O SARS-CoV-2 não
apenas entra pela boca e dela sai. Ele se aloja nas gengivas. Foi o que detectaram, pela primeira vez, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).Assim, foi captada a presença do novo coronavírus no tecido periodontal de pacientes com Covid-19 que faleceram por causa da infecção.
Durante um procedimento de autópsia minimamente invasiva, eles realizaram biópsias de pacientes diagnosticados com Covid-19 que morreram no Hospital das Clínicas da FMUSP e observaram, por meio de análises por RT-PCR (detecção de sequências únicas de RNA viral), histopatológicas, a presença do novo coronavírus nas gengivas.
Autópsia perigosa
Para o estudo detalhado, é necessário fazer uma autópsia do cadáver, mas os riscos de contaminação ao abrirem o corpo da pessoa que faleceu por conta de Covid-19 são altíssimos, visto o contato com diversas secreções.
Por essa razão, as autópsias em pacientes com Covid-19 são feitas na Plataforma de Imagem na Sala de Autópsia (Pisa), que fica na FMUSP, onde está instalado o único equipamento de Ressonância Magnética (RM) de ultra alto-campo da América Latina e outros equipamentos de alta precisão.
A Pisa utiliza método menos invasivo, e muito mais seguro do que a autópsia tradicional, que foi desenvolvido entre 2016 e 2017 durante o surto de Febre Amarela: o corpo já vem embalado no saco plástico, com local para incisão de pequenas agulhas, procurado perfurar o mínimo possível ao retirar tecidos para análise.
Coronavírus na saliva
Os resultados do estudo da presença o noco coronavírus nas gengivas teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) foram publicados no Journal of Oral Microbiology.
As descobertas contribuem para desvendar uma das possíveis fontes do novo coronavírus na saliva de pacientes com COVID-19, sublinham os autores do estudo.
HSV + EBV + HCMV + SARS-CoV-2
Antes do surgimento do SARS-CoV-2, outros poucos vírus — como da herpes simples (HSV), o Eptein-Barr (EBV) e o citomegalovírus humano (HCMV) — já haviam sido detectados em tecidos gengivais.
As possíveis fontes de infecção podem ser as células epiteliais da gengiva, expostas à cavidade oral, e a migração desses vírus pela corrente sanguínea.
Em razão da alta infecciosidade do SARS-CoV-2 em comparação com outros vírus respiratórios, os pesquisadores levantaram a hipótese de que o novo coronavírus poderia se replicar já na cavidade bucal e, dessa forma, aparecer na saliva.
Com Agência Fapesp e Journal of Oral Microbiology
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