Os milhões de reais que igrejas deixarão de pagar na conta de luz terão de ser compensados por todos os consumidores |
[texto opinativo] A intenção do presidente Jair Bolsonaro de conceder subsídio na conta de luz aos grandes templos religiosos significa, na prática, um roubo no bolso de todos os consumidores de energia elétrica.
E por um simples motivo: os milhões que as igrejas deixarão de pagar anualmente na conta de luz terão de ser compensados pelos demais usuários. Não há milagre. Não há multiplicado de energia, diferentemente, portanto, do que Jesus teria feito com peixes.
Além de pisotear na laicidade de Estado, que impede que o governo beneficie crenças religiosas, o roubo de Bolsonaro em favor das grandes igrejas prejudicará sobretudo a população mais pobre da sociedade, que já paga a conta de luz com dificuldade.
Os mega-templos, como os da Igreja Universal, estão conectados à rede de alta tensão e pagam uma taxa maior no horário de pico, como ocorre com todos os grandes consumidores, como os shoppings centers.
De acordo com minuta do decreto infame do governo, os grandes templos deixaram de pagar a mais pela energia das 18h às 23h.
O próprio ministro Paulo Guedes, da Economia, é contra a intenção de Bolsonaro porque a medida não se encaixa no ideário da economia liberal, pela qual o que vale é a lei do mercado, para todos.
Se dependesse de Guedes, haveria um novo imposto para as grandes movimentações de dinheiro das igrejas, e não a concessão de benefício, como Bolsonaro quer.
Afinado com Guedes, o economista Marcos Cintra não ficou muito tempo como secretário da Receita Federal depois que ele defendeu que os fiéis pagassem um imposto sobre o dízimo.
Os fundamentalistas evangélicos pressionaram Bolsonaro a demitir Cintra.
Com a popularidade em baixa, Bolsonaro quer agradar os evangélicos, que continuam sendo a maioria de sua sustentação política.
E para agradá-los, pelo visto, o presidente está disposto a encarecer a conta de luz de todos os brasileiros.
Os evangélicos representam cerca de 30% dos brasileiros.
Se os 70% da população não reagir às decisões teocráticas de Bolsonaro, eles vão pagar caro por isso, e não só na conta de luz.
Com informação da Agência Brasil e de outras fontes.
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