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Médica adverte que jovens saudáveis também podem ter Covid-19 grave

Robert Siqueira / Jornal da USP   A pandemia do novo coronavírus ainda tem muitas perguntas sem respostas. No começo, muitos acreditavam que só pessoas idosas ou com doenças crônicas poderiam ter os sintomas mais grave da doença. 

Hoje, a realidade se mostra diferente. Pessoas jovens e sem nenhuma comorbidade, ou seja, fora do chamado grupo de risco, também tiveram a Covid-19 mais severa e até mesmo faleceram.

A intensivista e chefe da UTI de Covid-19 do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, Maria Auxiliadora Martins, diz que a forma grave da doença acontece mais em pacientes com comorbidades, “o que não significa que pacientes sem fator de risco não vão desenvolver” a doença. 

A médica admite que o motivo ainda é desconhecido, mas que existem hipóteses, como a questão do tipo sanguíneo. “Tem estudos mostrando que há uma predisposição do paciente tipo A ter a forma mais grave, com relação ao paciente de tipo O.”

Como uma das medidas mais efetivas de prevenção ao novo coronavírus, o isolamento social também pode ter efeito colateral. Com as pessoas em casa, a prática de atividades físicas e até mesmo a alimentação ficam comprometidas. 

Por isso, Maria Auxiliadora alerta para o aumento da obesidade como “um fator de risco muito presente nos pacientes com a manifestação mais grave da doença”. 

A obesidade como complicador da Covid-19 é condição anterior à pandemia, já que “o sedentarismo e a má alimentação estão ligados a doenças cardiovasculares e neurológicas”, completa a médica.

Por ser uma doença recente, teorias que supostamente explicam o motivo dos jovens terem a forma grave da Covid-19 acabam surgindo. Uma delas é a possibilidade de o paciente já ter tido contato com outro coronavírus, o que prejudicaria sua resposta imunológica.

Para Maria Auxiliadora, caso isso acontecesse, o efeito seria o inverso e “o paciente até poderia ter algum anticorpo com atividade contra o novo vírus”.

A médica ainda afirma que os jovens, por se sentirem fora de perigo, “ficam tranquilos, se aglomerando e deixando de se cuidar”. Mas ela destaca que, além de se protegerem, os jovens precisam pensar que estão prevenindo que outras pessoas adoeçam.

“Ele vai colocar pessoas que têm comorbidades e mais chances de ter a forma grave da doença em risco.” Para ela, em um momento como este, é preciso empatia. “É uma conscientização que a população tem que ter. A prevenção é para todos.”





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