Pular para o conteúdo principal

Juíza manda prefeito de Aparecida parar de financiar obras de santuário

Juíza julgou que o prefeito
 Ernaldo Marcondes deixou
de destinar verba a obras de
interesse geral para privilegiar
os interesses dos católicos

A juíza Luciene Belan Ferreira Allemand, de Aparecida (SP), onde se encontra o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, determinou a “proibição definitiva” do financiamento pela prefeitura Municipal de obras referentes aos “300 anos de bênçãos”, que foram comemorados em outubro de 2017.

A proibição da juíza inclui as obras de caráter religioso em terrenos doados pela municipalidade.

Ela determinou, ainda, a remoção de monumentos religiosos espalhados na cidade em homenagem àquele evento da Igreja Católica.

Decretou a “nulidade da doação ou qualquer outra modalidade de cessão de direitos reais sobre terreno público utilizado para a construção do espaço/monumento religioso objeto dessa ação, denominado Parque dos 300 anos de bênçãos.”

Condenou o prefeito Ernaldo César Marcondes (MDB) a ressarcir aos cofres públicos o dinheiro que foi utilizado nas obras.

Assinada no dia 14 de outubro de 2019, a sentença da juíza Luciene Allemand decorreu de uma ação civil pública em caráter de urgência da ATEA (Associação Brasileira dos Ateus e Agnósticos), que tomou essa a iniciativa em defesa do Estado laico.

Thales Bouchaton, advogado da ATEA, disse que o julgamento da juíza Allemand é “histórico” porque demonstra que todos, independentemente de sua influência na sociedade, têm de se submeterem à Constituição.

Na tramitação do processo, a Prefeitura argumentou em sua defesa que os recursos foram liberados para incentivar o turismo religioso local, mas ela não informou o montante do cofre público já empenhado nas obras e quanto mais seria necessário para concluí-las, mesmo sendo intimada a prestar esclarecimentos.

A juíza reconheceu que os católicos têm o direito de defender seus interesses, mas isso não significa que esses religiosos exerçam, em Aparecida, o papel de “algoz do espaço [democrático] de todas as outras crenças”.

Além disso, a juíza evocou o artigo 19, inciso 1, da Constituição, que veda as instâncias de governo a subvencionar cultos religiosos ou igrejas.

Ressaltou que no Brasil há separação entre Estado e Igreja, o que significa que o “interesse público” não pode ser prejudicado, o que ocorre, por exemplo, quando o Estado patrocina um evento de conteúdo religioso.

A juíza afirmou na sentença que o prefeito Ernando César Marcondes “dispendeu vultosa quantia para a realização de obras para comemoração dos 300 anos do aparecimento da imagem de Nossa Senhora Aparecida”, desconsiderando “outras destinações de recursos de suma importância”, fazendo mau uso da arrecadação dos impostos cobrados de todos.

“A ilegalidade na doação dos bens públicos consiste na desídia do município em fornecer o mínimo necessário aos munícipes, como saúde, educação, fornecimento adequado de medicamento, segurança pública etc.”, afirmou.

“A administração, como é notório, vem gerindo os bens de forma equivocada, realizando doações que nem sequer são prioridade e que não acarretam benefícios à população.”

“Com isso, os direitos mínimos e básicos dos munícipes estão sendo menosprezados e o município vem dispondo de seus bens de maneira absolutamente aleatória, em total descompasso ao que determina a Constituição Federal.”

O Ministério Público tinha se manifestado pela improcedência da demanda da Atea, mas a juíza Luciene Allemand considerou que a investigação do órgão, via inquérito civil, foi unilateral “e tem índole meramente informativa, destinada apenas a colher elementos para o ajuizamento, se for o caso, da ação civil pública, por isso não se fazendo necessário estabelecer o contraditório”, nesse caso de julgamento antecipado.

Agora, a pedido da juíza, o Ministério Público terá de apurar “eventual improbidade administrativa”, que poderá resultar na cassação do prefeito.

Com informação da Atea e da íntegra da sentença.



