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13 teorias da conspiração sobre o coronavírus. Ou: a bolsa ou a vida?

Maria Fernanda Guimarães       O novo coronavírus (SARS-CoV-2) se espalha  pelo mundo gerando a Covid-19. Mas as teorias da conspiração sobre o vírus parecem contagiar mais rápido do que a doença.  Não sabemos ao certo  quanto dano a Covid-19  vai trazer em termos de saúde e finanças.  Mas é razoável a gente ficar  muito preocupada.  Em ambos os aspectos.


TEORIA DA CONSPIRAÇÃO SEMPRE
SE APROVEITA  QUE UMA TESE
CIENTÍFICA TEM MUITOS LADOS  


Nesta esteira, surgem conspiracionismos políticos e financeiros, esquemas mirabolantes, mitos históricos e científicos. Teorias da conspiração poderiam ser apenas engraçadas. O problema está nas pessoas que nelas acreditam, gerando mortes,  e até incidentes diplomáticos.  À direita e à esquerda,  surgem também opiniões: é tudo uma farsa, uma conspiração  para a economia parar. Nos temos de sobreviver. O próprio presidente Bolsonaro tem ecoado essa  teoria e gerado um monte de atrapalhada política para ele mesmo.

Além disso, todos os dias, o  WhatsApp, o Telegram, e o Messenger do Facebook, sites e blogs, YouTube, Vimeo ou qualquer outra plataforma se enchem dessas falsas notícias, de alarmismos ou adesões às teorias mais estapafúrdias e sem nenhuma base científica.


TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO EXPLORAM
DIFICULDADE DAS PESSOAS EM 
CHECAR A VERACIDADE DE UM FATO


Ninguém sabe o que vai acontecer. Alguém acha, de verdade,   que a Alemanha, o Canadá  e o Japão, países altamente capitalistas, parariam sua economia a troco de nada? 

O que se conclui é que como ninguém sabe de nada, parece que  estamos diante de um salteador de estradas  nos pergunta todo dia à nossa imaginação: "a bolsa ou a vida?".



TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO
SE UNEM ÀS FAKE-NEWS PARA
PREJUDICAR AS NORMAS
SANITÁRIAS CONTRA A COVID-19

A maioria delas procura avisar, em cores alarmistas e tom estridente,  sem qualquer fundamento científico ou factual,  que atores ocultos e poderosos planejam uma ação tenebrosa contra um ou outro país, contra um governante, um político, uma etnia, um grupo enfim. Como se os 7 bilhões de seres humanos fossem seus títeres.

Fizemos um levantamento dos 13 conspiracionismos mais comuns sobre o SARS-CoV-2 e como podem ser tão nocivos às sociedades quanto a própria pandemia. E apontamos porque razão  são sem fundamento. 

1. A China criou o vírus para acelerar sua própria economia

A primeira e mais frequente teoria conspiratória corre solta entre bolsonaristas  e,  informava o UOL, a família de Bolsonaro nela crê.
Tanto que o presidente Jair Bolsonaro contrariando a tudo e a todos volta e meia lança vídeos ambíguos e com mensagens  utilizando a cadeia nacional.
Mais que isso, o fato de o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) nela acreditar  criou um incidente com o embaixador chinês no Brasil Yang Wanming, pois o filho do presidente acusou a China de ser culpada pela pandemia de SARS-COV-2.
A teoria é mais ampla. Ela diz que "toda vez que a China tem dificuldades de fechar suas contas"  surge uma doença que se espalha pelo mundo causando crise nos mercados globais e redução de preços de produtos vendidos pelos chineses.  Para essa teoria,  agora, a China teria criado esse vírus como a mais poderosa arma da guerra comercial que trava com os EUA.  

FALSO:  Artigo científico na Virological  (e aqui, reportagem em português ) — escrito por vários microbiologistas importantes que examinaram de perto o genoma da SARS-CoV-2. — conclui que este é um vírus genuinamente novo, e não há como ele ter sido projetado por humanos. A principal conclusão dos cientistas é que  o o vírus "não é uma construção de laboratório nem um vírus propositadamente manipulado".    Segundo esse estudo, realizado por investigadores científicas de universidades de Estados Unidos, Austrália e Reino Unido — publicado na revista Nature Medicine — o vírus é resultado de evolução natural, sem engenharia humana. 
Felizmente, os pesquisadores estão investigando também em velocidade recorde


