PAULO LOPES Os desvairos do presidente Jair Bolsonaro são mais do que suficientes para reunir ateus, humanistas e livres-pensadores em defesa da vida, do Estado laico e da democracia.
Na época, fiquei impressionado com tão elevado índice porque, afinal, Bolsonaro, com o slogan “Deus acima de todos”, nunca escondeu a intenção de detonar a laicidade do Estado brasileiro — e é o que ele tem feito.
O meu espanto se deveu também ao fato de os ateus no Brasil, como em outros países, serem pessoas com formação escolar acima da média da sociedade e com poder aquisitivo idem. São pessoas esclarecidas, em tese.
Não se pode dizer que a tal porcentagem de ateus não sabia que Bolsonaro é um escroto, um estúpido, defensor da tortura, machista e misógino.
Diante da Covid-19 amontoando corpos em hospitais, digo que Bolsonaro é um monstro.
Peço desculpas a Hannah Arendt por desprover alguém de humanidade, mas trata-se de minha revolta diante da falta de empatia de Bolsonaro com uma população que sofre com a morte de mãe, pai, filhos e amigos. O presidente zomba dos mortos e de seus familiares. É crueldade.
Volto aos ateus. Lembro que, na rede social, até militantes do ateísmo com certa representatividade declararam que ia votar no Bolsonaro para não ter de apoiar o candidato petista, Fernando Haddad. Mas é o voto em branco? O nulo?
O fato é que os ateus bolsonaristas agora se calaram e certamente estão arrependidos, se tiverem um mínimo de decência, como se supõe estar ocorrendo com outros eleitores. Autocrítica, ninguém faz, ao menos em público. Esse é um dos males do pensamento político brasileiro.
Jovens ateus brasileiros agitaram as redes sociais há uns cinco anos, ecoando pensadores como Richard Dawkins e Christopher Hitchens, que se tornaram militantes do ateísmo após a derrubada das Torres Gêmeas em nome de Alá.
Esses jovens ateus passaram a atacar firmemente religiões e líderes religiosos, como nunca houve na história recente do país. Em um país extremamente religioso, eles exerceram a liberdade de expressão de criticar os credos religiosos. Houve estranhamento de parte da sociedade.
Mas o que parecia ser um movimento com potencial para adquirir consistência se mostrou ser uma bolha.
Ainda se pode ver na rede social resquícios dessa bolha: memes óbvios, retórica pobre e esforço para converter ao ateísmo quem já é ateu. Desperdício de energia.
Mas onde estão essas pessoas? Seriam todos bolsonaristas? Não são, quero crer. Mas parte dos ateus já foi ou ainda é.
O Datafolha informou em agosto de 2018 que, do total dos ateus, 26% deles manifestaram intenção de voto em Jair Bolsonro para presidente.
Na época, fiquei impressionado com tão elevado índice porque, afinal, Bolsonaro, com o slogan “Deus acima de todos”, nunca escondeu a intenção de detonar a laicidade do Estado brasileiro — e é o que ele tem feito.
O meu espanto se deveu também ao fato de os ateus no Brasil, como em outros países, serem pessoas com formação escolar acima da média da sociedade e com poder aquisitivo idem. São pessoas esclarecidas, em tese.
Não se pode dizer que a tal porcentagem de ateus não sabia que Bolsonaro é um escroto, um estúpido, defensor da tortura, machista e misógino.
Diante da Covid-19 amontoando corpos em hospitais, digo que Bolsonaro é um monstro.
Peço desculpas a Hannah Arendt por desprover alguém de humanidade, mas trata-se de minha revolta diante da falta de empatia de Bolsonaro com uma população que sofre com a morte de mãe, pai, filhos e amigos. O presidente zomba dos mortos e de seus familiares. É crueldade.
Volto aos ateus. Lembro que, na rede social, até militantes do ateísmo com certa representatividade declararam que ia votar no Bolsonaro para não ter de apoiar o candidato petista, Fernando Haddad. Mas é o voto em branco? O nulo?
O fato é que os ateus bolsonaristas agora se calaram e certamente estão arrependidos, se tiverem um mínimo de decência, como se supõe estar ocorrendo com outros eleitores. Autocrítica, ninguém faz, ao menos em público. Esse é um dos males do pensamento político brasileiro.
Jovens ateus brasileiros agitaram as redes sociais há uns cinco anos, ecoando pensadores como Richard Dawkins e Christopher Hitchens, que se tornaram militantes do ateísmo após a derrubada das Torres Gêmeas em nome de Alá.
Esses jovens ateus passaram a atacar firmemente religiões e líderes religiosos, como nunca houve na história recente do país. Em um país extremamente religioso, eles exerceram a liberdade de expressão de criticar os credos religiosos. Houve estranhamento de parte da sociedade.
Mas o que parecia ser um movimento com potencial para adquirir consistência se mostrou ser uma bolha.
Ainda se pode ver na rede social resquícios dessa bolha: memes óbvios, retórica pobre e esforço para converter ao ateísmo quem já é ateu. Desperdício de energia.
Ninguém pode querer converter alguém ao ateísmo porque não se trata de uma religião (no meu entendimento; o assunto é polêmico).
O certo seria estimular os "crentes" a questionarem o uso de divindades na imposição de valores e comportamentos, além da coleta do dízimo de uma população pobre.
De qualquer forma, reagir ao bolsonarismo deveria ser um ato cívico de todos nós. E os ateus poderiam aproveitar a oportunidade para se atircularem. Até porque os ataques ao Estado laico vão continuar e eles tendem a ser cada vez mais devastador.
Comentários
Se teve prova por cientistas, tem que ter estudo comprovando. O que é afirmado sem provas pode ser desconsiderado sem provas.
O que se pode diser muitas vezes, é que OS LÍDERES podem nem crer, ou o comum de crer em OUTRA religião ou fé ("energias", ideal político etc) e utilizar o povo como massa de manobra no que é de longe o mais comum em manipular: RELIGIÃO, Deus e afins. Mas não só isso, a base vital é a "vida após a morte" para dar AQUELA força. Sem ela fica mais difícil.
"Mas o que eu ganharia em lutar tanto, continuar na pobreza e morrer?"
"Caro fiel de Deus, VOCÊ CUMPRINDO os ideais corretos, terá a vida ETERNA boa! O que são anos, mesmo muitos, de sofrimento aqui em comparação com a eternidade? E também faz parte dos planos de Deus, e com ele não se discute, se cumpre. Você sendo fiel SERÁ recompensado. Nunca custa lembrar que ao violar as regras divinas, o Inferno, local de eterno sofrimento, te aguarda... "
"E aquele pastor, bispo etc que vivem numa boa, e fiquei sabendo em estorquir os fiéis?"
"Ah, mas lembre-se que é temporário. Essa vida é apenas uma passagem. Eles se iludem em achar que vivem bem. No fundo sofrem por dentro, por irem contra Deus, nem se dando em falhar de seguir a Palavra. E pior, quando morrerem, vão direto ao Inferno para a etenidade sofrerem."
Lógico que há adendos. Como "aquele pastor rico cheio de vícios, veja o que ocorre em ir contra Deus" etc para manipular. O "além" com variantes de recompensas, como no Islã e o Paraíso de 72 virgens...
Quer poder maior que esse da "vida após a morte"? E a lógica de punição ou recompensa? Deus seria o grande controlador, mas o poder manipulativo mesmo é haver esse ideal INSANO da vida após a morte. Deus (ou deuses) e vida após a morte se completam.
Não entrando em outro tipo de "vida após a morte com reencarnação", de relação "causa - consequência" etc para outras formas de manipulação.
Sergio Viula
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