por Gina Marques
correspondente da RFI em Roma
Os escândalos de abusos sexuais cometidos por religiosos sacodem a Igreja Católica. Na última sexta-feira (22), em sua mensagem destinada à Cúria Romana, o papa Francisco pediu para que padres envolvidos nesses crimes se entreguem à justiça. Segundo ele, a Igreja Católica não vai ignorar essas "abominações" dos membros do clero.
Esta mensagem foi interpretada como um balanço anual da Igreja. No seu discurso, Francisco disse: “No mundo turbulento, a barca da Igreja viveu e vive momentos difíceis este ano, sendo balançada por tempestades e furacões”.
correspondente da RFI em Roma
Os escândalos de abusos sexuais cometidos por religiosos sacodem a Igreja Católica. Na última sexta-feira (22), em sua mensagem destinada à Cúria Romana, o papa Francisco pediu para que padres envolvidos nesses crimes se entreguem à justiça. Segundo ele, a Igreja Católica não vai ignorar essas "abominações" dos membros do clero.
Esta mensagem foi interpretada como um balanço anual da Igreja. No seu discurso, Francisco disse: “No mundo turbulento, a barca da Igreja viveu e vive momentos difíceis este ano, sendo balançada por tempestades e furacões”.
O pontífice afirmou também: "Para aqueles que abusam de menores eu diria: convertam-se e entreguem-se à justiça humana, e preparem-se para a justiça divina".
O papa garantiu que “diante dessas abominações, a Igreja não poupará esforços para fazer tudo o que for necessário para levar à justiça quem cometeu tais crimes".
Em 2018, vários casos de padres predadores sexuais vieram à tona |
O papa garantiu que “diante dessas abominações, a Igreja não poupará esforços para fazer tudo o que for necessário para levar à justiça quem cometeu tais crimes".
Embora não tenha ficado claro se o papa estava se referindo ao sistema judicial da Igreja, à justiça civil ou a ambos. Essa foi a primeira vez que Francisco fez esse apelo diretamente.
Não é a primeira vez que a Igreja Católica é abalada por escândalos sexuais cometidos por padres e outros religiosos. Mas, em 2018, vários casos graves vieram à tona, com novos relatórios sobre milhares de casos de abusos sexuais contra menores de idade cometidos por membros do clero em vários países.
Além disso, a Igreja é acusada de não ter feito o suficiente para enfrentar o problema. Assim, o papa Francisco foi colocado em uma encruzilhada em 2018.
Não é a primeira vez que a Igreja Católica é abalada por escândalos sexuais cometidos por padres e outros religiosos. Mas, em 2018, vários casos graves vieram à tona, com novos relatórios sobre milhares de casos de abusos sexuais contra menores de idade cometidos por membros do clero em vários países.
Além disso, a Igreja é acusada de não ter feito o suficiente para enfrentar o problema. Assim, o papa Francisco foi colocado em uma encruzilhada em 2018.
O pontífice cometeu um erro no início deste ano durante uma viagem ao Chile e ao Peru, quando defendeu com fervor o bispo chileno Juan Barros, acusado de acobertar o padre pedófilo Fernando Karadima.
Depois, veio uma dura reação do episcopado chileno: a renúncia de todos os bispos do Chile. Mais tarde, foi aberta uma investigação e o pontífice pediu desculpas. Francisco acabou aceitando a renúncia de Barros e de outros bispos chilenos. No entanto, isso não foi suficiente para acalmar a opinião pública, que se sentia ofendida com anos de conivência e crimes.
Em agosto de 2018, os casos de contínuos abusos e de acobertamento voltaram a afetar a Igreja Católica após a publicação das conclusões da Corte da Pensilvânia, nos Estados Unidos, que documentava 300 casos de "padres predadores" sexuais em seis dioceses e cerca de mil vítimas menores de idade.
Depois, veio uma dura reação do episcopado chileno: a renúncia de todos os bispos do Chile. Mais tarde, foi aberta uma investigação e o pontífice pediu desculpas. Francisco acabou aceitando a renúncia de Barros e de outros bispos chilenos. No entanto, isso não foi suficiente para acalmar a opinião pública, que se sentia ofendida com anos de conivência e crimes.