2. China e Irã foram os mais afetados porque o vírus foi enviado pelos EUA.

Teoria conspiratória do lado contrário. Quem teria criado o vírus, afinal,  foram os Estados Unidos, como arma da guerra comercial que trava com a China.  Note que é o mesmo argumento!  Em 12 de março de 2020, um porta-voz da Chanceleria da China garantia no Twitter que militares americanos teriam sido responsáveis por levar o novo   SARS-CoV-2 ao território chinês. Sem apresentar prova nenhuma, Zhao Lijian, um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores chinês, disse que membros o próprio Exército dos EUA levou a pandemia à cidade de Wuhan, província onde a doença começou a se manifestar.

FALSO:  Os mesmos  artigos científicos  citado no item 1:   Nature Medicine (em inglês) e Virological  (em inglês) . 

3. "Alguém sai ganhando com esse coronavírus"

"Siga o dinheiro" é um frase querida nem só pelos investigadores de crimes financeiros, mas também pelos seguidores de conspirações.  Nessa teoria da conspiração parece crer o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e muitas pessoas em todo o mundo.
Os "ganhadores" são como sempre os mesmos:  os Bancos, a China, os EUA, o Irã, o sistema financeiro, o "Sistema", o "Mercado",   o PT, a Direita, os comunistas;  os islâmicos... ou os judeus, os Illuminatti, a Máfia, a máfia russa, a (esquecida) Yakuza, a Maçonaria, a CIA e até Belzebu em pessoa ... Quase todo mundo se  prestou  a uma teoria bem cavernosa quando o assunto foi o novo coronavírus.
FALSO:   Muitos poucos setores saem ganhando com a pandemia. "Trata-se de uma tragédia de proporções globais, uma situação sem vencedores. Os ativos financeiros perderam valor. Vemos, simultaneamente, uma crise provocada pela falta de demanda, já que as pessoas terão que se recolher, e o desabastecimento, porque a pandemia provoca estragos no mercado mundial que podem dificultar a importação de produtos", pondera o economista  Carlos Eduardo Young professor titular do Instituto de Economia da UFRJ.

4. CIA, Bill Gates e George Soros se mancomunaram para espalhar o novo coronavírus


O presidente do Senado das Filipinas Aquilino "Koko" Pimentel  também mergulhou nas teorias da conspiração, transmitindo um vídeo segundo o qual a epidemia foi propagada por uma associação maléfica entre  CIA, Bill Gates e George Soros, a fim de enfraquecer o  

Essa é uma das mais hilárias  histórias conspiratórias.

Mas mesmo que George Soros fosse acionista da WuXi AppTec Group, e Bill Gates também qual a relevância disso no contexto? Primeiro, a Ciência já demonstrou que o vírus tem marcas genômicas que provam não ter sido desenvolvido em qualquer laboratório. Essa WuXi App é empresa eque trabalha no desenvolvimento de dispositivos médicos e seu presidente é Ge Li, de acordo com o site da própria empresa.


5. George Soros, o multibilionário húngaro, é acionista de laboratório em Wuhan e maquinou a disseminação do novo coronavírus. 


  O gestor financeiro e filantropo  George Soros é sempre alvo de fake news e teorias da conspiração à esquerda e à direita. O megainvestidor é acusado desde comunista enrustido (o que quer que seja isso em se tratando de um bilionário) até antigo colaborador nazista. Agora é acusado de disseminar o novo coronavírus.

FALSO:  Isso já foi desmentido dezenas de vezes.  O Politifact, um site de verificação de informações, já desmentiu que George Soros fosse o dono do WuXi  onde alegadamente  "teria sido criada" a Covid-19.
Ver também a resposta 4. 

6. O coronavírus é uma invenção de Satanás.


Edir Macedo, chefe da IURD,  apareceu em vídeo  endossando a tese de um  médico  da Unifesp (que depois apagou seu vídeo) afirmando que haveria proveito  financeiro por trás da existência do coronavírus e, "na esteira do interesse econômico do qual sempre está Satanás".  

Depois, ele apagou esse vídeo (reproduzido aqui o primeiro na versão de outro canal  e reproduzido por seguidores:  aqui  e aqui)  e colocou outro. 
reafirmando   dizendo que as pessoas não devem temer o coronavírus, pois a doença seria uma prática de “Satanás” e devido ao medo elas ficam vulneráveis:

Mas em termos de origens infernais, ninguém  se compara ao  belga Leveilleur! Posto que você saiba  Le Veilleur significa, em francês,  "O  Vigia", vamos à história.

