Dom Tempesta não faz menção aos evangélicos, que estão se tornando hegemônicos |
Ele disse que o Brasil “corre o perigo de ser um país confessional ateu, e não um país laico que respeita todas as religiões”.
A afirmação foi feita durante missa no dia 20 de janeiro de 2020, para celebrar São Sebastião, o padroeiro do Rio.
“Nosso país corre o perigo de ver uma teocracia ateia, de ser um país confessional ateu, e não um país laico que respeita todas as religiões. Nós vemos que um pouco essa maneira de pensar vai cada vez mais sendo propagada em todos os cantos”, disse.
Os fatos mostram uma realidade diferente: o país está cada vez mais se convertendo ao cristianismo conservador, com a expansão dos evangélicos e da intolerância deles em relação a adeptos de religiões de matriz africana e aos católicos.
Quem desrespeita todas as religiões, como quem já festeja a hegemonia futura, são as franjas mais radicais dos evangélicos.
Se o Brasil está se transformando é uma teocracia, ela é evangélica, não ateia.
O arcebispo deveria ter a coragem de dizer isso.
Mas é possível que dom Tempesta coloque os evangélicos no mesmo patamar que os ateus.
Se for isso, ele está sendo preconceituoso contra os evangélicos e os ateus.
Falar em “teocracia ateia” em um país onde os ateus representam 1% da população, segundo o Datafolha, é usar o ateísmo como signo negativo para criticar os evangélicos.
Falar em “teocracia ateia” em um país onde o fundamentalismo evangélico está se infiltrando nas políticas públicas, no governo de um presidente para o qual “Deus está acima de tudo”, é coisa de gente que não enxerga um palmo além do nariz.
O curioso é que, em sua pregação, Tempesta não faz sequer uma menção aos evangélicos, que em poucos anos vão superar os católicos no Brasil.
Em um trecho do sermão, o arcebispo parece se referir ao Especial de Natal 2019 do Porta dos Fundos, que apresenta Jesus como homossexual.
“[...] em nosso país nós vemos os últimos acontecimentos como falar contra Cristo, Maria e os cristãos católicos parece que, além de render muito dinheiro, interessa as pessoas” e que se “impõem porque acham que podem fazer tudo”.
Dom Tempesta deveria se poupar de fazer o papel de ridículo ao se preocupar com um grupo de humor que exerce o seu direito à liberdade de expressão.
Em vez disso, ele deveria prestar mais atenção em suas ovelhas que estão pulando a cerca, aumentando o rebanho evangélico.
Com informação do site católico Acidigital e foto de divulgação.
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