Defensor do criacionismo faz afirmação irresponsável que coloca em risco vida das pessoas
PAULO LOPES
PAULO LOPES
jornalista
Em áudio de 6min45s que enviou para um grupo do WhatsApp, Marcos Eberlin, 61, presidente da Sociedade Brasileira de Design Inteligente, cometeu a irresponsabilidade de afirmar que as vacinas contra a Covid-19 são perigosas, e não as recomenda para jovens.
Ele é conhecido por seus trabalhos em bioquímica, mas não entende nada de vacinas. É o mais famoso brasileiro defensor do design inteligente, que é uma espécie de "criacionismo científico", um paradoxo.
Eberlin endossou, no áudio, a fake news disseminada por fanáticos religiosos segundo a qual determinadas vacinas alteram o DNA, o que, segundo o presidente Bolsonaro, pode transformar uma pessoa em jacaré.
“A AstraZeneca, de Oxford, e a Sputnik, da Rússia, são as piores, as mais arriscadas, porque usam um adenovírus que carrega uma informação genética para dentro da célula, para dentro do núcleo do DNA, e [isso] vai editar o DNA.” Afirma que a CoronaVac é menos perigosa por ser feita com vírus inativado.
“[Com a CoronaVac], há um risco de você estar sendo infectado pelo vírus, mas não é tão terrível. O máximo que vai acontecer é que você vai ter Covid, e sua informação genética pelo menos não foi editada”.
“Os mais idosos e com comorbidade vale a pena arriscar, porque o risco de pegar a coronavirus é muito grande. Quanto mais jovem, inverte. Se você é jovem, é saudável, não imagina desenvolver sintomas mais graves, não vale a pena tomar. Quanto mais jovem e saudável, menos indicado tomar a vacina.”
A AstraZeneca/Oxford é a vacina que a Fiocruz vai produzir para imunir grande parte da população. Um lote importado da Índia do imunizante está sendo aplicado aos brasileiros. A CoronaVac já está sendo produzido pelo Butantan e a Sputnik poderá ser aprovada pela Anvisa.
O que Eberlin reproduz não tem qualquer fundamento científico, porque as vacinas mantêm o DNA inalterado. A conduta dele é criminosa porque não apresentou qualquer evidência científica.
Para o criacionista, só a vacina da Pfizer seria segura porque “ela não fica na sua célula”.
Questionado pelo jornalista Fábio Zanini, da Folha e do blog Saida pela Direita, Eberlin baixou o tom, afirmando que não é um antivacina, “mas a gente não pode negar à população que há riscos envolvidos”.
Disse que suas afirmações do áudio foram feitas após ele ter conversado com dois virologistas, mas não citou o nome de nenhum deles.
O presidente da SBQ (Sociedade Brasileira de Química), Romeu Cardozo Rocha Filho, repudiou a pregação de Eberlin.
Em nota, afirmou que Erbelin fez "declarações infundadas e antiéticas, sem o compromisso com a evidência científica, e emitidas por alguém que nunca trabalhou com vacinas ou áreas afins”.
“As vacinas são desenvolvidas e produzidas a partir de estudos científicos realizados por pesquisadores das ciências biológicas e da saúde, demandando conhecimento científico especializado.”
“A disseminação de declarações facciosas, unilaterais e destrutivas podem causar a morte de pessoas.”
• Universidade de Mato Grosso do Sul volta a servir de púlpito para criacionistas
Ele é conhecido por seus trabalhos em bioquímica, mas não entende nada de vacinas. É o mais famoso brasileiro defensor do design inteligente, que é uma espécie de "criacionismo científico", um paradoxo.
Eberlin endossou, no áudio, a fake news disseminada por fanáticos religiosos segundo a qual determinadas vacinas alteram o DNA, o que, segundo o presidente Bolsonaro, pode transformar uma pessoa em jacaré.
“A AstraZeneca, de Oxford, e a Sputnik, da Rússia, são as piores, as mais arriscadas, porque usam um adenovírus que carrega uma informação genética para dentro da célula, para dentro do núcleo do DNA, e [isso] vai editar o DNA.” Afirma que a CoronaVac é menos perigosa por ser feita com vírus inativado.
“[Com a CoronaVac], há um risco de você estar sendo infectado pelo vírus, mas não é tão terrível. O máximo que vai acontecer é que você vai ter Covid, e sua informação genética pelo menos não foi editada”.
Tem gente que crê nas besteiras que Erbelin |
Eberlin admite que as vacinas podem funcionar muito bem, mas como ainda assim “são arriscadas”. Por isso, recomenda que somente os idosos se imunizem, porque serem do grupo de risco.
“Os mais idosos e com comorbidade vale a pena arriscar, porque o risco de pegar a coronavirus é muito grande. Quanto mais jovem, inverte. Se você é jovem, é saudável, não imagina desenvolver sintomas mais graves, não vale a pena tomar. Quanto mais jovem e saudável, menos indicado tomar a vacina.”
A AstraZeneca/Oxford é a vacina que a Fiocruz vai produzir para imunir grande parte da população. Um lote importado da Índia do imunizante está sendo aplicado aos brasileiros. A CoronaVac já está sendo produzido pelo Butantan e a Sputnik poderá ser aprovada pela Anvisa.
O que Eberlin reproduz não tem qualquer fundamento científico, porque as vacinas mantêm o DNA inalterado. A conduta dele é criminosa porque não apresentou qualquer evidência científica.
Para o criacionista, só a vacina da Pfizer seria segura porque “ela não fica na sua célula”.
Questionado pelo jornalista Fábio Zanini, da Folha e do blog Saida pela Direita, Eberlin baixou o tom, afirmando que não é um antivacina, “mas a gente não pode negar à população que há riscos envolvidos”.
Disse que suas afirmações do áudio foram feitas após ele ter conversado com dois virologistas, mas não citou o nome de nenhum deles.
O presidente da SBQ (Sociedade Brasileira de Química), Romeu Cardozo Rocha Filho, repudiou a pregação de Eberlin.
Em nota, afirmou que Erbelin fez "declarações infundadas e antiéticas, sem o compromisso com a evidência científica, e emitidas por alguém que nunca trabalhou com vacinas ou áreas afins”.
“As vacinas são desenvolvidas e produzidas a partir de estudos científicos realizados por pesquisadores das ciências biológicas e da saúde, demandando conhecimento científico especializado.”
“A disseminação de declarações facciosas, unilaterais e destrutivas podem causar a morte de pessoas.”
Comentários
Consequência desse enaltecimento da tal "liberdade de crença (no sentido fé)", "liberdade de opinião" (como algo estupendo). O povinho dos "Direitos" Humanos erra grotescamente nesse enaltecimento da fé, da opinião. Deveria deixar bem claro que crença, no sentido fé, é a ÚLTIMA liberdade, e que opinião é mera opinião, nunca confundir com fatos.
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