Ludmilla Souza | Agência Brasil Um fóssil de inseto voador foi encontrado na Formação do Crato, na Bacia do Araripe, no sul do estado do Ceará. Considerado raro pelos pesquisadores, esse é o segundo fóssil de adulto da família Oligoneuriidae a ser catalogado no mundo.
A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Regional do Cariri (URCA) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Regional do Cariri (URCA) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
O artigo que descreve o achado foi publicado na PLOS One, revista científica de acesso livre disponível apenas online, publicada pela Public Library of Science. Assinam o artigo Arianny P. Storari, Taissa Rodrigues, Antônio Á. F. Saraiva e Frederico F. Salles.
O fóssil é da ordem Ephemeroptera — insetos conhecidos como "efêmeras" porque vivem pouco em sua vida adulta, às vezes minutos. Durante a fase larval, as efêmeras são aquáticas.
Ele foi coletado no município de Nova Olinda por uma equipe de paleontólogos da Universidade Regional do Cariri.
Os pesquisadores acreditam que as informações obtidas por meio da análise desses insetos podem ajudá-los a conhecer o ambiente em que essa espécie viveu e até os estresses climáticos que essas espécies podem ter experimentado, principalmente suas larvas aquáticas.
“No caso desse trabalho, conseguimos entender muito mais da evolução desse grupo específico de insetos, por exemplo, como suas características anatômicas se modificaram ao longo do tempo, ou desde quando o grupo existe, explicou a primeira autora do estudo Arianny Pimentel Storari, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da UFES.
"Em trabalhos onde usamos os fósseis para entender o ambiente pretérito, podemos chegar a conclusões até sobre o clima no passado, dependendo da análise feita. Ao ter dados históricos sobre o clima pretérito, podemos compreender tendências futuras”, acrescentou a bióloga faz parte do Laboratório de Paleontologia da UFES e tem experiência em insetos aquáticos fósseis e viventes.
Segundo os pesquisadores, muitos representantes do grupo das efêmeras podem ser considerados importantes bioindicadores de qualidade da água, já que são sensíveis às variações do meio onde vivem.
Trata-se de um inseto adulto que representa, além de uma nova espécie, um novo gênero e uma nova subfamília, dadas suas peculiaridades.A rocha onde o fóssil foi encontrado é datada do Cretáceo Inferior, entre 113 e 125 milhões de anos atrás, quando a África e a América do Sul ainda estavam se separando.
O fóssil, que foi incluído na família Oligoneuriidae, foi nomeado Incogemina nubila, que significa geminação incompleta em latim, referente ao padrão das veias de suas asas. O termo nubila significa nublado, dada a coloração acinzentada do calcário em que o fóssil se preservou.
Segundo o entomólogo Frederico Salles, a distribuição das veias das asas de Incogemina combina um padrão no qual algumas veias longitudinais tendem a se juntar, como na maioria dos representantes da família Oligoneuriidae, com um padrão ancestral, típico das demais efêmeras. “Essa é principal característica que faz essa nova espécie ser única."
Os fósseis dessa ordem de insetos aquáticos são abundantes na Formação Crato, porém aqueles da família Oligoneuriidae, em particular, são muito raros.
É o segundo fóssil da espécie encontrado no mundo |
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