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Jornal da USP
É notável o aumento da participação de pesquisadores, médicos e acadêmicos na divulgação da ciência e no combate às fake news no decorrer da pandemia, tanto pelos meios tradicionais de comunicação (servindo como fontes de informações confiáveis para a imprensa, por exemplo), quanto por iniciativas pessoais nas redes sociais.
A negligência no combate à pandemia, a negação das vacinas e a insistência na promoção de tratamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19 suscitaram um verdadeiro levante de pesquisadores e entidades científicas contra a praga da desinformação que se alastra com consequências cada vez mais nefastas pelas mídias digitais.
“A ciência está sendo demolida dia após dia no Brasil”, desabafa Rafael Junior. “Cada dia que a gente tolera isso, mais vidas são perdidas sem necessidade.”
O negacionismo científico e obscurantismo intelectual do governo federal tiveram ao menos um efeito colateral positivo: um despertar da comunidade científica para a importância da comunicação com a sociedade.
É notável o aumento da participação de pesquisadores, médicos e acadêmicos na divulgação da ciência e no combate às fake news no decorrer da pandemia, tanto pelos meios tradicionais de comunicação (servindo como fontes de informações confiáveis para a imprensa, por exemplo), quanto por iniciativas pessoais nas redes sociais.
A negligência no combate à pandemia, a negação das vacinas e a insistência na promoção de tratamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19 suscitaram um verdadeiro levante de pesquisadores e entidades científicas contra a praga da desinformação que se alastra com consequências cada vez mais nefastas pelas mídias digitais.
Na ausência de uma campanha oficial de esclarecimento e incentivo à vacinação por parte das autoridades, diversas universidades, organizações e entidades médico-científicos lançaram campanhas próprias sobre o tema nesta semana — num embate semelhante ao que já vem sendo travado desde 2019 na área ambiental, frente à negação sistemática de dados científicos sobre desmatamento e queimadas por parte do governo federal.
“A defesa das vacinas é o nosso último front. Se não conseguirmos convencer as pessoas de que as vacinas são seguras e que elas precisam se vacinar, vai ficar muito difícil defender qualquer coisa com base na ciência daqui pra frente”, diz o analista de comunicação João Henrique Rafael Junior, membro da União Pró-Vacina (UPVacina), da USP Ribeirão Preto, e um dos organizadores da campanha Todos Pelas Vacinas.
Num esforço colaborativo que reúne mais de 20 entidades da comunidade científica e acadêmica, a campanha oferece diversos arquivos de vídeo, áudio e ilustrações sobre vacinas para serem compartilhadas nas redes sociais com a hashtag #todospelasvacinas. Várias celebridades aderiram à iniciativa, incluindo o cantor de funk MC Fioti, cujo hit Bum Bum Tam Tam acabou virando trilha sonora da vacina Coronavac, do Instituto Buntantan.
“A defesa das vacinas é o nosso último front. Se não conseguirmos convencer as pessoas de que as vacinas são seguras e que elas precisam se vacinar, vai ficar muito difícil defender qualquer coisa com base na ciência daqui pra frente”, diz o analista de comunicação João Henrique Rafael Junior, membro da União Pró-Vacina (UPVacina), da USP Ribeirão Preto, e um dos organizadores da campanha Todos Pelas Vacinas.
Num esforço colaborativo que reúne mais de 20 entidades da comunidade científica e acadêmica, a campanha oferece diversos arquivos de vídeo, áudio e ilustrações sobre vacinas para serem compartilhadas nas redes sociais com a hashtag #todospelasvacinas. Várias celebridades aderiram à iniciativa, incluindo o cantor de funk MC Fioti, cujo hit Bum Bum Tam Tam acabou virando trilha sonora da vacina Coronavac, do Instituto Buntantan.
“A ciência está sendo demolida dia após dia no Brasil”, desabafa Rafael Junior. “Cada dia que a gente tolera isso, mais vidas são perdidas sem necessidade.”
A boa notícia, segundo ele, é que a resposta à campanha nesses primeiros dias foi extremamente positiva.
“Estamos muito longe de cantar vitória, mas é um projeto que mostra a capacidade de mobilização da comunidade científica. Isso traz um pouco de esperança”, diz. A USP, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e outras entidades também lançaram campanhas em defesa das vacinas nos últimos dias, buscando disseminar informações confiáveis e mensagens positivas para a população.
A maior parte desse esforço está direcionado para as redes sociais, que é por onde transita a maior parte das mentiras, distorções e teorias conspiratórias em geral. Assim como já fazem os políticos, cada vez mais pesquisadores estão aprendendo a usar essas plataformas como um canal direto de comunicação com a sociedade, aproveitando-se do dinamismo e da capilaridade delas para desfazer mitos e disseminar informações de qualidade para a população, em sincronia com o noticiário.
O médico e advogado Daniel Dourado é um exemplo disso. Apesar de ter uma conta no Twitter desde julho 2009, até o início do ano passado ele só usava a plataforma para ler notícias e comentários ligados à sua área de pesquisa (direito sanitário e políticas de saúde). Não postava quase nada e raramente interagia com alguém na rede. Quando a pandemia chegou ao Brasil, porém, ele começou a usar o Twitter para divulgar estudos científicos que estavam saindo sobre o tema; e a atenção que as postagens receberam o surpreendeu.
“Percebi que as pessoas estavam totalmente desorientadas, com uma fome enorme de conhecimento”, conta Dourado, que é pesquisador associado do Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da USP e atualmente faz doutorado na Universidade de Paris.
A maior parte desse esforço está direcionado para as redes sociais, que é por onde transita a maior parte das mentiras, distorções e teorias conspiratórias em geral. Assim como já fazem os políticos, cada vez mais pesquisadores estão aprendendo a usar essas plataformas como um canal direto de comunicação com a sociedade, aproveitando-se do dinamismo e da capilaridade delas para desfazer mitos e disseminar informações de qualidade para a população, em sincronia com o noticiário.
O médico e advogado Daniel Dourado é um exemplo disso. Apesar de ter uma conta no Twitter desde julho 2009, até o início do ano passado ele só usava a plataforma para ler notícias e comentários ligados à sua área de pesquisa (direito sanitário e políticas de saúde). Não postava quase nada e raramente interagia com alguém na rede. Quando a pandemia chegou ao Brasil, porém, ele começou a usar o Twitter para divulgar estudos científicos que estavam saindo sobre o tema; e a atenção que as postagens receberam o surpreendeu.
“Percebi que as pessoas estavam totalmente desorientadas, com uma fome enorme de conhecimento”, conta Dourado, que é pesquisador associado do Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da USP e atualmente faz doutorado na Universidade de Paris.
Estimulado pelo feedback que estava recebendo, ele começou a tuitar também sobre outros assuntos ligados à pandemia, e sua audiência cresceu. Em maio de 2020, juntou-se a outros pesquisadores para formar o Infovid, um grupo de especialistas dedicado à divulgação de informações científicas verdadeiras sobre a covid-19, num esforço capitaneado pelo professor Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina da USP (que também se tornou uma voz influente no Twitter).
“Acho que muita gente pensou como eu e começou a usar mais as redes a partir daí”, afirma Dourado, que agora tem mais de 60 mil seguidores no Twitter.
“A gente recebe muito xingamento, muitas ameaças, mas também muitos agradecimentos. Faz parte do meu trabalho divulgar para a sociedade o conhecimento que ela me paga para produzir."
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