'As inquisições contra as mulheres continuam, embora travestidas de outras formas' |
A pastora luterana Lusmarina Campos surpreendeu ao falar [vídeo abaixo] no dia 6 de agosto de 2018 na audiência promovida pelo Supremo Tribunal Federal sobre a legalização ou não do aborto até 12 semanas de gestação.
Defensora da descriminalização do aborto, o que é incomum entre religiosos, Lusmaria fez uma afirmação que soou como um desafio para seus colegas cristãos ali presentes.
Disse que não há nada na Bíblia que proíba o aborto. Nem no Velho nem no Novo Testamento.
O que está em jogo, na verdade, argumentou, é a liberdade da mulher de decidir sobre o seu próprio corpo e em circunstâncias difíceis e às vezes desesperadas.
“O aborto não é uma escolha leviana de mulheres que decidiram não ser esse o tempo certo para gerar uma nova vida”, disse.
“Não cabe a nós como sociedade, como Estado ou como gente de fé amontoar aflição sobre aflição, culpa sobre culpa, medo sobre medo, ao ameaçar com a prisão e com a categorização de assassina alguém que está em profunda situação de vulnerabilidade.”
Lusmarina colocou a religião em seu devido lugar, em perspectiva histórica, porque se trata, disse, de “construções históricas sob predomínio, até hoje, do patriarcado eclesiástico”.
As mulheres “foram demonizadas como bruxas” e apontadas como a responsável por “trazer o pecado ao mundo”.
“As inquisições contra as mulheres continuam, embora travestidas de outras formas.”
“A capacidade de gerar uma vida nova é muito mais do que cumprir uma lei da natureza, da sociedade ou da religião. Precisa ser uma decisão refletida de homens e mulheres que possuem a capacidade de escolher ter filhos e filhas amadas e desejadas”, disse.
A pastora foi aplaudida com entusiasmo.
Com informação de vídeo da audiência do STF.
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