SAIBA POR QUE ALGUMAS DAS 'INFORMAÇÕES' QUE VOCÊ LEU NÃO SÃO VERDADEIRAS |
por Jornal da USP
Mensagem: O novo coronavírus pode não mostrar sinais de infecção por muitos dias, como saber se está infectado. Quando tiver febre e/ou tosse e ir ao hospital, os pulmões geralmente têm 50% de fibrose e é tarde demais!
Os especialistas de Taiwan fornecem uma autoavaliação simples que podemos fazer todas as manhãs: respire fundo e prenda a respiração por mais de 10 segundos. Se você completá-lo com sucesso sem tossir, sem desconforto, congestão ou aperto etc, isso prova que não há fibrose nos pulmões, basicamente indicando que não há infecção.
Em tempos críticos, verifique todas as manhãs em um ambiente com ar limpo!
Explicação: É verdade que após “pegar” o vírus podemos passar vários dias sem ter nenhum sintoma até a doença “aparecer”. Chamamos isso de período de incubação. Mas não é verdade que ao termos tosse e febre os pulmões já estão com 50% de fibrose.
A fibrose pulmonar é uma condição em que o pulmão ”ganha várias cicatrizes”, ficando mais “duro”, e isso dificulta a respiração. Mas isso leva anos para acontecer. A fibrose acontece quando a pessoa tem uma doença crônica, como doenças reumáticas, ou fica exposta no trabalho a coisas que causam inflamação nos pulmões. Infecção pelo coronavírus não causa fibrose pulmonar.
E o diagnóstico de fibrose envolve sete etapas diferentes de exames, além de toda uma avaliação clínica pelo médico. Prender o ar por 10 segundos não faz parte das etapas de diagnóstico.
Mensagem: CONSELHOS EXCELENTES SÉRIOS por médicos japoneses que tratam casos de COVID-19. Todos devem garantir que sua boca e garganta estejam úmidas, nunca SECA. Tome alguns goles de água a cada 15 minutos, pelo menos. POR QUE? Mesmo que o vírus entre em sua boca … beber água ou outros líquidos os lavará pelo esôfago e pelo estômago. Uma vez lá na barriga … seu ácido do estômago matará todo o vírus. Se você não beber água suficiente com mais regularidade … o vírus pode entrar nas traquéias e nos PULMÕES. Isso é muito perigoso.
Explicação: Manter a hidratação do nariz e da boca realmente dificulta a infecção pelo vírus, mas não tem nada a ver com “lavar” o vírus pelo esôfago/estômago. Nosso nariz produz um muco natural que nos protege contra vírus e bactérias ao formar uma camada protetora em cima das nossas células. Quando estamos desidratados ou o tempo está muito seco, a quantidade desse muco diminui, e isso facilita a entrada dos vírus e bactérias. Manter-se hidratado ajuda o corpo a se proteger de infecções respiratórias, mas não é uma garantia: depende do número de vírus que entrar no seu nariz/boca.
As melhores medidas para se proteger são: lavar as mãos após cumprimentar pessoas e usar o transporte público (ou tocar em qualquer coisa pública), manter-se hidratado, comer de forma saudável e evitar aglomerações de pessoas.
Mensagem: Trata-se de um artigo escrito por um médico pesquisador que se transferiu de Shenzen para WUHAN para estudar mais profundamente o CORONAVIRUS.
Alerta: Se a mensagem cita um artigo, mas não o mostra, desconfie. São grandes as chances de ser uma mensagem falsa.
Mensagem: O vírus é fraco e não resiste ao calor. Temperaturas de 26 ou 27° C já matam o dito cujo.
Explicação: A temperatura média do nosso corpo varia entre 36°C e 37°C. Se o vírus “morresse” a 26°C não seria capaz de causar uma infecção em humanos. Se o vírus estiver fora do corpo em um ambiente com temperatura alta, entre 30°C e 40°C, ele dura menos tempo “vivo”, porque vai “desidratar” rápido, mas continua sendo capaz de causar infecção por bastante tempo.
Mensagem: Uma das características do vírus é a tosse seca. Por 3 a 4 dias ele fica restrito à garganta. Assim, nesta fase fazer gargarejos já ajuda a minimizar o impacto. A 2a fase da doença dura 5 a 6 dias e nesta fase o vírus causa coriza e também infecta os pulmões causando pneumonia. A doença vencida este prazo se torna letal…a pessoa tem a sensação de estar respirando debaixo d’água.
Explicação: O coronavírus covid-19 (atual), assim como o SARS-CoV (2002), infecta as células do pulmão, não da garganta ou do nariz. Eles usam o nariz e a garganta como porta de entrada no corpo apenas. A tosse e a coriza (nariz escorrendo) são sintomas do vírus se multiplicando e o nosso corpo reagindo. Fazer gargarejos não vai matar o vírus, mas pode aliviar aquela coceira na garganta. Por infectar as células do pulmão, ele pode mesmo causar pneumonia, mas isso só acontece nas pessoas mais debilitadas, com imunidade muito baixa, principalmente idosos (mais de 80 anos). Em pessoas jovens (menos de 40 anos) ele causa uma gripe e a taxa de mortalidade é de 0,2%, ou seja: morrem 2 pessoas a cada 1.000 infectadas. Não há motivo para pânico.
Mensagem: O vírus fica resistente nas mãos por 10′. Assim, lavar as mãos frequentemente é muito importante é eficaz. Mas deve-se evitar coçar os olhos ou nariz pois ele se propaga fácil.
Explicação: Não existem artigos que tenham medido quanto tempo o vírus dura nas mãos, mas é verdade que nossas mãos são as principais transmissoras de vírus e bactérias. Lave as mãos após cumprimentar várias pessoas e tocar em objetos públicos, como corrimãos e maçanetas, e após usar o transporte público. Se não tiver como lavar as mãos imediatamente, o álcool em gel é uma boa alternativa.
Mensagem: O vírus é muito mais resistente em superfícies metálicas onde pode se manter vivo por até 12 horas. Assim, evitar passar as mãos em corrimãos é importantíssimo.
Explicação: Os coronavírus não duram 12h, mas sim duram de 2 horas até 9 dias em qualquer superfície, não só as metálicas. O tempo que ele vai durar depende de quantos vírus estão ali, da temperatura e umidade do ar (quanto mais frio e úmido, mais tempo ele dura). Evite tocar em superfícies de locais públicos e lave as mãos se tocar.
Mensagem: Conselhos: Beber água quente ou chás quentes para matar o vírus.
Explicação: Chá quentinho é gostoso, mas não vai matar o vírus. O vírus infecta os pulmões, mas o chá não chega até lá.
As explicações são de Laura de Freitas, farmacêutica-bioquímica, mestra e doutora em Biociências e Biotecnologia, e pesquisadora da USP.
Ela pede para quem receber alguma mensagem duvidosa ou tiver mais dúvidas, entrar em contato com a equipe do Nunca vi 1 Cientista pelo e-mail nuncaviumcientista@gmail.com, Facebook ou Instagram. E nunca compartilhar mensagens que você não possa checar a fonte das informações.
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