Em agosto de 2018, os casos de contínuos abusos e de acobertamento voltaram a afetar a Igreja Católica após a publicação das conclusões da Corte da Pensilvânia, nos Estados Unidos, que documentava 300 casos de "padres predadores" sexuais em seis dioceses e cerca de mil vítimas menores de idade.
O escândalo acompanhou Francisco durante a viagem em 25 e 26 de agosto, à Irlanda, país que também foi palco de abusos sexuais de menores cometidos por padres.
Além disso, por causa das acusações de pedofilia, o papa foi obrigado a remover do seu círculo de conselheiros o cardeal australiano George Pell, responsável pela Economia do Vaticano, acusado e condenado por molestar sexualmente dois jovens na Austrália no final da década de 1990. Pell é o membro mais importante da hierarquia da Igreja Católica a ser julgado e condenado por este tipo de crime.
Reação dentro da Igreja Católica
Em agosto deste ano, o papa sofreu um duro ataque da parte do arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio em Washington, que pediu a renúncia do sumo pontífice. Viganò publicou uma carta de onze páginas acusando o papa Francisco de encobrir e não se pronunciar sobre os abusos sexuais do cardeal norte-americano Theodor McCarrick.
A carta foi publicada no último dia da conturbada viagem do papa à Irlanda. Um mês antes, o papa já havia retirado de McCarrick o posto de cardeal por essas mesmas denúncias, um fato inédito na Igreja desde 1928. Viganò afirmou na carta que em 2013 informou pessoalmente o papa sobre os abusos cometidos pelo cardeal. Mas o próprio religioso não apresentou documentos que provassem o alerta feito a Francisco.
A carta, uma acusação sem precedentes a um papa, escrita por uma autoridade em uma posição tão alta na hierarquia eclesiástica, foi publicada por diversos órgãos da mídia católica conservadora. No Vaticano, há rumores de que o ataque foi articulado pelo setor ultraconservador norte-americano.
No entanto, essa não foi a primeira vez que Francisco sofreu ataques dentro da própria Igreja Católica. Em 2016, o cardeal norte-americano Raymond Burke contestou a exortação apostólica Amoris Laetitia, publicação na qual o sumo pontífice considerou a possibilidade de os católicos que se divorciaram e voltaram a casar poderem aceder à comunhão. Os conservadores acusaram o papa de pôr em causa a indissolubilidade do matrimônio e de criar “desorientação e grande confusão entre muitos fiéis”.
Além disso, por causa das acusações de pedofilia, o papa foi obrigado a remover do seu círculo de conselheiros o cardeal australiano George Pell, responsável pela Economia do Vaticano, acusado e condenado por molestar sexualmente dois jovens na Austrália no final da década de 1990. Pell é o membro mais importante da hierarquia da Igreja Católica a ser julgado e condenado por este tipo de crime.
Reação dentro da Igreja Católica
Em agosto deste ano, o papa sofreu um duro ataque da parte do arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio em Washington, que pediu a renúncia do sumo pontífice. Viganò publicou uma carta de onze páginas acusando o papa Francisco de encobrir e não se pronunciar sobre os abusos sexuais do cardeal norte-americano Theodor McCarrick.
A carta foi publicada no último dia da conturbada viagem do papa à Irlanda. Um mês antes, o papa já havia retirado de McCarrick o posto de cardeal por essas mesmas denúncias, um fato inédito na Igreja desde 1928. Viganò afirmou na carta que em 2013 informou pessoalmente o papa sobre os abusos cometidos pelo cardeal. Mas o próprio religioso não apresentou documentos que provassem o alerta feito a Francisco.
A carta, uma acusação sem precedentes a um papa, escrita por uma autoridade em uma posição tão alta na hierarquia eclesiástica, foi publicada por diversos órgãos da mídia católica conservadora. No Vaticano, há rumores de que o ataque foi articulado pelo setor ultraconservador norte-americano.
No entanto, essa não foi a primeira vez que Francisco sofreu ataques dentro da própria Igreja Católica. Em 2016, o cardeal norte-americano Raymond Burke contestou a exortação apostólica Amoris Laetitia, publicação na qual o sumo pontífice considerou a possibilidade de os católicos que se divorciaram e voltaram a casar poderem aceder à comunhão. Os conservadores acusaram o papa de pôr em causa a indissolubilidade do matrimônio e de criar “desorientação e grande confusão entre muitos fiéis”.
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