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Mulheres acusam guru de Piracicaba de abuso; Ministério Público investiga

“O Diógenes entrou no quarto e começou a me acariciar. Falei repetidamente que queria tomar banho e descer para a sessão. Ele me deitou na cama, me segurou e tocou meu clitóris, contra a minha vontade. Ele me impedia de levantar e ignorava meus pedidos para parar. Eu não conseguia passar por cima dele e sair. Mais de uma vez falei que não queria aquilo.” (Isabela, pseudônimo)

Esse relato é de uma mulher que acusou o guru Diógenes Mira, 39, de abuso sexual. Ele também é conhecido como Ananda Ramana Das ou Ananda Joy (foto).

O templo do religioso fica em Piracicaba (SP) [mapa], onde moram dez pessoas por vez em  determinado período.

Ananda Joy é acusado
 de promover suruba com
uso de chá alucinógeno

Até agora, três mulheres denunciaram Ananda ao Ministério Público de São Paulo. O “Globo” ouviu quatro mulheres e dois homens que confirmam as acusações.

Casado com Adriana Valverde, 44, Ananda Joy disse ao jornal que é inocente e que sua advogada vai contestar as denúncias.

O guru usa o chá alucinógeno ayahuasca, o Santo Daime, em cerimônia tântrica individual e coletiva, com até 40 pessoas, para desbloquear emoções, compensar “atrasos espirituais” e romper “moralismos”.

Pelo que o jornal apurou, as pessoas (ou algumas delas) sabiam que o “tratamento” teria uma abordagem sexual, mas não eram informadas sobre exatamente o que poderia ocorrer.

Um relato sobre a “dança espontânea”, durante a qual o guru, vestido, esfregava o pênis ereto nas mulheres.

Quatro mulheres contaram à repórter Helena Borges que, entre 2009 e 2015, foram coagidas fisicamente ou por discurso espiritual pelo guru a fazerem sexo com ele.




Por estarem sob o efeito do ayahuasca, elas ficavam entregues ao guru, sem poder impor limite no assédio sexual. Mas também havia abuso sem a ingestão do chá.

O que havia era uma “dinâmica abusiva”, com manipulação da fé, da psicologia e de substâncias psicotrópicas, contaram dois homens.

Ananda também usava nas cerimônias maconha e drogas sintéticas, como ecstasy e o MDMA.

De acordo com a legislação, a abordagem do líder espiritual pode ser tipificada como estupro — sexo sem consentimento.

Um homem que não frequentava o templo, mas tinha contato com o guru, disse que o próprio Ananda lhe dizia que seus rituais de iniciação eram “surubas”.

A advogada Roberta Mantovani, que acionou o MP em nome das três referidas mulheres, disse que “podem existir outras vítimas e estamos abertas a ouvi-las”.

As denúncias por ser feitas pelo Ministério Público de São Paulo [somosmuitas@mpsp.mp.br].

Com a informação de “O Globo” e reprodução de foto do Facebook.




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