Fanatismo religioso leva mãe a renegar a própria filha |
por Vanessa Pimentel
Minha mãe também deixou de falar comigo. Quando o fazia, era para implicar com algo.
Na época, eu trabalhava como empregada doméstica e estudava radiologia. Sentia que estava sendo muito injustiçada, pois não estava fazendo nada de errado.
Um dia, depois de voltar ao trabalho, tivemos uma briga, e ela veio para cima de mim. Meu pai, que não fazia oposição a ela, nos separou.
Não demorou, para que minha mãe jogasse minhas coisas na ruda, dizendo que ali não tinha mais espaço para mim.
Fique tão revoltada que chamei a polícia. Entrei novamente na casa, peguei o restante das minhas coisas e não sabia o que fazer e nem para aonde ir. Acabei ligando para o meu namorado, cuja família é também religiosa, e ele me acolheu.
Por pressão deles, nos casamos. Na época, eu estava com 22 anos. Mas a situação toda começou com que começamos a nos estranhar. Não nos dá mais tão bem. Acabamos nos separando logo em seguida.
Depois disso, acabei voltando a morar na casa da minha mãe. Eu ainda não ganhava o suficiente com as faxinas para pagar um aluguel.
Não demorou e nos desentendemos novamente pela pressão que ela fazia para que eu voltasse a frequentar como reuniões religiosas.
Minha situação melhor quando uma vizinha me ofereceu um quarto para morar por um preço baixo. Então, consegui me reestruturar. Fui trabalhar na área da saúde, conheci um rapaz, me casei e temos dois filhos.
Ainda tenho contato com minha família, mas tudo é difícil. Minha mãe não deseja persuadir e até cantar, tanto eu quanto meus irmãos, para voltar a frequentar as reuniões do grupo.
Por causa disso, passamos longos períodos sem falar. Apesar de ter conseguido organizar minha vida, até hoje tenho sonhos constantes com o momento em que eu vi na rua, sem ter ideia de como seriamente a minha vida dali para frente. "
Vanessa Pimentel, 33, é radiologista. Seu depoimento foi publicado inicialmente no site Universa, com o título "Jogou minhas coisas na rua".
ex-Testemunha de Jeová
Conforme fui crescendo, fui me irritando com essa obrigação, mas continuando fazendo porque sabia que era importante para minha mãe.
Contudo, minha vida virou um inferno quando comecei a namorar um rapaz, aos 17 anos. Como ele não pertencia à religião, passava a ser tratado de forma diferente pelos demais, pois estava fazendo algo que era contra as regras.
Em casa, também senti uma diferença na convivência. Tudo o que fazia estava errado, tinha algum defeito.
Mesmo assim, continuei com o relacionamento com o meu namorado. Até tivemos relações sexuais, o que não é permitido pela religião antes do casamento.
O sentimento de culpa em mim era muito grande, então contei para minha mãe. Tudo piorou: ela escondeu algumas comidas e disse aos meus irmãos que eu não era merecedora delas, além de delegar como funções domésticas todas para mim.
Um dia procurei os anciãos do grupo e contei o que tinha feito. Fui obrigada a passar por uma espécie de julgamento: em ritual como esse, a pessoa deve dizer o que fez de errado, entrando em detalhes. O resultado é que fui expulsa da religião.
"Quando eu tinha dois anos, minha mãe começou a frequentar uma religião [Testemunhas de Jeová]. Por causa disso, fui participante ativa desde a infância. Depois de dez anos, fui batizado e passei a assumir mais responsabilidades dentro do grupo. Todos os sábados, precisamos executar o serviço de bater de porta em porta, chamando as pessoas para conversar.
Conforme fui crescendo, fui me irritando com essa obrigação, mas continuando fazendo porque sabia que era importante para minha mãe.
Contudo, minha vida virou um inferno quando comecei a namorar um rapaz, aos 17 anos. Como ele não pertencia à religião, passava a ser tratado de forma diferente pelos demais, pois estava fazendo algo que era contra as regras.
Em casa, também senti uma diferença na convivência. Tudo o que fazia estava errado, tinha algum defeito.
Mesmo assim, continuei com o relacionamento com o meu namorado. Até tivemos relações sexuais, o que não é permitido pela religião antes do casamento.
O sentimento de culpa em mim era muito grande, então contei para minha mãe. Tudo piorou: ela escondeu algumas comidas e disse aos meus irmãos que eu não era merecedora delas, além de delegar como funções domésticas todas para mim.
Um dia procurei os anciãos do grupo e contei o que tinha feito. Fui obrigada a passar por uma espécie de julgamento: em ritual como esse, a pessoa deve dizer o que fez de errado, entrando em detalhes. O resultado é que fui expulsa da religião.
Minha mãe também deixou de falar comigo. Quando o fazia, era para implicar com algo.
Na época, eu trabalhava como empregada doméstica e estudava radiologia. Sentia que estava sendo muito injustiçada, pois não estava fazendo nada de errado.
Um dia, depois de voltar ao trabalho, tivemos uma briga, e ela veio para cima de mim. Meu pai, que não fazia oposição a ela, nos separou.
Não demorou, para que minha mãe jogasse minhas coisas na ruda, dizendo que ali não tinha mais espaço para mim.
Fique tão revoltada que chamei a polícia. Entrei novamente na casa, peguei o restante das minhas coisas e não sabia o que fazer e nem para aonde ir. Acabei ligando para o meu namorado, cuja família é também religiosa, e ele me acolheu.
Por pressão deles, nos casamos. Na época, eu estava com 22 anos. Mas a situação toda começou com que começamos a nos estranhar. Não nos dá mais tão bem. Acabamos nos separando logo em seguida.
Depois disso, acabei voltando a morar na casa da minha mãe. Eu ainda não ganhava o suficiente com as faxinas para pagar um aluguel.
Não demorou e nos desentendemos novamente pela pressão que ela fazia para que eu voltasse a frequentar como reuniões religiosas.
Minha situação melhor quando uma vizinha me ofereceu um quarto para morar por um preço baixo. Então, consegui me reestruturar. Fui trabalhar na área da saúde, conheci um rapaz, me casei e temos dois filhos.
Ainda tenho contato com minha família, mas tudo é difícil. Minha mãe não deseja persuadir e até cantar, tanto eu quanto meus irmãos, para voltar a frequentar as reuniões do grupo.
Por causa disso, passamos longos períodos sem falar. Apesar de ter conseguido organizar minha vida, até hoje tenho sonhos constantes com o momento em que eu vi na rua, sem ter ideia de como seriamente a minha vida dali para frente. "
Vanessa Pimentel, 33, é radiologista. Seu depoimento foi publicado inicialmente no site Universa, com o título "Jogou minhas coisas na rua".
Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores
Ex-fiel diz por que as Testemunhas de Jeová são uma 'seita destrutiva'
MP da Itália investiga perseguição de Testemunhas de Jeová à ex-fiel
Revista das Testemunhas de Jeová afirma que ex-fiéis são 'doentes mentais'
Comentários
Postar um comentário