Inferno prejudica a Igreja Católica no mercado das religiões |
O raciocínio é do sociólogo Demétrio Magnoli, que, em um artigo, considerou como verdade a frase “o inferno não existe” que Francisco teria dito em conversa com jornalista ateu italiano Eugenio Scalfari.
O Vaticano negou que Francisco tenha falado a frase, mas o jornalista não se desmentiu.
Magnoli argumenta que a Igreja Católica, pelo seu passado de grande importância ao diabo, tem grande resistência interna aos universalistas que recorrem a trechos do Novo Testamento para reduzir o inferno a um purgatório que “abriria o portal do Céu mesmo aos piores e mais descrentes pecadores”.
Desse modo, Deus se mostraria que é mesmo perfeito, porque toda a sua obra se salvaria, de acordo com o revisionismo dos universalistas.
O Catequismo da Igreja Católica publicado em 1992 diz que, “imediatamente após a morte, as almas dos mortos em pecado mortal descem ao inferno”, onde são submetidas a sofrimentos descritos como corporais.
Com isso, diz Magnoli, a Igreja Católica criou duas armadilhas para si mesma.
“De um lado, a queda de todos os pecadores capitais ao inferno implica uma derrota da obra divina — e portanto, de Deus. De outro, a ideia da punição corporal eterna converte o Deus misericordioso num torturador sádico.”
Se de fato o papa Francisco está imbuído de um revisionismo, não vai ser fácil levá-lo adiante, porque, observa Magnoli, “a iconografia cristã do inferno não abre frestas à exegese”.
“[Há] adúlteras penduradas pelo cabelo sobre lama fervente, assassinos lançados em covas repletas de répteis venenosos, idólatras arremessados do alto de penhascos, caluniadores mastigando as próprias línguas, infiéis assados no fogo perene.”
O fato é que a Igreja Católica se encontra em um momento crucial. Ou ela se reinvente ou se tornará em uma seita.
Para Magnoli, Francisco já estaria tentando promover essa reinvenção.
“As correntes neopentecostais avançam sobre o rebanho católico prometendo a salvação, a felicidade e a prosperidade no mundo terreno. O Deus que não pune serve como réplica à pregação neopentecostal “pare de sofrer”. Francisco, o crente, fala por meio de Scalfari, o descrente.”
Com informação de "O Globo".
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