Santuário Nossa Senhora Aparecida fatura R$ 100 milhões por ano

Igreja pega dinheiro da Copa para construir hotel de romeiros

Maioria dos fiéis de Nossa Senhora defende pena de morte, mostra pesquisa

Por que Estado laico interessa mais aos cristãos que aos ateus




Comentários

Anônimo disse…
Parabéns a ATEA e a juíza, senhor prefeito agora vá cuidar da saúde que está um caos, deixa que o Vaticano financie suas unidades comerciais, eles são ricos.
Anônimo disse…
O Gestor Público deve entender que não é dono da máquina pública, e praticar ações em prol de todos !!!

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Cristianismo é a religião que mais perseguiu o conhecimento científico

Cristãos foram os inventores da queima de livros LUÍS CARLOS BALREIRA / opinião As epidemias e pandemias durante milhares de anos antes do cristianismo tiveram as mais estapafúrdias explicações dos deuses. Algumas mentes brilhantes da antiguidade, tais como Imhotep (2686-2613 a.C.) e Hipócrates (460-377 a.C.) tentaram passar explicações científicas para as massas de fanáticos religiosos, ignorantes, bestas humanas. Com a chegada ao mundo das feras cristãs, mergulhamos numa era de 2000 anos de trevas e ignorância. Os cristãos foram os inventores da queima de livros e bibliotecas. O cristianismo foi a religião que mais perseguiu o conhecimento científico e os cientistas. O Serapeu foi destruído em 342 d.C. por ordem de um bispo cristão de Alexandria, sob a proteção de Teodósio I.  Morte de Hipatia de Alexandrina em ilustração de um livro do século 19 A grande cientista Hipátia de Alexandria (351/370) foi despida em praça pública e dilacerada viva pelas feras e bestas imundas cristãs. So

Estudante expulsa acusa escola adventista de homofobia

Arianne disse ter pedido outra com chance, mas a escola negou com atualização Arianne Pacheco Rodrigues (foto), 19, está acusando o Instituto Adventista Brasil Central — uma escola interna em Planalmira (GO) — de tê-la expulsada em novembro de 2010 por motivo homofóbico. Marilda Pacheco, a mãe da estudante, está processando a escola com o pedido de indenização de R$ 50 mil por danos morais. A primeira audiência na Justiça ocorreu na semana passada. A jovem contou que a punição foi decidida por uma comissão disciplinar que analisou a troca de cartas entre ela e outra garota, sua namorada na época. Na ata da reunião da comissão consta que a causa da expulsão das duas alunas foi “postura homossexual reincidente”. O pastor  Weslei Zukowski (na foto abaixo), diretor da escola, negou ter havido homofobia e disse que a expulsão ocorreu em consequência de “intimidade sexual” (contato físico), o que, disse, é expressamente proibido pelo regulamento do estabelecimento. Consel

Roger tenta anular 1ª união para se casar com Larissa Sacco

Médico é acusado de ter estuprado pacientes Roger Abdelmassih (foto), 66, médico que está preso sob a acusação de ter estuprado 56 pacientes, solicitou à Justiça autorização  para comparecer ao Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de São Paulo de modo a apresentar pedido de anulação religiosa do seu primeiro casamento. Sônia, a sua segunda mulher, morreu de câncer em agosto de 2008. Antes dessa união de 40 anos, Abdelmassih já tinha sido casado no cartório e no religioso com mulher cujo nome ele nunca menciona. Esse casamento durou pouco. Agora, o médico quer anular o primeiro casamento  para que possa se casar na Igreja Católica com a sua noiva Larissa Maria Sacco (foto abaixo), procuradora afastada do Ministério Público Federal. Médico acusado de estupro vai se casar com procuradora de Justiça 28 de janeiro de 2010 Pelo Tribunal Eclesiástico, é possível anular um casamento, mas a tramitação do processo leva anos. A juíza Kenarik Boujikian Felippe,  da 16ª

Drauzio Varella afirma por que ateus despertam a ira de religiosos

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Seleção de vôlei sequestrou palco olímpico para expor crença cristã

