Ailton Benedito avalia que a "religião é um bem", mas a questão não é essa |
[opinião]
O procurador Ailton Benedito de Souza (foto), do Ministério Público Federal em Goiás, arquivou a representação de Gabriel Amorim Mendonça Reis para que seja retirado um crucifixo da Câmara Municipal de Goiânia e que cesse ali a leitura de trechos da Bíblia, em respeito ao Estado laico.
Ele argumentou que “a religião é um bem em si mesma” e que a exposição daquele símbolo católico “não induz nenhum indivíduo a adotar” qualquer tipo de crença.
Benedito lembrou que o Conselho Nacional de Justiça já se manifestou favoravelmente à presença de símbolos religiosos em tribunais.
A questão não é tão simples como o procurador faz parecer, a começar pela sua declaração de que a religião é necessariamente benéfica.
É uma generalização que faz um julgamento subjetivo. Existem milhares e religiões, e a história mostra que de suas pregações escorreu muito sangue, principalmente da católica.
Além do mais, Benedito se equivoca ao entrar no mérito sobre o significado da religião, porque o Estado laico não versa sobre isso e o procurador não tem autoridade para tanto.
Pela Constituição, nenhuma instância de governo pode privilegiar direta ou indiretamente qualquer crença.
Em um país de imensa diversidade religiosa, a ostentação de crucifixo no plenário de uma Câmara é, sim, uma deferência, inclusive para efeito de proselitismo, a não ser que ali se coloque também símbolos de todas outras religiões, como a evangélica, as de matriz africana, islâmica, satanista.
Talvez alguém possa enviar ao sr. procurador uma representação nesse sentido.
Com informação do Ministério Público Federal em Goiá. e foto de divulgação.
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Comentários
Quem de fato se incomoda com essa noticia ? A minoria da minoria da minoria ?
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