Um ex-funcionário da Ensign Peak Advisors, empresa que administra os bens e investimentos da Igreja Mórmon, denunciou ao SRF (Serviço da Receita Federal) dos Estados Unidos o desvio nos últimos anos de US$ 100 bilhões do dízimo. Tal quantia seria ajudar os pobres, mas foi investida nas empresas da Igreja. O montante supera a soma que o Google, Microsoft e Apple têm em caixa, em separado, para investir.
Nos Estados Unidos, dízimo e doações à caridade são isentos de impostos. Por conta disso, como no Brasil, igrejas não pagam Imposto de Renda.
O mórmon David A. Nielsen, 41, protocolou a denúncia no SRF no dia 21 de novembro de 2019.
Ele trabalhou até setembro de 2019 como gerente de investimentos da Ensign, onde teve acesso a documentos confidenciais, dos quais tirou cópia.
Por pertencer a uma igreja, a Ensign teria de operar exclusivamente em projetos sem fins lucrativos, como iniciativas beneficentes e educacionais, o que não tem ocorrido, segundo o ex-gerente de investimento.
Em 22 anos, a controladora dos recursos da Igreja não financiou nenhuma atividade de cunho social.
Em uma declaração por escrito, sob pena de perjúrio, Nielsen estimou que a Ensign, ao usar o dinheiro da caridade em investimentos, deixou de recolher bilhões de dólares ao SRF, ao longo dos últimos anos, lesando os cofres públicos, embora seja a controladora de shoppings, fazendas e outros empreendimentos comerciais.
Excesso de dinheiro e de corrupção na Igreja |
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (nome oficial da Igreja Mórmon) declarou ao The Washington Post que "cumpre todas as leis que regem doações, investimentos, impostos e reservas".
Alegou que as acusações "são baseadas em uma perspectiva estreita e em informações limitadas".
Em nota oficial, sem quantificar valores, a Igreja disse que a "maior parte" do que recebe em doações é "usada imediatamente para atender as necessidades crescentes da Igreja", incluindo templos, educação e trabalho missionário.
Admitiu, contudo, que, "por meio de uma sábia gestão financeira, há uma reserva prudente para o futuro".
“Esse é um sólido princípio doutrinário e financeiro ensinado pelo Salvador na Parábola dos Talentos e vivido pela Igreja e seus membros", acrescentou.
"Todos os fundos da Igreja existem por nenhuma outra razão senão apoiar a missão divinamente designada da Igreja.”
Em março de 2018, o bispo Gérald Caussé, da cúpula da Igreja, afirmou que a estratégia financeira da Igreja está vinculada às "profecias dos últimos dias".
Assim como a Igreja mantém silos de grãos e armazéns de emergência de alimentos, “também reserva metodicamente uma porção de suas receitas todos os anos para se preparar para possíveis necessidades [no fim do mundo]".
A organização de dezenas de documentos contáveis e a redação da denúncia ao SRF contou com a colaboração de Lars, consultor de saúde de Minnesota e irmão gêmeo de David Nielsen.
Lars afirmou que decidiu entregar uma cópia da denúncia ao The Washington Post sem a autorização do seu irmão porque, segundo ele, trata-se de uma informação muito importante para se mantida sob sigilo.
Antes de publicar a denúncia, o jornal submeteu a documentação a um perito, Philip Hackney, que é professor de direito tributário e foi funcionário do SRF.
"Uma instituição de caridade que só acumula doações ano após ano e não gasta nada com os necessitados não atende aos requisitos da lei tributária", disse ele.
Se o desvio do dinheiro for confirmado pelas autoridades, David Nielsen terá direito a uma recompensa que o SRF dá a quem denunciar fraude na declaração de impostos.
Como outras igrejas, a Mórmon cobra 10% do total do que ganha cada fiel, e poucos deles, no caso, deixam de cumprir essa obrigação considerada bíblica.
A Igreja também cobra acréscimos para, segundo ela, manter programas específico.
A mensalidade para cobrir os gastos dos jovens missionários, por exemplo, varia de US$ 400 a US$ 500 por fiel comprometido com o programa.
Pela informação de David Nielsen, o total de dízimo e contribuições anuais da Igreja Mórmon é de aproximadamente US$ 7 bilhões.
Desse dinheiro, US$ 6 bilhões são usados para cobrir custos operacionais e US$ 1 bilhão é remetido para uma carteira de investimento da Ensign.
Um relatório da Igreja publicado em 2018 diz que desde 1985 ela gastou US$ 2,2 bilhões em caridade — praticamente em relação ao total arrecadado no período.
Nielsen acrescentou a sua denúncia que as lideranças da Igreja fazem forte pressão para tirar dinheiro dos fiéis.
Ele contou haver fiéis que adiam o pagamento de contas essenciais, como a da luz e água, para ficar em dia com o dízimo, porque ninguém quer enfrentar Cristo em sua segunda vinda à Terra.
Assim como a Igreja mantém silos de grãos e armazéns de emergência de alimentos, “também reserva metodicamente uma porção de suas receitas todos os anos para se preparar para possíveis necessidades [no fim do mundo]".
A organização de dezenas de documentos contáveis e a redação da denúncia ao SRF contou com a colaboração de Lars, consultor de saúde de Minnesota e irmão gêmeo de David Nielsen.
Lars afirmou que decidiu entregar uma cópia da denúncia ao The Washington Post sem a autorização do seu irmão porque, segundo ele, trata-se de uma informação muito importante para se mantida sob sigilo.
Antes de publicar a denúncia, o jornal submeteu a documentação a um perito, Philip Hackney, que é professor de direito tributário e foi funcionário do SRF.
"Uma instituição de caridade que só acumula doações ano após ano e não gasta nada com os necessitados não atende aos requisitos da lei tributária", disse ele.
Se o desvio do dinheiro for confirmado pelas autoridades, David Nielsen terá direito a uma recompensa que o SRF dá a quem denunciar fraude na declaração de impostos.
Como outras igrejas, a Mórmon cobra 10% do total do que ganha cada fiel, e poucos deles, no caso, deixam de cumprir essa obrigação considerada bíblica.
A Igreja também cobra acréscimos para, segundo ela, manter programas específico.
A mensalidade para cobrir os gastos dos jovens missionários, por exemplo, varia de US$ 400 a US$ 500 por fiel comprometido com o programa.
Pela informação de David Nielsen, o total de dízimo e contribuições anuais da Igreja Mórmon é de aproximadamente US$ 7 bilhões.
Desse dinheiro, US$ 6 bilhões são usados para cobrir custos operacionais e US$ 1 bilhão é remetido para uma carteira de investimento da Ensign.
Um relatório da Igreja publicado em 2018 diz que desde 1985 ela gastou US$ 2,2 bilhões em caridade — praticamente em relação ao total arrecadado no período.
Nielsen acrescentou a sua denúncia que as lideranças da Igreja fazem forte pressão para tirar dinheiro dos fiéis.
Ele contou haver fiéis que adiam o pagamento de contas essenciais, como a da luz e água, para ficar em dia com o dízimo, porque ninguém quer enfrentar Cristo em sua segunda vinda à Terra.
• Igreja Mórmon destina apenas 0,7% de sua receita à caridade
• Mórmon diz a africanos que dízimo acabará com a pobreza deles
• Site de ex-fiel ajuda 40.000 pessoas a saírem da Igreja Mórmon
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