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Cantora Karina Buhr afirma ter sido estuprada pelo babalorixá Dito d'Oxóssi

Karia publicou na rede social
longo texto onde conta como
 teve a sua mente sequestrada
 pelo sacerdote de umbanda


A cantora e percussionista Karina Buhr (foto) fez um longo relato na rede social com a denúncia de que foi estuprada pelo babalorixá Expedito Paula Neves (foto), o Dito d'Oxóssi, além de sofrer extorsão.

Também vocalista do afoxé Ylê de Egbá, Neves, 58, morreu no dia 15 de dezembro de 2019 de parada cardiorrespiratória. Era casado e deixou cinco filhos, netos e uma bisneta.

Antes, havia um ano, Buhr já tinha contado à promotora Henriqueta de Belli, do Ministério Público de Pernambuco, como foi enganada por Neves, mas a cantora não formalizou a denúncia com a abertura de um processo por temer represálias. O depoimento durou três horas.

Em texto publicado no dia 23 de dezembro de 2019 na rede social Medium, Karina Buhr conta como foi manipulada pelo Dito d'Oxóssi de 1998, quando começou a frequentar o terreiro do babalorixá em Olinda, a 2002.

Ela relata que sofreu abuso em três ocasiões.



O primeiro deles, em 2.000, Dito d'Oxóssi foi ao apartamento dela dizendo estar incorporando a entidade “Malandrinho”.

Karina Buhr afirma que de fato acreditava estar diante da entidade.

‘Ele [Dito d'Oxóssi/Malandrinho] me levou pro quarto, me mandou ajoelhar no chão e agiu como se fosse começar uma daquelas sessões de conselho. Achei estranho o pedido pra ajoelhar, mas fiz. Ele então abriu o cinto, abriu a calça e botou o pênis na minha boca. Fiquei aturdida, paralisada de medo, de culpa, de vergonha, embora eu estivesse sendo vítima de algo que nem sabia ainda o que era'.

Após o abuso, Dito d'Oxóssi começou a agir como se fosse ele mesmo, não mais o 'Malandrinho', dizendo não entender como tinha chegado ali.

O segundo abuso, segundo Karina Buhr, ocorreu em 2001.

"Enquanto falava e dava conselhos, ele Dito d'Oxóssi abriu a calça. Me encostou na mesa e me estuprou com penetração de novo, eu de novo chorando, na sala da minha mãe, com todo medo, culpa e tristeza aumentados por conta disso".

Na terceira vez, Karina estava no carro dele.

"Ele foi botando o pênis pra fora enquanto dirigia o carro, puxando minha cabeça e enfiando na minha boca pra que eu repetisse tudo aquilo e falando que eu tinha me tornado mais forte, que minha mente estava tranquila. Mas eu estava destruída por dentro.”

Na quarta vez, o abuso ocorreu no terreiro do Dito d'Oxóssi. Karina não se lembra como ocorreu o assédio porque, a pedido do babalorixá, ela tomou muita bebida alcoólica.

Karina contou que as extorsões de dinheiro começaram antes dos abusos e prosseguiram por todo o tempo em que ela frequentou o terreiro.

Supostas entidades espirituais - como “Malunguinho”, “Ritinha”, “Mestre Paulo” e “Aninha” - incorporadas no babalorixá pediam até R$ 5.000 para que Dito d'Oxóssi comprassem para elas joias e instrumentos musicais.

“Coações, extorsões diárias, por anos, me mantiveram presas àquela estrutura que me escravizava o corpo, a mente e a alma. Eu via pessoas se aproximarem dele e se afastarem, mas eu não conseguia me afastar”, escreveu.

“O sequestro da minha mente, não consigo falar de outra forma, era fomentado e fortalecido a cada dia, a ponto de eu não ter mais noção do que era certo e errado. [...] um ciclo de violência mental assustador.”

Karina Buhr afirma que decidiu revelar ao público a sua história porque se encorajou com as mulheres que denunciar os abusos do médium João de Deus, no programa de entrevista de Bia, na TV Globo.

Ela também diz ainda que se sentiu incomodada com as homenagens que vinham sendo prestadas na Bahia a Dito d'Oxóssi, como se ele tivesse se tornado uma divindade, sendo um exemplo a seguir. 

O terreiro e a família do babalorixá não se manifestaram sobre a denúncia.

Neves incorporava entidades
 como 'Malandrinho', 'Malunguinho',
 'Ritinha', 'Mestre Paulo' e 'Aninha'

Com informações da rede social Medium e de outras fontes, com fotos de divulgação.





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