Primeiro, quem é ele?  Bem, é uma mistura  coacher motivacional  espiritualista que apela a Lúcifer, porém "não o encara como uma entidade negativa, ao contrário de Satanás". Monsieur  insiste vigorosamente em distinguir de Satanás de  Lúcifer. Entendeu?

Não! Nem eu.

Monsieur Leveilleur ainda se define como " um alertador  e despertador de consciências para  temas que "tocam no despertar espiritual, bem como no despertar da realidade do plano maquiavélico que preocupa a humanidade nestes tempos perturbado por forças materialistas." 

FALSO: Entendeu a correlação?  Nem eu. Não entendi nada. E não me faz diferença porque é mesmo uma teoria maluca.

Vamos às teorias de M. Leveilleur: "os que me seguem há alguns anos no Youtube  sabem que  sempre disse que o exército vai para as ruas quando o caos chegar, após o colapso sistêmico! Bem, eu ensino a você que esse colapso está chegando, mascarado por essa pandemia de falsa coroa! (corona)", arrosta o vidente, guru, sei lá o que M. Leveilleur é.

Depois dessa  a  explicação, Jim  elabora um plano em  sete etapas. Francamente, não  entendi nem as explicações nem o plano. Mas estou ansiosa em ver a sétima etapa, pois se trata de uma visão  porno-bíblica.  Portanto, mais nada a comentar.

AS LOUCURAS POSTADAS POR 
LEVEILLEUR, O GURU
BELGA DO FIM DO MUNDO 

7.  A doença causa um vômito preto, pois o vírus apodrece a gente por dentro?


Em 28 de janeiro, imagens de uma jovem mulher vomitando um líquido espesso e preto que muitos associaram  ao coronavírus começaram a se tornar virais nas redes sociais. No entanto, as imagens são de antes do início da pandemia.

FALSO: O jornal britânico Daily Star  publicou, ainda em um artigo publicado em 3 de dezembro de 2016 , o grande número de comentários gerados por este vídeo que afirmavam que era uma "possessão demoníaca" ou que estava "purgando sua alma".

O próprio Daily Star explicou  explicou que tudo indica que a jovem usava carvão ativado,  produto de origem vegetal conhecidíssimo no Brasil (pelo antigo nome comercial de Carbo Levedo) que tem a propriedade de aderir a toxinas e é frequentemente usado como desintoxicante, quando as pessoas têm muitos gases ou indigestão. 

8. Coronavírus foi criado para acelerar a agenda ID 2020?

O coronavírus teria sido criado para "apressar a implantação da ID 2020, organização criada pelos Illuminati, em Davos  2020" a fim de submeter todos os humanos à identidade digital. E a vacinação generalizada será a plataforma para alcançar a identidade digital".

FALSO:
Essa mixórdia mistura ideias de antivacinadores (anti-vaxxers) com outras teorias da conspiração. Os anti-vaxxers acreditam em diversas teorias da conspiração.   Na verdade o ID 2020 existe. Trata-se de um programa público-privado   incluindo empresas,  agências da ONU e agências da sociedade civil. É um programa que estuda a forma de melhor trabalhar as Identificações Digitais. Mas a turma conspiracionista acredita que "é um programa de identificação eletrônica que usa a vacinação generalizada como uma plataforma para identidade digital  digital biométrica portátil e persistente". 

9. Existe uma forma de fazer uma  vacina caseira contra o Covid-19?

Você pode receber em seu e-mail ou no WhatsApp um link para "fabricar" uma vacina caseira contra o coronavírus.

Embora o mais rápido desenvolvimento de vacina tenha demorado 5 anos, envolvendo centenas de pesquisadores, há quem acredite que seja possível uma vacina caseira para não "enriquecer as big pharma" -- a grande indústria farmacêutica.

Você recebe um título mais ou menos assim "Vacina: prepare a vacina em casa para você e sua família para evitar o Covid-19". O que pode acontecer é que um vírus de computador acesse todas as suas informações pessoais e bancárias.

10. Quem criou o coronavírus e o disseminou pelo mundo foi o setor sucroalcooleiro (do Brasil, ou dos EUA, ou da Tailândia ou  da Austrália, depende da fonte) para vender álcool-gel. 

