Pular para o conteúdo principal

Voto de ministro que criminaliza homofobia diz que pastores não podem incitar o ódio

A Constituição garante a ampla liberdade de religião, mas pregadores, como quaisquer outras pessoas, não podem incitar o ódio contra LGBTs. É o que decidiu o ministro Celso de Mello, do STF, em seu voto como relator da ADO (Ação Direta de Inconstitucional por Omissão), do PPS.


O decano do Supremo apresentou um voto denso e extenso, de 155 páginas, que tomou duas sessões, dos dias 14 de fevereiro de 2019 e 20.

Mello criminalizou a homofobia, equiparando-a ao crime de racismo porque que a lei não prevê punição a discurso de ódio contra minorias.

"O que estou a propor limita-se à mera subsunção [integração] de condutas homotransfóbicas aos diversos preceitos de incriminação definidos em legislação penal já existente, na medida em que atos de homofobia e transfobia constituem concretas manifestações de racismo", disse.

Ele concordou com o PPS de que o Congresso Nacional tem se omitido sobre a questão.



A punição implícita no voto de Mello é prisão em flagrante sem direito à fiança e pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa, conforme a legislação do crime de racismo, que é imprescritível.

Celso de Mello afirmou que, nos regimes democráticos, há a garantia de liberdade religiosa, inclusive com proselitismo em público, na radiodifusão, como ocorre no Brasil.

Afirmou que nenhuma crença pode ser impedida de cultivar seus livros sagrados, como a Bíblia, os quais são instrumentos para a divulgação de “valores essenciais” aos fiéis.

Mas isso não inclui a “incitação ao ódio”, é não só em relação às minorias, mas aos fiéis de outras denominações religiosas.

O ministro disse que, por exemplo, nenhum líder religioso pode chutar imagem de crença alheia, o que foi referência dele ao episódio na TV do pastor Sérgio von Helder, da Igreja Universal, com uma estátua de Nossa Senhora da Aparecida, em 1995.

Ele citou o jurista americano Oliver Wendell Holmes Jr. (1809-1894), Pai do Realismo Jurídico, que, em voto vencido na Suprema Corte, afirmou que a liberdade de expressão (e de religião, por extensão) se refere principalmente às vozes discordantes, porque ouvir quem tem a mesma opinião é fácil.

Denunciou que o fundamentalismo religioso tem perseguido os LGBTs (ver vídeo abaixo).

O ministro destacou que a separação entre Igreja e Estado é uma conquista da República, havendo uma demarcação nítida entre um e outro.

Diferentemente de países controlados por fundamentalistas islâmicos, afirmou Mello no segundo dia de seu voto, o Estado brasileiro “não tem preferência nem aversão a qualquer religião”.



Com informação de transmissão de TV Justiça e de outras fontes. Íntegra do voto.






Aviso de novo post por e-mail

É preciso proteger o Estado dos fundamentalistas religiosos

Direita usa homofobia cristã para manipular opinião pública

Mulher de Crivella escreve que gays são ‘ondas terríveis’





Estudo aponta que homofóbicos são homossexuais enrustidos


A responsabilidade dos comentários é de seus autores.

Comentários

RADIO DO ATEU disse…
lindo! atitude desse senhor.

Post mais lidos nos últimos 7 dias

Estado laico coloca a religião na esfera privada e impede que ela seja usada pelo governo

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Reação de aluno ateu a bullying acaba com pai-nosso na escola

O estudante já vinha sendo intimidado O estudante Ciel Vieira (foto), 17, de Miraí (MG), não se conformava com a atitude da professora de geografia Lila Jane de Paula de iniciar a aula com um pai-nosso. Um dia, ele se manteve em silêncio, o que levou a professora a dizer: “Jovem que não tem Deus no coração nunca vai ser nada na vida”. Era um recado para ele. Na classe, todos sabem que ele é ateu. A escola se chama Santo  Antônio e é do ensino estadual de Minas. Miraí é uma cidade pequena. Tem cerca de 14 mil habitantes e fica a 300 km de Belo Horizonte. Quando houve outra aula, Ciel disse para a professora que ela estava desrespeitando a Constituição que determina a laicidade do Estado. Lila afirmou não existir nenhuma lei que a impeça de rezar, o que ela faz havia 25 anos e que não ia parar, mesmo se ele levasse um juiz à sala de aula. Na aula seguinte, Ciel chegou atrasado, quando a oração estava começando, e percebeu ele tinha sido incluído no pai-nosso. Aparentemen...

Pai de vocalista dos Mamonas processa Feliciano por dizer que morte foi por ordem de Deus

Padre acusa ateus de defenderem com 'beligerância' a teoria da evolução

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Liminar derruba pai-nosso em escolas de Rio Preto. Vitória do Estado laico

Cristianismo é a religião que mais perseguiu o conhecimento científico

Cristãos foram os inventores da queima de livros LUÍS CARLOS BALREIRA / opinião As epidemias e pandemias durante milhares de anos antes do cristianismo tiveram as mais estapafúrdias explicações dos deuses. Algumas mentes brilhantes da antiguidade, tais como Imhotep (2686-2613 a.C.) e Hipócrates (460-377 a.C.) tentaram passar explicações científicas para as massas de fanáticos religiosos, ignorantes, bestas humanas. Com a chegada ao mundo das feras cristãs, mergulhamos numa era de 2000 anos de trevas e ignorância. Os cristãos foram os inventores da queima de livros e bibliotecas. O cristianismo foi a religião que mais perseguiu o conhecimento científico e os cientistas. O Serapeu foi destruído em 342 d.C. por ordem de um bispo cristão de Alexandria, sob a proteção de Teodósio I.  Morte de Hipatia de Alexandrina em ilustração de um livro do século 19 A grande cientista Hipátia de Alexandria (351/370) foi despida em praça pública e dilacerada viva pelas feras e bestas imundas cristãs...

O que houve com as entidades de defesa do Estado laico? Evaporou pelo Bule de Russell?