Comunidade judaica teme que seja associada ao conservadorismo de Bolsonaro e evangélicos
O uso crescente da bandeira de Israel por bolsonaristas e evangélicos tem incomodado a comunidade judaica brasileira, com o temor de que os judeus, progressistas, em larga escala, sejam associados ao conservadorismo do atual presidente brasileiro.
“Hoje a gente vê na política brasileira símbolos judaicos sendo usados por grupos conservadores. É algo que já vinha ocorrendo desde os protestos pelo impeachment da Dilma (Rousseff)”, diz o sociólogo Rfael Kruchin, coordenador do Instituto Brasil-Israel.
“Até por conta disso, começam a aparecer alguns comentários antissemitas.”
Ainda que não se aponham à transferência da embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém, judeus ressaltam que esse é um desejo dos evangélicos e não da comunidade judaica.
Fernando Lottenberg, presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil), disse que “é um reducionismo identificar o Estado de Israel com bandeiras da extrema-direita”.
“O presidente Bolsonaro tem uma admiração sincera pelo que Israel fez nessas décadas. Ele faz isso constantemente, mas não há necessariamente uma identidade entre a comunidade e o governo.”
Os evangélicos, principalmente os pentecostais, procuram se comportar como se fossem judeus porque acreditam que, assim, quando Jesus voltar, eles farão parte do “povo escolhido” para subir ao Céu.
Essa associação teológica forçada entre evangélicos e judeus se acentuou inicialmente nos Estados Unidos, com a eleição do presidente Trump.
O sionismo cristão agora se firma no Brasil, com a eleição do presidente de Bolsonaro, que pode ser descrito como um evangélico fundamentalista disfarçado de católico.
Tanto Trump quanto Bolsonaro se beneficiam com esse tipo de sionismo, contando com os evangélicos em sua base de sustentação política.
Para judeus progressistas, como o rabino Michel Schlesinger, os neopentecostais brasileiros podem causar danos à imagem de Israel e de seu povo.
“Uma leitura superficial do uso da bandeira de Israel pode levar a crer que existe uma identificação total entre a agenda evangélica e a de Israel”, disse.
“Na agenda de costumes, Israel é um país bastante progressista. Tem uma política de respeito à comunidade LGBT, um ministro assumidamente homossexual e liberdade ampla de escolha sobre aborto. Não é a mesma agenda”.
Com informação de “O Estado de S.Paulo”.
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