A informação parece uma piada. Mas circulou inclusive nos meios universitários do Brasil

FALSO. Essa é daquelas risíveis. Por essa teoria, a agroindústria de açúcar e álcool  dos países citados , em união ou separadamente, teria inventado o vírus para vender bastante álcool-gel ("fortunas incalculáveis", diz a postagem naquele tom sem nenhuma informação e muita agitação) e para "enriquecer as famílias" que dominam o setor. É verdade que o setor de açúcar e álcool abriga famílias bem ricas, mas desde o início do ano 2000, pertence mesmo a grandes grupos. Como tudo o mais.  Economistas dizem que    o setor sucroalcooleiro  deve ser um dos grandes a sofrer perdas, em função da queda nos preços das commodities internacionalmente, em especial  no Brasil, onde o segmento de etanol tem paridade com os  preços de petróleo. 


11. A cocaína pode matar o coronavírus


O boato foi lançado inicialmente na Europa, por uma imagem falsamente captada de um  canal de notícias. Lê-se, em inglês, "a cocaína mata o coronavírus".

COVID-19 NÃO PODE SER CURADA
CHEIRANDO COCAÍNA NEM
BEBENDO ÁGUA SANITÁRIA 


FALSO: Embora os usuários possam ter se animado, com a intensa circulação da  notícia falsa, o Ministério da Saúde da França logo foi a público para desmentir. Não, cocaína não mata o coronavírus. 


12. Vinho (ou cachaça) matam o coronavírus


Essa estória, obviamente falsa na primeira leitura, diz que vinho tinto,   por seus taninos, matava o SARS-CoV-2. Variações do tema apontavam "cachaça, mas da boa" (pode rir) seria capaz de  liquidar o agente infeccioso.

FALSO.  Pode beber o quanto for e até injetar nas veias, mas, não! Bebidas alcoólicas  não impedirão que você pegue o vírus. Segundo a agência de notícias oficial Irna em notícia que li na BBC , 16 pessoas no Irã morreram de envenenamento depois de ingerir   metanol, o álcool que encontraram, uma vez que bebidas etílicas são proibidas no mundo islâmico. 
O jornal El País também divulgou que a Caipirinha surgiu como "remédio" na Gripe Espanhola de 1918,  informação do Instituto Brasileiro da Cachaça aponta que a invenção da bebida foi no Século 20,   no interior de São Paulo,   e exatamente em 1918. Com tradição  acadêmica bem mais sólida, o historiador e pai da  nossa etnografia Luís da Câmara Cascudo, em seu delicioso livro  Prelúdio da Cachaça  [CASCUDO, L. da C. Prelúdio da cachaça,  1967, Ed. Vida Doméstica] aponta que a caipirinha nasceu no interior de São Paulo,  precisamente em Piracicaba, nas festas dos fazendeiros, onde o coquetel substituía uísque e vinhos importados. Mas tudo no século XIX.  Como em outra obra, Cascudo fala

Tenho para mim que a tese da "invenção em 1918" só  foi importante em 2018, para "a caipirinha fazer 100 anos" e a indústria  e os políticos criarem suas campanhas, De fato em 2018, houve projeto para a caipirinha ser declarada patrimônio imaterial... não de São Paulo, onde surgiu, nem do Brasil que simboliza,  mas do Estado do Rio de Janeiro.

De qualquer forma, minha gente, nem o melhor Bordeaux nem cachaça,  ainda que de Salinas, MG podem matar o coronavírus.

CAIPIRINHA NÃO CURA COVID-19
E MUITO CERTAMENTE FOI 
INVENTADA AINDA NO SÉCULO XIX 

13. Nostradamus profetizou o coronavírus

As centúrias escritas por Nostradamus [Michel de Notre-Dame  1503-1566 ]  têm servido para tudo. Da profecia das guerras ao  assassinato de Kennedy, do 11 de setembro ao baixo desempenho de futebolistas, da bomba de Hiroshima a AIDS.




Isso não é exatamente uma teoria da conspiração, mas representa muito bem como as pessoas podem ser crédulas.

FALSO. Todas as profecias de Nostradamus foram escritas numa linguagem hiperbólica cheia de perífrases, antonomásias e alegorias e outras figuras de linguagem. Essa tenta, mas não chega perto do estilo Nostradamus. Além de ter um erro de grafia: ansiões, ao invés de anciãos, anciães ou anciões, qualquer uma vída, mas todas com "c" e não com "s" como é em espanhol.


