Os boçais tentam reprimir nos outros o que não conseguem reprimir neles mesmos |
O presidente Bolsonaro (foto) e a ministra Damares Alves (foto), da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, são legítimos representantes da boçalidade cristã.
O entendimento é do psicanalista Contardo Calligaris.
Ele lembra que Bolsonaro disse que pretende nomear para o STF um juiz "terrivelmente evangélico" e que antes Damares já tinha dito que o estado é laico, mas ela é "terrivelmente cristã".
Calligaris observa que tais afirmações só poderiam partir de boçais cristãs que tentam se impor por intermédio do medo.
E essa boçalidade ocorre porque "nenhum cristão consegue controlar seus desejos 'pecaminosos' e as dúvidas de sua fé.
"Quanto mais os desejos e as dúvidas o pressionam, tanto mais ele se torna boçal, ou seja, tenta reprimir nos outros tudo o que ele não consegue reprimir nele mesmo."
O psicanalista lembra que a boçalidade vem de longe, do primeiro milênio, quando a corrente de cristãos que se tornaria majoritária liquidou uma concorrente, o cristianismo hedonista, que não era tão chucro.
Na mesma época, os boçais cristãos destruíram a cultura clássica greco-romano.
"E a boçalidade vingou quando, na Renascença, a razão começou a semear dúvidas. Será que a terra é plana ou redonda? Será que está mesmo ao centro do universo? Os boçais foram deveras “terríveis”: para afastar as dúvidas que surgiam neles mesmos, eles se puseram a queimar bruxas e hereges."
"Há 400 anos, numa praça de Toulouse, um jovem filósofo, Giulio Cesare Vanini, foi executado por pensar que há leis da natureza e que talvez haja evolução das espécies. Antes de ser estrangulado e queimado (e que suas cinzas fossem no fim dispersadas), o algoz lhe cortou a língua, culpada por falar demais."
"A história de Vanini foi 400 anos atrás…o tempo passou, não é? Mas a clínica [psiquiátrica] mostra que os boçais continuam capazes de tudo para evitar encontrar seus próprios demônios."
Com informação da Folha de S.Paulo e foto da Agência Brasil.
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Uma ala do PT diz “que é preciso religar-se aos evangélicos, desbancando o público da ministra. A outra aposta que a única forma é mostrar que, ainda que a economia melhore, os frutos não chegarão ao andar de baixo”. Em números absolutos, Sergio Moro é ainda mais popular do que Damares Alves entre os mais pobres. O problema para a esquerda é duplo.
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