Título original: Oração da vitória por Daniel Sottomaior (foto) para Folha de S.Paulo Um hipotético sujeito poderoso o suficiente para fraudar uma competição olímpica merece ser enaltecido publicamente? A se julgar pela ostensiva prece de agradecimento da seleção brasileira de vôlei pela medalha de ouro nas Olimpíadas, a resposta é um entusiástico sim! Sagrado é o direito de se crer em qualquer mitologia e dá-la como verdadeira. Professar uma religião em público também não é crime nenhum, embora costume ser desagradável para quem está em volta. Os problemas começam quando a prática religiosa se torna coercitiva, como é a tradição das religiões abraâmicas. Os membros da seleção de vôlei poderiam ter realizado seus rituais em local mais apropriado. É de se imaginar que uma entidade infinita e onibenevolente não se importaria em esperar 15 minutos até que o time saísse da quadra. Mas uma crescente parcela dos cristãos brasileiros não se contenta com a prática privada: para

Com 44% de ateus, Holanda usa igrejas como livrarias e cafés

Livraria Selexyz, em Maastricht Café Olivier, em Utrecht As igrejas e templos da Holanda estão cada vez mais vazios e as ordens religiosas não têm recursos para mantê-los. Por isso esses edifícios estão sendo utilizados por livrarias, cafés, salão de cabeleireiro, pistas de dança, restaurantes, casas de show e por aí vai. De acordo com pesquisa de 2007, a mais recente, os ateus compõem 44% da população holandesa; os católicos, 28%; os protestantes, 19%; os muçulmanos, 5%, e os fiéis das demais religiões, 4%. A maioria da população ainda acredita em alguma crença, mas, como ocorre em outros países, nem todos são assíduos frequentadores de celebrações e cultos religiosos. Algumas adaptações de igrejas têm sido elogiadas, como a de Maastricht, onde hoje funciona a livraria Selexyz (primeira foto acima). A arquitetura realmente impressiona. O Café Olivier (a segunda foto), em Utrecht, também ficou bonito e agradável. Ao fundo, em um mezanino, se destaca o órgão da antiga ig

Bíblia diz que pastor tem de ganhar bem, afirma Malafaia

Malafaia disse  a Gabi  que ama os  gays como  ama os bandidos   Silas Malafaia (foto), da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, afirmou que a “Bíblia diz que pastor deve ganhar muito bem”. Ainda assim, afirmou ao ser entrevistado por Marília Gabriela , faz 25 anos que ele abriu mão do salário da igreja. Falou que seus rendimentos vêm de palestras e da venda de livros e CDS de sua editora, a Central Gospel. O pastor levou a sua declaração do Imposto de Renda ao  programa "De Frente com Gabi", apresentado ontem pelo SBT, para mostrar que seus bens dão o total de R$ 4,5 milhões, em valores atualizados. Afirmou que, por isso, vai processar a revista americana Forbes por ter lhe atribuído uma fortuna de R$ 300 milhões, quantia que o colocaria na terceira posição na lista de pastores mais ricos do Brasil, abaixo apenas de Edir Macedo e Valdemiro Santiago. Malafaia chamou o jornalista que escreveu a reportagem de “safado, sem vergonha, caluniador”, porque, disse, que

Suposto ativista do Anonymous declara guerra a Malafaia

Grupo Anonymous critica o enriquecimento de pastores O braço brasileiro dos ativistas digitais Anonymous (ou alguém que está se passando por eles) declarou guerra ao Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e aos demais pastores que pregam "mentiras" e “a prosperidade usando a Bíblia” para enriquecimento próprio. “Vamos buscar a fé verdadeira e a religião”, promete uma voz feminina gerada por um soft, de acordo com um vídeo de 14,5 minutos. As imagens reproduzem cenas de programas antigos do pastor pedindo aos fiéis, por exemplo, contribuição no valor de um aluguel, inclusive dos desempregados. Em contraposição, o vídeo apresenta o depoimento de alguns pastores que criticam a “teologia da prosperidade”. Resgata uma gravação onde Malafaia chama de “palhaço” um pastor cearense que critica a exploração dos fiéis. Como quase sempre, é difícil confirmar a autenticidade de mensagem dos Anonymous. Neste vídeo, o curioso é que os ativistas estão preocup