Qual o problema de disseminar essas informações?
Pesquisas apontam  que as teorias da conspiração tendem a surgir em relação a momentos de crise,  como ataques terroristas, rápidas mudanças políticas, crises econômicas,  As teorias da conspiração florescem em períodos de incerteza e ameaça ,  quando procuramos dar sentido a um mundo caótico.

O historiador Lendro Karnal explica que em época de crise, as pessoas se abrem para profecias porque "desejam controlar a angústia do futuro. Existe, também, uma ansiedade por sentido. Tudo que der sentido, mesmo que conspiracionista, agrada às pessoa" — analisa ao mesmo tempo que  justifica  o comportamento de quem compartilha e acredita nas mais absurdas imagens  e textos sobre o SARS-Cov-2 e a Covid-19.

A disseminação de notícias falsas e teorias da conspiração em torno do coronavírus é um problema tão significativo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou uma página de “queimadores de mitos”  para tentar enfrentá-los.

Condições semelhantes ocorreram com o surto de 2015/16 do vírus Zika.  Pesquisadores mostraram que as teorias da conspiração médica têm o poder de aumentar a desconfiança nas autoridades médicas , o que pode afetar a disposição das pessoas de se protegerem.

Mas o que tem de ocorrer é o contrário: a confiança nas recomendações dos profissionais e organizações de saúde é um recurso importante para lidar com uma crise de saúde.

As pessoas que apóiam as teorias da conspiração médica são menos propensas a serem vacinadas ou usar antibióticos e são mais propensas a tomar suplementos de ervas ou vitaminas ou um "coquetel de nulidades".  Além disso,  são as que  confiam mais  conselhos de saúde de não profissionais, como amigos e familiares, gurus, iogues, espiritualistas.

Impostores — Nessas plataformas da internet,  os conspiracionistas são pessoas que se dizem "cientistas", "filósofos", "professores", "pensadores", "mestres".  Porém  na chamada vida real são meros gurus obcecados, não possuindo  qualquer qualificação acadêmica para usarem tais títulos. Muito dificilmente  -- e até arriscamos dizer nunca --  você encontrará alguém com altos estudos, formado por instituição reconhecida.  E mesmo assim há muita gente que não só acredita fielmente neles  como  os ajuda a disseminar as tais parvoíces.

Reinterpretação — Nenhum argumento racional os fazem pensar.  Se você for argumentar, é tachado de "ingênuo", torna-se "iludido da mídia vendida",  está do lado da "Nova Ordem Mundial",  que a a "teoria da conspiração eixa de ser teoria quando centenas de 'coincidências' se encaixam".

Você jamais fará sua racionalidade ser ouvida. Isso porque todas as teorias de conspiração trabalham com o "raciocínio circular", isto é: tanto  as evidências contra a conspiração quanto a ausência de evidências são reinterpretadas como comprovação de sua verdade".

Efeito colateral — Existe ainda outro aspecto  das teorias de conspiração.   Mal-intencionados da ciberesfera (hackers mesmo) sabem que é irresistível ao ser humano tomar conhecimento  notas  escabrosas ou apocalípticas.  Modernamente, a gente tem que dar um clique, seja para criticar seja para elogiar. Então é justamente neste tipo de notas que eles plantam cavalos-de-troia  a fim de espalhar atividades maliciosas.

Esses malfeitores contam com o fato de que a maioria dos seres humanos adora uma "história obscura que só ela sabe". E clicando naquela notícia, crash!, lá vão  malware e pishing.

Mas é só se aperceber do tom, dos matizes e da fonte da informação que qualquer pessoa medianamente informada — e que tenham "o tico e o teco" interligados   —  pode descartar tais  informes.

Em suma,  as teorias conspiracionistas prosperam muito mais na era da  pós verdade. Essa é a era   do engano e da mentira, mas a novidade associada a esse  palavra reside  na popularização de crenças falsas e na facilidade para fazer com que os boatos prosperem. O que é o mais lastimável que pode acontecer. Os historiadores e cientistas sociais que lidam com a realidade objetiva apelam para que a sociedade  não se deixe enganar.

"É justificável que os cidadãos tenham  , mas, em vez de canalizar estas preocupações de forma eficaz para que haja mais transparência e eficiência, alguns preferem acreditar em histórias de fantasia — analisa o escritor e historiador americano Mitch Horowitz.


Fontes de informação com links no corpo da matéria 



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