros, tem tudo para transplantar a fórmula de sucesso para o cinema.
“Nada a Perder”, inspirado numa trilogia biográfica que vendeu mais de sete milhões de livros, tem tudo para transplantar a fórmula de sucesso para o cinema.
Deixemos de lado a tática de inflar a bilheteria comprando salas inteiras de uma só tacada, ainda que nem todos com ingresso de graça compareçam às sessões (a Universal nega estar por trás da estratégia e acusa de “fake news” a “imprensa rancorosa” que noticia isso).
Fato é que, com ou sem esse empurrãozinho, a saga do self mademan que supera adversidades é feita sob medida para apelar à audiência com um fraco por narrativas açucaradas, que alinhavam tom religioso e autoajuda (vide “A Cabana”, hit de 2017).
Fato é que, com ou sem esse empurrãozinho, a saga do self mademan que supera adversidades é feita sob medida para apelar à audiência com um fraco por narrativas açucaradas, que alinhavam tom religioso e autoajuda (vide “A Cabana”, hit de 2017).
Edir Macedo compra em Miami apartamento por US$ 9,65 milhões
Fortuna pessoal de Edir Macedo seria de no mínimo US$ 2 bi
A responsabilidade dos comentários é de seus autores.
Comentários
Postar um comentário