por Xico Graziano
para o Poder360
QC. Instituto Questão de Ciência. O nome é instigante, seu objetivo maior ainda: defender o uso de evidência científica nas políticas públicas. Fundamental.
Três são as prioridades da nova entidade, criada em São Paulo: a) lutar contra a adoção de terapias pseudocientíficas nos protocolos médicos oficiais, incluindo o SUS; b) influenciar o processo legislativo, em temas como biodiversidade, patrimônio genético e rotulagem de alimentos; c) combater a desinformação científica na publicidade e na mídia.
A inspiração do IQC veio de duas organizações civis estrangeiras: a americana Center for Inquiry e a britânica Sense About Science. A primeira se tornou conhecida no esclarecimento de supostos fenômenos paranormais. A segunda atua contra as propriedades “mágicas” dos detox e das pílulas homeopáticas.
Natália Pasternak, líder desse movimento brasileiro em defesa da ciência, critica fortemente o uso das chamadas “práticas integrativas e complementares” que passaram a ser aceitas no SUS, tais como a dança circular, a ozonioterapia e a aromaterapia.
Diz a bióloga da USP: “Tem um monte de coisas que fazem bem, como ouvir música, acariciar um gato ou tomar vinho. Mas não é porque uma coisa faz bem que você vai colocá-la no sistema público de saúde, com dinheiro do povo”. Perfeito.
É curioso notar que, a despeito da fantástica evolução do conhecimento científico, persistem ainda na sociedade certas crenças, mitos e superstições populares. Razões culturais, religiosas e ideológicas as explicam.
É tradicional, por exemplo, encontrar na entrada de lojas e residências um vaso com plantas que “espantam o mau olhado”.
Arruda, espada de S. Jorge e comigo-ninguém-pode são as mais famosas espécies utilizadas pelas donas de casa. Combatem a inveja e trazem prosperidade. Será?!
Simpatias e crendices, rezas e tabus teimosamente resistem ao iluminismo trazido pelo saber. Pior, porém, que as antigas ideias e receitas religiosas, aceitáveis por serem inofensivas, são algumas pajelanças modernas inventadas pela contestação ideológica.
A pregação contra as vacinas humanas, por serem desenvolvidas em laboratório com cobaias, ou a condenação dos produtos transgênicos, alimentos especialmente, são exemplos de novas manias, anticientíficas, surgidas recentemente.
Com uma diferença: ao contrário das pessoas mais simples, que desde seus tataravôs colocam folhas de arruda atrás da orelha, agora é gente sofisticada que inventa modos elitistas de vida, longe da correria do cotidiano ou distante da “opressão capitalista”.
Virou chique ser “alternativo”. Esquerda caviar.
Benvindo o Instituto Questão de Ciência. O Brasil está realmente precisando muito desse debate, sério e consistente, sobre a qualidade e a veracidade das informações públicas.
O fenômeno das fake news, que a todo preocupa, não afeta apenas a política. Ele ataca também a ciência.
Todo cuidado é pouco. A pseudociência é bem mais perigosa que uma crendice popular. Esta é ingênua, direta; aquela, maliciosa, dissimulada.
Um pote de sal grosso atrás da porta não prejudica ninguém; banir a proteína animal da face da Terra levaria milhões à subnutrição.
Vida longa ao Instituto Questão de Ciência. Uma democracia verdadeira exige cidadania consciente, capaz de discernir, com conhecimento de causa, sobre a veracidade das narrativas que lhes chegam aos ouvidos.
Para separar mitos da realidade concreta, há somente um caminho: aquele erigido pelo método científico. Fora dele, é puro achismo.
Xico Graziano é engenheiro agrônomo e doutor em Administração.
Aviso de novo post por e-mail
Instituto vai questionar o SUS por ter adotado terapias alternativas
Constelação familiar é uma pseudoterapia em ascensão
Nos EUA, ong denuncia farmácias por venda irresponsável de produtos homeopáticos
Saiba como identificar argumentações de divulgadores de pseudociência
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para o Poder360
QC. Instituto Questão de Ciência. O nome é instigante, seu objetivo maior ainda: defender o uso de evidência científica nas políticas públicas. Fundamental.
Três são as prioridades da nova entidade, criada em São Paulo: a) lutar contra a adoção de terapias pseudocientíficas nos protocolos médicos oficiais, incluindo o SUS; b) influenciar o processo legislativo, em temas como biodiversidade, patrimônio genético e rotulagem de alimentos; c) combater a desinformação científica na publicidade e na mídia.
A inspiração do IQC veio de duas organizações civis estrangeiras: a americana Center for Inquiry e a britânica Sense About Science. A primeira se tornou conhecida no esclarecimento de supostos fenômenos paranormais. A segunda atua contra as propriedades “mágicas” dos detox e das pílulas homeopáticas.
Agrônomo diz ser moda aderir à terapia sem comprovação científica |
Natália Pasternak, líder desse movimento brasileiro em defesa da ciência, critica fortemente o uso das chamadas “práticas integrativas e complementares” que passaram a ser aceitas no SUS, tais como a dança circular, a ozonioterapia e a aromaterapia.
Diz a bióloga da USP: “Tem um monte de coisas que fazem bem, como ouvir música, acariciar um gato ou tomar vinho. Mas não é porque uma coisa faz bem que você vai colocá-la no sistema público de saúde, com dinheiro do povo”. Perfeito.
É curioso notar que, a despeito da fantástica evolução do conhecimento científico, persistem ainda na sociedade certas crenças, mitos e superstições populares. Razões culturais, religiosas e ideológicas as explicam.
É tradicional, por exemplo, encontrar na entrada de lojas e residências um vaso com plantas que “espantam o mau olhado”.
Arruda, espada de S. Jorge e comigo-ninguém-pode são as mais famosas espécies utilizadas pelas donas de casa. Combatem a inveja e trazem prosperidade. Será?!
Simpatias e crendices, rezas e tabus teimosamente resistem ao iluminismo trazido pelo saber. Pior, porém, que as antigas ideias e receitas religiosas, aceitáveis por serem inofensivas, são algumas pajelanças modernas inventadas pela contestação ideológica.
A pregação contra as vacinas humanas, por serem desenvolvidas em laboratório com cobaias, ou a condenação dos produtos transgênicos, alimentos especialmente, são exemplos de novas manias, anticientíficas, surgidas recentemente.
Com uma diferença: ao contrário das pessoas mais simples, que desde seus tataravôs colocam folhas de arruda atrás da orelha, agora é gente sofisticada que inventa modos elitistas de vida, longe da correria do cotidiano ou distante da “opressão capitalista”.
Virou chique ser “alternativo”. Esquerda caviar.
Benvindo o Instituto Questão de Ciência. O Brasil está realmente precisando muito desse debate, sério e consistente, sobre a qualidade e a veracidade das informações públicas.
O fenômeno das fake news, que a todo preocupa, não afeta apenas a política. Ele ataca também a ciência.
Todo cuidado é pouco. A pseudociência é bem mais perigosa que uma crendice popular. Esta é ingênua, direta; aquela, maliciosa, dissimulada.
Um pote de sal grosso atrás da porta não prejudica ninguém; banir a proteína animal da face da Terra levaria milhões à subnutrição.
Vida longa ao Instituto Questão de Ciência. Uma democracia verdadeira exige cidadania consciente, capaz de discernir, com conhecimento de causa, sobre a veracidade das narrativas que lhes chegam aos ouvidos.
Para separar mitos da realidade concreta, há somente um caminho: aquele erigido pelo método científico. Fora dele, é puro achismo.
Xico Graziano é engenheiro agrônomo e doutor em Administração.
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